sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

50 tons de vermelho nas crises cambiais

Levou menos de um mês para os mercados de câmbio aprontarem a primeira surpresa de 2014. Se as resposta de alguns bancos centrais – maxidesvalorização na Argentina, choque de juros na Turquia, as “rações” de dólares ao mercado que o BC brasileiro vem fornecendo há algum tempo – lembram algumas grandes crises do passado, o contexto global atual é tão distinto, e as diferenças entre os países tão grandes a ponto de tornar impossível usar a história como mapa para o futuro.

O resto do texto está no Estadão.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Frases do Dia - os desastres do século XX

The great economist and Nobel laureate James Meade used to complain that the three great disasters of the twentieth century were the "infernal" combustion engine, the population explosion, and the Nobel prize in economics.

Citado por Angus Deaton no ótimo The Great Escape.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Som da Sexta - Black Joe Lewis

Pra animar a festa no apê.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Duke Ellington, CEO

Desse ótimo artigo de Adam Gopnik sobre Duke e os Beatles:

Ellington's ear, his energy, his organizational abilities, the sureness of his decisions are a case study for management school. (Consider the way he fired Charles Mingus for fighting with Tizol, fondly but with no appeal: "I'm afraid, Charles - I've never fired anybody - you'll have to quit my band. I don't need any new problems. Juan's an old problem... I must ask you to be kind enough to give me your notice.") These are not ordinary or secondary gifts. They were the essence of his genius. Ellington had an idea of a certain kind of jazz: tonal, atmospheric, blues-based but elegant. He took what he needed to realize the ideal he had invented. The tunes may have begun with his sidemen; the music was his. This is not a secondary form of originality, which needs a postmodern apologia, in which "curating" is another kind of "creating." It is the original kind of originality.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Drunkeynesian Awards 2013

Atrasado, mas (acho que) ainda a tempo de manter a "tradição":

Notícia mais importante do ano: a decisão da China de flexibilizar a política de filho único

Troféu "calça de veludo ou bunda de fora": Eike Batista, claro (ainda que esteja longe de ter ficado pobre como pessoa física)

Troféu Paracelso: Arno Augustin, o homem do método das partidas triplicadas (a cada débito podem corresponder um ou mais créditos)

Troféu Pirro, para o vencedor da guerra cambial: Irã, que desvalorizou a moeda em mais de 50% ao longo do ano

Troféu Judas no Sábado de Aleluia: Malcolm Gladwell, malhado como nunca pelo seu David and Goliath 

Treta intelectual do ano: Amartya Sen x Jagdish Bhagwati sobre a Índia

Cefalópode do Ano: o polvão do NROL-39

Ideia econômica do ano (micro): distribuição direta de dinheiro para pessoas (por governos, ONGs, etc)

Ideia econômica do ano (macro): o forward guidance de Michael Woodford

Ideia econômica do ano passado, requentada pelo Larry Summers: a "grande estagnação" do mundo desenvolvido - até onde sei, o papo começou com esse paper de Robert Gordon

Troféu "Muito Barulho por Nada": Chipre, que na cabeça de alguns analistas (este incluído, em alguma medida) começaria a afundar o euro. A história recente da Europa tem sido um oceano de água gelada na cabeça dos que gostam de fazer previsões catastróficas (novamente me incluo aqui)

Factóide do ano: a "inflação do tomate". Podia ser também o "caráter transformador das manifestações de junho", mas não quero comprar essa briga (ops...)

Descoberta arqueológica do ano na internet: o vídeo do dr. Eneas explicando (em Inglês) o novo sistema de Bretton Woods

Maior brasileiro do ano: o Rei do Camarote, claro

Maior brasileiro vivo: Paulinho da Viola, também claro

Nobel de Linguística: deveria ser criado especialmente para celebrar Thamsanqa Jantjie

Melhor série de TV: Breaking Bad, que entra para a história a apenas um Grand Canyon de distância para The Wire

Pior capa de um disco bom: a do novo do Chick Corea

Descoberta musical do ano: Melissa Aldana, saxofonista chilena de 25 anos

Troféu Bolas de Aço: David Ortiz

Melhor Twitter: @zambininha, na luta incessante contra as várias categorias de normatividade

Estagiário do Ano: o que revisou as planilhas Excel de Reinhart & Rogoff e falou "tá beleza, pode publicar"

Troféu "vou fingir que não estou vendo essa gracinha aí": Michelle Obama. Aliás, saudades da Birgitte Nyborg.



Fotos do Ano: prêmio dividido entre:

- O presidente da Venezuela, em guerra permanente contra não se sabe bem o quê (parece uma versão vida real da Corrida Maluca, também):


- As coisas estranhas que acontecem quando resolve nevar em Jerusalém:


- O amor (correspondido) de Nigella Lawson pela coxinha:


- Esse dragão de Komodo anônimo, apropriadamente vestido para festejar:



2013 foi um ano complicado de se analisa. Ainda bem que, pra este ano, basta falar da Copa e das Eleições, assuntos simples e que não geram polêmica.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O último capítulo da convergência de salários entre mulheres e homens

Claudia Goldin, economista de Harvard, dedica parte da sua carreira a estudar o que determina a diferença de salários entre homens e mulheres nos Estados Unidos. No passado não muito distante, a diferença era facilmente explicada pela diferença de produtividade entre os gêneros (fortemente associada ao tempo médio de escolaridade) e pela maioria das mulheres trabalhando em setores tipicamente com baixa remuneração. Ao longo dos últimos 50 anos, o primeiro fator foi praticamente eliminado: em 2006, a própria Goldin e seus coautores mostraram que mulheres eram maioria entre estudantes universitários nos EUA. A convergência em educação contribuiu para que a remuneração média por hora de mulheres passasse de 59% para 77% do equivalente para homens.

O resto do texto está no Estadão.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Imagina na Copa (versão transporte aéreo e hotéis)

Noticiou-se no fim de semana que o governo avalia alternativas para evitar a cobrança de preços “abusivos” durante a Copa do Mundo. Os principais potenciais “abusadores” são hotéis e companhias aéreas, sendo que, no caso destas, estuda-se abrir, por meio de medida provisória, o mercado de voos domésticos para companhias estrangeiras. Nas palavras da ministra chefe da casa civil Gleisi Hoffmann, em entrevista para a Folha de S. Paulo: “Queremos que os preços deem retorno para os empresários, mas que sejam preços justos na época dos grandes eventos.” A definição de “preço justo”, no caso, passa por qualquer metodologia, menos a mais simples e menos arbitrária: deixar o mercado definir.

O resto do texto está no Estadão.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Volcker e a austeridade (na pele)

Paul Volcker, velho batuta
Da coluna de hoje do Elio Gaspari:

Em 1979, quando Paul Volcker foi nomeado presidente do Federal Reserve Bank, perdeu 50% de sua receita e foi morar numa quitinete de estudante em Washington. Sua mulher ficou em Nova York e equilibrou as contas alugando um quarto de seu apartamento.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Os Livros de 2013

Contrariando o conselho do Maurício, deixei o mestrado atrapalhar meus estudos. De qualquer forma, aí vão os favoritos do ano que passou:

Economia, mercados & afins:

- The Haves and the Have-Nots: A Brief and Idiosyncratic History of Global Inequality, Branko Milanovic (2010)

Milanovic é ilustrado, escreve bem e tem uma tendência para a iconoclastia, condições necessárias para transformar um tema técnico e árido em um livro divertido e de leitura fácil. Procede que ele saiu do Banco Mundial?

The Signal and the Noise: Why So Many Predictions Fail - But Some Don't, Nate Silver (2012)

Tinha apostado comigo mesmo que leria se Nate Silver acertasse mais nas eleições americanas de 2012 do que acertou em 2008, está pago. Escrevi uma resenha para o Amálgama.

Worldly Philosopher: The Odyssey of Albert O. Hirschman, Jeremy Adelman (2013)

Depois de Keynes, talvez Hirschman seja o outro grande economista do século XX que teve influência decisiva tanto na teoria quanto na prática. Enquanto parte da economia voltada a desenvolvimento se dedica a brincar de laboratório com os experimentos randomizados, foi ótimo Adelman ter tirado a poeira da obra de Hirschman e chamado atenção para as dificuldades de aplicar na prática o que parece correto teoricamente e o enorme impacto das consequências não-desejadas.

Temas menos mundanos:

- Home Game: An Accidental Guide to Fatherhood, Michael Lewis (2010) e Manhood for Amateurs, Michael Chabon (2009)

Se você está prestes a ser pai, esses livros vão te preparar melhor para o ofício do que A Encantadora de Bebês, com o atrativo adicional que os dois Michaels estão entre os melhores escritores americanos vivos.

Cockpit Confidential: Everything You Need to Know About Air Travel: Questions, Answers, and Reflections, Patrick Smith (2013)

Pra separar o que faz e o que não faz sentido no mundo amalucado das viagens aéreas.

- Manual de sobrevivência na universidade: da graduação ao pós-doutorado, Leonardo Monasterio (2013)

Valeria a recomendação só pela proposição formal da regra dos dois desvios, mas tem muito mais sabedoria destilada depois de muitos anos no inóspito ambiente acadêmico.

- Carcereiros, Drauzio Varella (2012)


Não há outro autor que escreva tão bem e se esforce tanto para humanizar os detentos e os funcionários do sistema carcerário de São Paulo. As histórias, claro, beiram o inacreditável.

Ficção:

- The Financial Lives of the Poets, Jess Walter (2009)

Um dos livros mais engraçados que já li, e uma crônica perfeita da crise americana. Postei alguns trechos aqui.

- Various Pets Alive and Dead, Marina Lewycka (2012)

Outro livro engraçadíssimo com a crise como pano de fundo. Ainda não li algo da Lewycka que não tenha gostado muito.

How To Make Love To A Negro, Dany Laferrière (1985)

A vida loka de um haitiano inteligente e fã de jazz estudando no Canadá.

- Jeff in Venice, Death in Varanasi, Geoff Dyer (2008)

Todo mundo fala que é pra ser lido depois de Morte em Veneza, mas funciona muito bem sozinho, também.

Quadrinhos:

- Avenida Paulista, Luiz Gê (2012)

Um dos elos perdidos da história das graphic novels brasileiras. Bela história da avenida e de São Paulo, seria ainda melhor se, às vezes, não se perdesse num tom panfletário.

- Dora, Ignacio Minaverry (2009)

Gosto muito de HQs históricas. Esta acompanha Dora da Berlim do pós-II Guerra até uma caça a nazistas escondidos na Argentina.

- Cleveland, Harvey Pekar (2012)

Uma bela história sentimental de Cleveland, infelizmente das últimas obras do grande Pekar.

- The Infinite Wait and Other Stories, Julia Wertz (2012)

Julia Wertz faz as melhores HQs sobre nada desde Harvey Pekar, e isso não é pouca coisa.


Tudo o que li em 2013 está no fabuloso Goodreads.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Tchau, 2013...

Dou por encerrado o ano aqui no blog. Ainda devo alguns posts referentes ao ano que está acabando, mas vão ficar pra volta. Como de costume, muitíssimo obrigado pela audiência e generosidade. Comam demais e bebam demais, a época é pra isso, mesmo.

A época das previsões

Enquanto os humanos trocam presentes e desejos de que as coisas melhorem no ano que está para começar, economistas, esses seres exóticos, tiram do armário seu estojo de ferramentas e dedicam-se a prever. Quanto vai crescer o PIB, qual vai ser a taxa de câmbio, os juros sobem ou caem, o que vai acontecer com a bolsa, quem vai ganhar as eleições… Para todas essas perguntas há uma resposta, mais ou menos embalada num pacote de método científico e sabedoria acumulada. Afinal de contas, se alguém tem como antecipar o que vai acontecer com variáveis econômicas, ninguém melhor que quem dedica a vida a estudá-las, certo?

O resto do texto está no Estadão.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Os filmes de 2013

Foi bem difícil acompanhar os lançamentos este ano, o que quer dizer que ficaram de fora da minha amostra um monte de filmes potencialmente bons, que ainda pretendo assistir (A Hijacking, Before Midnight, Drinking Buddies, Frances Ha, Hannah Arendt, Machete Kills, The Bling Ring, The Kings of Summer, Blue Jasmine, Azul É a Cor Mais Quente, Gravidade, Capitão Phillips, Metegol, Enough Said...). De qualquer jeito, aí vai o que gostei da produção recente, em ordem alfabética do título em Português:

Amor é Tudo o Que Você Precisa (Den skaldede frisør), Susanne Bier

Depois das pedradas Em um Mundo Melhor e Depois do Casamento, Bier vai relaxar na Itália e volta com essa comédia inteligente e pouco pretensiosa.

- A Caça (Jagten), Thomas Vinterberg

Acho que o melhor filme do ano, muito perturbador. Pra ficar pensando em crianças, verdade, reputação, amizade...

- A Datilógrafa (Populaire), Régis Roinsard

Uma comédia francesa com visual dos anos 1950 e que envolve um concurso de datilografia não pode ser ruim.

- A Família Flynn (Being Flynn), Paul Weitz

Todo mundo falou de De Niro em Silver Linings Playbook, mas este é o grande papel recente dele.

- Ferrugem e Ossos (De rouille et d'os), Jacques Audiard

Impressionante atuação de Marion Cotillard como uma treinadora de baleias que perde as pernas. A obra-prima de Audiard, porém, segue sendo o anterior O Profeta.

- Histórias que Contamos (Stories We Tell), Sarah Polley

A sensibilidade costumeira de Polley em versão autobiográfica.

- A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty), Kathryn Bigelow

Mais um filmaço da dupla Bigelow / Boal, deviam colocar eles pra tentar salvar Homeland.

- Marcados para Morrer (End of Watch), David Ayer

Filme de polícia sem glamour e romantização. Parabéns a quem deu o título em Português, que entrega o final.

- Nota de Rodapé (Hearat Shulayim), Joseph Cedar

As complicações de paternidade, judaismo e competição profissional, tudo junto e com humor fino.

- The Queen of Versailles, Lauren Greenfield

Pra entrar sob o verbete "alavancagem" em algum dicionário de cinema. Documentário muito interessante sobre os delírios do mercado americano antes do estouro da bolha.

- As Sessões (The Sessions), Ben Lewin

A mais nobre das profissões. Belíssima atuação de John Hawkes.

- O Som ao Redor, Kleber Mendonça Filho

Talvez não justifique plenamente o hype, mas, de forma sutil, fala muito mais sobre o Brasil de hoje do que outras obras mais pretensiosas.

- Spring Breakers: Garotas Perigosas (Spring Breakers), Harmony Korine

Só pelo delírio visual (podia ser também pelo papel de James Franco).

- Tese Sobre um Homicídio (Tesis sobre un homicidio), Hernán Goldfrid

Porque não podia faltar um argentino com Ricardo Darin na lista.

- As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower), Stephen Chbosky

Como aborrescente pode não ser chato (OK, exceção da exceção, mas deu um belo filme). Saudades bestas de, meses depois de ouvir pela primeira vez, descobrir o nome de uma música boa que estava tocando no rádio.

A Vida de Pi, (Life of Pi), Ang Lee

O uso mais bonito de 3D que já vi (não fosse por isso, acho que não estaria na lista).

- O Voo (Flight), Robert Zemeckis

Blockbuster divertidíssimo, não tem como não gostar se você for fascinado por aviões.