segunda-feira, 31 de agosto de 2009

"O petróleo é do povo!"

Não, hoje não é "um dia histórico". Mas é sempre bom saber o que o governo pretende fazer com o petróleo. A apresentação institucional de hoje está aí embaixo. Volto ao assunto em breve.

Brasil - marco regulatório pré-sal

Suécia abaixo de zero

Aconteceu mês passado, mas só fui notar hoje: o Riksbank sueco, mais antigo banco central no mundo, está pagando juros negativos (-0,25% ao ano) pelos depósitos de um dia dos bancos privados do país. Em outras palavras, os bancos privados têm que pagar ao banco central para manterem lá suas reservas. A razão do estranhamento é que o patamar de 0% para juros nominais era, como escreve Wolfgang Münchau no Financial Times, tratado por banqueiros centrais como o equivalente ao zero grau Kelvin, a temperatura mais baixa possível. No livro de macroeconomia que usei na graduação (de Olivier Blanchard) está (grifo meu):

"... quando a taxa nominal de juros é igual a zero, a economia cai em uma 'armadilha de liquidez': o banco central pode aumentar a 'liquidez' - isto é, aumentar a oferta de moeda. Mas essa 'liquidez' cai em uma 'armadilha': a moeda adicional é prontamente retirada pelos investidores financeiros a uma taxa de juro inalterada, a saber, zero. Se, a essa taxa nominal de juros zero, a demanda por bens ainda for excessivamente baixa, não há nada mais que uma política monetária possa fazer para levar o produto de volta a seu nível natural."

Lars Svensson, um dos diretores do Riksbank, disse "que não há nada estranho com taxas de juros negativas", como se não fosse a primeira vez na história que um banco central adota tal política. Será mais um aspecto da teoria econômica ortodoxa indo por água abaixo? Pela teoria, taxas de juros negativas deveriam conduzir a uma corrida por moeda, que até agora não aconteceu na Suécia. No artigo que citei acima, estão as possíveis explicações para isso. Mais interessante será observar se essa ousadia servirá como precedente para outros bancos centrais, e quais serão as consequências dessas novas políticas. Mais bolhas? Combate mais efetivo à deflação? "Like it or not, we live in interesting times..."

Mais no Financial Times.

Adeus ao descolamento

Algumas das teses otimistas para o crescimento mundial que têm circulado atualmente baseiam-se na idéia do "descolamento": as economias emergentes (sobretudo da Ásia) conseguirão liderar o crescimento mundial, mesmo enquanto o mundo rico (Europa, EUA e Japão) patina. Dois artigos recentes no Vox tentam, com dados, jogar por terra essa idéia. Um deles argumenta que, embora as tendências seculares de crescimento tenham começado a divergir (gráfico ao lado), os ciclos ainda são bastante sincronizados. Vale a leitura de ambos:

- The myth of decoupling, de Sébastien Wälti
- Debunking decoupling, de Andrew K. Rose

Frase do dia - Bolhas

"It will not be too bad this year. Both China and America are addressing bubbles by creating more bubbles and we're just taking advantage of that. So we can't lose."

De Lou Jiwei, presidente do fundo soberano chinês (China Investment Corporation), que administra quase US$ 300 bilhões em ativos. Precisa de aviso mais claro para o investidor médio pular fora do mercado de ações?

Mais na Reuters. Dica do Zero Hedge.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sobreviveu e ganhou

A Economatica divulgou hoje um estudo que mostra que a Cyrela é a terceira maior empresa de construção das Américas, considerando o valor de mercado. Mesmo considerando a péssima fase do mercado imobiliário americano, o feito da empresa brasileira é admirável. Elie Horn, o presidente da Cyrela, é um dos pouquíssimos capitalistas brasileiros admiráveis. Não depende do governo para faturar, é extremamente low profile e tem um instinto de preservação apuradíssimo. Em março, deu, para a Exame, sua primeira entrevista para a imprensa nacional. O título da matéria publicada era "Sobreviva - e ganhe depois" (vale a leitura). Horn e a Cyrela sobreviveram (infelizmente junto com muitos que deveriam ter ido ralo abaixo -- mas isso é outra história), e estão ganhando.

Álcool na cabeça

O Valor traz hoje uma compilação de dados obtidos com bancos e consultorias que conclui que as usinas de álcool e açúcar perderam cerca de R$ 4 bilhões com derivativos durante a safra 2008/2009. Para colocarmos esse número em perspectiva: a Cosan, que é a maior processadora de cana de açúcar do mundo, espera ter um EBITDA (ou LAJIDA, para os puristas) de cerca de R$ 1,3 bilhão este ano. Quem paga pela irresponsabilidade nós já sabemos: o BNDES passou de credor a sócio de alguns desses grupos.

Talvez esse seja o preço da vanguarda: o mundo está cheio de casos de empresas que precisaram de dinheiro público no início e depois foram extremamente bem sucedidas. O que é inaceitável é o governo ter o custo e o benefício ser dividido com a classe dos usineiros, que já foram quase canonizados pelo nosso presidente.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Gráfico do Dia - Fed

Na pesquisa da Gallup, os americanos admiram mais o trabalho da receita federal (IRS) do que do Fed. Mais na The Economist.


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Sou fã de carteirinha da Wikipedia. Como muitas outras grandes criações da humanidade, é preciso um certo bom senso para usar, mas, isso considerado, é uma fonte de pesquisa sem nenhum paralelo. Muitas vezes os artigos nem são tão bons, mas citam outras fontes -- papers, outros websites, livros -- onde estão as bases, aí livres da anonimidade que é uma das potenciais fraquezas da Wikipedia.

Mas onde a Wikipedia é realmente imbatível é em cultura inútil. Lista de pokemons, escalação do Partisan Belgrado, economia das Ilhas Faroe... está tudo lá, para horas de diversão. Hoje o blog Comment Central, do Times londrino, apresenta o blog Best of Wikipedia, que, duas vezes ao dia, destaca os artigos mais inusitados da enciclopédia, e separa os 10 melhores artigos que já foram apresentados lá. Se quiser saber o que é Brfxxccxxmnpcccclllmmnprxvclmnckssqlbb11116, vai lá.

Só no Brasil...

... para o anúncio de um marco regulatório virar um carnaval:

O anúncio do marco regulatório do pré-sal, marcado para a próxima segunda-feira, dia 31, terá, além de políticos, artistas e esportistas na plateia.

Convidados pelo Ministério da Cultura, já confirmaram presença as cantoras Fafá de Belém e Rosemary, a atriz e diretora do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Carla Camurati, e o cantor e vereador Agnaldo Timóteo (PR-SP).

A lista de convidados do órgão tem mais de 300 pessoas. Entre elas estão os cantores Zeca Pagodinho e Martinho da Vila, e os atores Wagner Moura e Letícia Sabatella.

Quanto tempo mais para o pré-sal virar enredo de carnaval carioca? E aparecer o funk do pré-sal? E a Globo lançar uma novela cujo protagonista é um engenheiro da Petrobras?

Mais na Folha de hoje.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Polititica

O dia está tão chato que os destaques são a morte do Ted Kennedy e o piti do Suplicy no senado, seguido de bate boca com o nobre Heráclito "Jabba the Hutt" Fortes. Mais nada a mencionar. Volto amanhã.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Maiores inflações da história

E o vencedor é... Hungria 1946 - módicos 207% ao dia.



















Roubado do Paul Kedrosky.

Eleições 2010

O mercado financeiro já começa a olhar para as nossas eleições presidenciais do ano que vem. Hoje o J.P. Morgan distribuiu um relatório explicando a seus clientes como funcionam nossas votações, vale dar uma olhada. Interessante ver que, na classificação deles, não existem partidos relevantes de direita ou esquerda: apenas "centro" ou "a direita do centro" e "a esquerda do centro". Assim é a "concertación" brasileira.

J.P.Morgan - Brazilian Election Countdown

Mais quatro anos de Bernanke

Mr. Obama confirmou a renovação do mandado do presidente do Fed, Ben Bernanke, por mais quatro anos (venceria em janeiro). Interpretação do mercado: a julgar pelo comportamento das bolsas e do dólar, teremos mais um período de liquidez abundante e dólar fraco. Ruim com ele, pior sem ele?