segunda-feira, 26 de agosto de 2013

É hora de vender dólar?

Os sinais contrários se acumulam... (minha opinião: talvez seja no curto prazo, mas o ajuste ainda não terminou).





quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Reservas, pra que te quero?

Texto desta semana para a Agência Estado.

O Banco Central do Brasil passou anos acumulando reservas internacionais, tirando do mercado parte do grande volume de dólares que entrou no país nos tempos de bonança nas contas externas e tentando atenuar a tendência decorrente de valorização do real. Em setembro do ano passado, essa conta parou de crescer, permanecendo ao redor de US$ 370 bilhões até hoje. Com o movimento recente no mercado de câmbio, começam as especulações sobre o destino desses dólares (e alguns euros, ienes, libras, etc. - há alguma, não muita, diversificação nas reservas). A desvalorização é bem-vinda para exportadores e os economistas autodenominados “desenvolvimentistas”, que há muito tempo pedem um real mais fraco. Porém, o longo período de fortalecimento da moeda certamente gerou interesses que dependem da continuação dessa conjuntura (ou ao menos de uma transição mais suave): por exemplo, agências de viagem, varejistas e o próprio BC, que deixará de contar com preços em queda de bens duráveis importados para atenuar a alta dos índices de inflação.

A resultante dessas forças pode fazer com que em breve haja pressão sobre o banco central para entregar reservas ao mercado e atenuar a alta do dólar--seria uma nova arma no “arsenal” que o ministro Mantega gosta de mencionar. Isso dependeria, porém, do BC tomar alguns grandes riscos: primeiro, criar condições de saída a um preço mais favorável do que o de equilíbrio pelo mercado para quem quiser tirar dinheiro do Brasil ; segundo, seria uma aposta num período de tempo relativamente curto de fortalecimento global do dólar--caso a tendência permaneça, a queda nas reservas pode alimentar um ataque especulativo, que consumiria mais reservas e levaria uma espiral de desvalorização acentuada. A história não é generosa com bancos centrais que tentaram lutar contra os mercados, com o caso mais famoso sendo o do Banco da Inglaterra ajudando a criar a fama e fortuna de George Soros e seus sócios, em setembro de 1992.

A pesquisa econômica recente coloca grande ênfase no papel estabilizador de reservas internacionais em países emergentes, sobretudo os que operam com câmbio flutuante (para os de câmbio fixo, é evidente a intenção de escolher uma taxa de câmbio que sirva aos principais interesses econômicos do país e defendê-la, como é o caso da China). Os motivos citados são diversos: aumentar o custo para os especuladores envolvidos em um ataque e reduzir a probabilidade desse tipo de evento; reduzir a violência dos ajustes de taxa de câmbio (o mais recorrentemente citado pelo nosso BC);  facilitar o desenvolvimento do mercado de dívida local, atraindo investidores estrangeiros; oferecer colateral para que empresas nacionais possam emitir dívida em moeda estrangeira. Todos eles, porém, apontam para certo consenso em manter as reservas em níveis relativamente elevados, e não liquidá-las em tempos de crise. A política de gestão de reservas, dessa maneira, não deve ter correlação com política fiscal, já que aquela não permite uma atuação anticíclica. Requer grande autonomia e certa humildade do BC para não tentar operar o mercado ou tentar escolher um nível de câmbio.

Até agora, o Brasil parece estar seguindo a teoria, deixando o câmbio se ajustar a partir de um nível de partida claramente sobrevalorizado e a uma situação de liquidez externa marginalmente desfavorável. Ainda que, caso continue o movimento das últimas semanas, a falta de novas ações passe a parecer inaceitável para parte do governo e da imprensa, é melhor que o trabalho do BC siga sendo apenas de suavizar as oscilações de mercado. Hora de simplesmente deitar-se sobre o tal colchão de reservas e aproveitar seus benefícios, ainda que eles não sejam facilmente perceptíveis quando a turbulência no mercado torna-se rotineira.

Agradeço a Samer Shousha pela discussão e pela revisão da literatura

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Estilo, Orwell, Eclesiastes e o acaso

Finalmente estou lendo o clássico Elements of Style. Essa passagem é de lá, e vale pelo insight, pelo Orwell e pela bela passagem da Bíblia sobre o acaso (no livro estava em duas colunas, então o que aparece lá como "left" aqui é o primeiro trecho):

To show what happens when strong writing is deprived of its vigor, George Orwell once took a passage from the Bible and drained it of its blood. On the left, below, is Orwell's translation; on the right, the verse from Ecclesiastes (King James version). 
Objective consideration of contemporary phenomena compels the conclusion that success or failure in competitive activities exhibits no tendency to be commensurate with innate capacity; but that a considerable element of the unpredictable must inevitably be taken into account. 
I returned, and saw under the sun, that the race is not to the swift, nor the battle to the strong, neither yet bread to the wise, nor yet riches to men of understanding, nor yet favor to men of skill; but time and chance happeneth to them all.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

O sinal e o ruído na inflação brasileira

Na semana passada iniciei uma coluna para a Broadcast da Agência Estado (em breve vai aparecer também na página do jornal na internet). Esta é a primeira; vou colocando as outras aqui depois que forem saindo lá.

Na última semana, parte do governo (que exclui o banco central, importante ressaltar) comemorou a pequena variação no IPCA em julho - 0,03%. “A queda da inflação é uma maravilha”, disse a presidente, como se fosse possível traçar uma tendência a partir de um ponto e tal queda fosse um fato consumado. Políticos, porém, não são os únicos a cometer esse tipo de erro, e a disponibilidade de dados de inflação no Brasil contribui para que a discussão seja muitas vezes pautada por ruídos, com a informação principal sendo esquecida ou convenientemente omitida.

Não conheço outro país do mundo que acompanhe inflação de forma tão obsessiva. Somadas as divulgações do IBGE, FGV e FIPE, quase todo dia são publicadas novas leituras de índices de inflação. Bancos, empresas e consultorias mobilizam uma legião de analistas que tentam extrair informação de coletas e monitores de preços diários para conseguir alguma vantagem no grande mercado de títulos e derivativos indexados. Por fim, a mídia amplifica esse ruído, por vezes evocando o risco de “acordar o dragão” e alimentando factoides, como a “inflação do tomate” que vimos no início deste ano. 

Se nos concentrarmos em dados de médio / longo prazo, é possível extrair alguns fatos da inflação brasileira que são mais úteis para a formulação de políticas do que acompanhar as divulgações diárias. Primeiro, a inflação cheia, medida pelo IPCA, tem sido surpreendentemente estável - a um nível alto, e, dirão os críticos, sujeita a mudanças de metodologia e “canetadas” do governo em alguns preços, notoriamente os de combustíveis e tarifas elétricas. Nos últimos cinco anos, a medida mensal do IPCA acumulado em doze meses teve mediana de 5,73%. Nos cinco anos anteriores, havia sido 5,63%. Não por acaso, a mediana das expectativas de mercado, pelo relatório Focus, aponta para uma variação do IPCA no ano-calendário de 2013 em 5,74% e em 5,85% para 2014. Parece seguro afirmar, portanto, que a inflação brasileira tem oscilado entre 5,5% e 6,0% anuais há bastante tempo, sem uma grande mudança de tendência perceptível. O mercado de inflação implícita, estimada pelas taxas pré-fixadas descontadas pelos juros de mercado das NTN-Bs, corrobora essa afirmação, costumeiramente atraindo vendedores quando a inflação esperada para períodos de dois ou mais anos ultrapassa 6%.

É na abertura dos componentes do índice que estão os principais problemas: há, sim, uma clara tendência de alta na inflação de serviços a partir do ínicio de 2008, com poucos sinais de arrefecimento (não é alívio caso “estabilize” subindo mais de 8% ao ano). Ao longo do tempo, isso foi compensado com forte queda na inflação de bens duráveis, interrompida recentemente com a alta do dólar. Se essas duas tendências, de alguma forma, se contrabalanceiam, a inflação ao longo de poucos meses (justamente a mais discutida e fonte de manchetes) acaba sendo definida pelo comportamento dos preços de alimentos, que depende de fatores pouco controláveis - clima e mercados de commodities globais, por exemplo. Em resumo, acabamos, na maior parte do tempo, tentando racionalizar sobre o imponderável - o que poderia ser aceitável em cadernos de esporte, mas tem pouco valor para a boa análise econômica.

Se aceitarmos a hipótese que a alta na inflação de serviços é efeito colateral de uma decisão deliberada de fortalecer os trabalhadores via indexação do salário mínimo, só é possível conceber uma inflação mais baixa quando essa política começar a ser desmontada, seja por outra decisão de política econômica ou por uma piora no mercado de trabalho. E se de fato o real estiver em meio a uma tendência mais longa de depreciação, seus efeitos nos preços de duráveis podem levar a inflação a um novo patamar - ou seja, é legítima a renovada preocupação com o pass-through do câmbio, e aí talvez esteja o sinal mais importante para os próximos meses.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A poupança brasileira e a Disney

Dizer que "o Brasil gastou sua poupança na Disney" gera uma manchete poderosa, juntando cultura pop, crítica a uma suposta tendência consumista do brasileiro médio e uma moral implícita, pela qual consumir é um pecado em um país que precisa tanto de poupança. Vai fazer sucesso nos círculos que gostam de analisar caricaturas e respostas prontas. É, porém, errado a ponto de poder ser questão de prova de introdução à macroeconomia de qualquer aluno de primeiro ano (nem precisa ser graduando em economia).


O brasileiro gastou, na Disney, em Paris ou em Timbuctu porque, primeiro, havia dólares disponíveis para serem comprados no mercado e, segundo, porque esses dólares ficaram baratos a ponto dessas viagens serem alternativas preferíveis a ir para Foz do Iguaçu ou Canoa Quebrada. Tudo isso foi facilitado porque o país passou bastante tempo tendo superávits em conta corrente, o que equivale a dizer que estava exportando poupança em moeda estrangeira - justo o contrário do que foi dito na matéria. Essa é uma identidade de contas nacionais vergonhosamente básica.

Por muito tempo o Brasil não precisava atrair fluxos internacionais ou tomar empréstimos em moeda estrangeira para obter dólares com intenção de investir ou consumir, tudo isso era financiado pelo comércio exterior, com folga (quem se endividou em dólares não foi o consumidor, foram empresas se aproveitando da janela de financiamento aparentemente barato). O problema recente é que essa folga acabou, e isso deve fazer com que também diminuam as viagens para a Disney que, naturalmente, ficaram mais caras com o câmbio mais desvalorizado que reflete a nova conjuntura.

Enfim, existem as mais diversas maneiras acertadas de criticar a condução da economia brasileira. Botar a culpa em quem, racionalmente e dados os incentivos, escolheu gastar em outra país não é uma delas. Ir menos a Disney não nos fará mais prósperos (se fosse fácil assim...).

sábado, 17 de agosto de 2013

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Grafico do Dia - Produtividade

Da Folha de hoje. E deve ser inedito que alguem da CNI explique isso sem jogar a culpa no cambio:

"O baixo desempenho do Brasil resulta de questões de natureza regulatória e problemas associados à formação fraca dos trabalhadores", diz José Augusto Fernandes, diretor de políticas e estratégia da entidade.


P.S. Desculpas pela falta de acentos, ainda nao tive paciencia para configurar o teclado novo.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

O Brasil de volta a tempos de déficit comercial

Enquanto governado pelo Partido dos Trabalhadores, o Brasil não conheceu nenhum ano de déficit comercial: o último registrado foi em 2000, encerrando uma série de seis déficits anuais consecutivos que seguiram o Plano Real. A forte depreciação do real em 2001 e 2002 contribuiu para uma nova série de superávits, que ganhou força com o início do melhor ciclo de alta dos preços das exportações brasileiras em muitas décadas. Hoje, a combinação de um já dado arrefecimento nos preços de commodities (e uma possível reversão no ciclo secular de alta) com anos de crescimento nas importações deve levar a um saldo comercial próximo a zero neste ano (o último consenso de mercado, pelo relatório Focus do Banco Central, é de um superávit de pouco mais de US$ 5 bilhões).

O restante do texto está no Comex do Brasil.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Gráfico do Dia - investimentos

Roubado do Humble Student of the Market (clique para aumentar). Talvez, só talvez, tanto tempo com taxa de investimento tão elevada tenha acabado com qualquer possibilidade de retorno seguro para os investimentos mais recentes. Mas ninguém liga pra lucros e fluxos de caixa, né?


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Frases do Dia - como ganhar dinheiro no mercado financeiro

The truth is that there are three ways to make money in finance, and only one of them is simple. The first is to possess better information than other market participants and use that information to buy low and sell high: this is nearly impossible to do on a regular basis. The second is to match necessary risks with investors for whom it makes sense to bear extra risk: this is very difficult. The third, and simplest, is to match necessary risks with investors who do not understand what those risks really are. This is especially easy when information in the financial markets is scant -- when securities are complex, when trading is proprietary and secret, and when balance sheets do not accurately represent firms’ performance.

Da resenha de J. Bradford DeLong, de Berkley, para o livro novo de Alan Blinder (After the Music Stopped). Está na última Foreign Affairs.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Do que vou sentir falta em São Paulo

Este texto foi publicado originalmente em maio, no blog da Mundus.

Daqui a alguns meses, depois de 33 anos morando em São Paulo, me despeço, temporariamente. O fato de, nesse tempo todo, eu nunca ter saído da cidade por mais que algumas semanas diz tanto sobre a minha preguiça para mudanças quanto a incrível quantidade de oportunidades, em todos os aspectos da vida, que encontrei aqui. É bastante fácil não gostar de São Paulo, sobretudo pela maldita trindade poluição / violência / trânsito; amar a cidade leva muito tempo, o suficiente para desenvolver certo senso de resignação e esquecer que existem lugares melhores no mundo (e, de qualquer maneira, o Tejo é belo, mas não é o rio que passa por aqui). Abaixo uma lista meio preguiçosa das coisas das quais acho que vou sentir saudades no próximo par de anos:

- Pastel de feira, clichê entre os clichês, mas minha comida de rua preferida do mundo todo. Mais ainda por, geralmente, carregar um gostinho de subversão, por estar se entupindo de massa frita, carne moída e queijo derretido antes de colocar qualquer outra coisa no estômago no dia (aliás, pastel existe em três sabores: carne, queijo e palmito. As demais variações são perversões desnecessárias do conceito). Feira livre também é uma delícia, mas esta tem equivalentes fora daqui (infelizmente não necessariamente com vendedores tão bem humorados).

- Poder beber na rua, sem necessidade de esconder a lata ou garrafa em um ridículo saquinho de papel. Poder comprar bebida a qualquer hora, em qualquer lugar, privilégio que muitos habitantes de paraísos da liberdade no mundo não têm. 

- Os shows do SESC. O modelo do SESC tem muito do que detesto no Brasil, sustentado por contribuições compulsórias e regressivo por natureza. Nesse caso, porém, vou ser egoísta e julgar pelos resultados, não pelo princípio. Como acho que ouvir música ao vivo é das atividades mais sublimes a que podemos nos dedicar, devo muitos dos pontos altos da minha vida ao SESC. Lá vi Banda Mantiqueira, Paulo Vanzolini, Paulinho da Viola, Ornette Coleman, Christian Scott, Chris Potter, Andre Mehmari & Hamilton de Holanda, Hermeto Pascoal, Yusef Lateef, Rosa Passos, etc, etc, etc; tudo barato, organizado, com ótima infraestrutura e em horários decentes. Civilização deve ser algo desse tipo.

- Os botecos, lugares mágicos onde o tempo se comprime e horas vão passando entre conversas sérias e reflexivas, discussões que nunca levam a lugar nenhum, bobagens irrepetíveis em outros ambientes, chopes, petiscos e talagadas irresponsáveis de steinhäger ou cachaça. Poucas coisas me deixam mais feliz do que reservar uma tarde e uma noite (e, possivelmente, a manhã seguinte, para lidar com a ressaca) para se dedicar a isso. Rei das Batidas, Zé Gordo, Pirajá, São Cristóvão, Empanadas, Frangó, Veloso, Zur Alten Mühle, Léo e aquele bar anônimo de esquina, que não fecha nunca e sempre tem cerveja gelada e uns petiscos meio suspeitos numa vitrine aquecida, um top 10 de coração.

- Andar na avenida Paulista, que pra mim segue sendo uma atração turística de primeira, dos melhores lugares que conheço para simplesmente ver gente (claro que também ajuda o monte de cinemas, livrarias, bares e restaurantes ao redor).

- Poder dirigir duas horas e meia (OK, com alguma sorte) e chegar às praias que são acompanhadas pela Rio-Santos. O litoral de São Sebastião a Ubatuba é magnífico, não deve nada a outros mais falados (mas não menos visitados). Concedo que também é ótimo poder pegar um voo de três quartos de hora e pousar no Rio de Janeiro, mas as saudades do Rio eu deixo para outro texto.

- Por fim, acima de tudo isso, das paulistanas e paulistanos, porque não se sai de um relacionamento tão intenso de três décadas sem criar raízes. Imagine fazer todas essas coisas supostamente legais listadas aí em cima sem companhia - pior ainda quando olho para trás e vejo que tive a sorte de encontrar aqui gente tão generosa e interessante, disposta a compartilhar de sua alegria de viver. Este humilde texto é, no fundo, uma homenagem a todos vocês.

domingo, 4 de agosto de 2013

Ch-ch-changes...

Certa vez um repórter questionou o grande Cristiano Ronaldo sobre uma sequência de partidas sem gols pelo Real Madrid. Grande conhecedor de fluídos não-newtonianos, o "puto de ouro" respondeu que "gols são como ketchup: de repente começam a sair aos montes". Tomo a metáfora emprestada para falar de mudanças na vida, que também são como ketchup. E, para mim, 2013 foi o ano em que o ketchup saiu de vez.

Em março, soube que fui aceito num programa de mestrado que queria fazer há pelo menos seis anos, e foi sendo adiado até que, no fim do ano passado, resolvi fazer uma última tentativa.

Em abril, me apaixonei por um gordo careca e desdentado, que apareceu meio de repente e virou minha vida pelo avesso:


No fim de julho, interrompi minha carreira de 12 anos no mercado financeiro.

E amanhã estou de mudança para os Estados Unidos para cursar o tal mestrado, que deve terminar em maio de 2015.

Enfim, estou colocando um ponto-e-vírgula na minha carreira, e não tem como o blog não mudar com isso. Enquanto eu trabalhava numa mesa de operações, na frente do computador durante quase todo o tempo, escrever sobre economia e mercados era algo quase natural - parte um jeito de organizar minhas ideias e tê-las arquivadas, parte um projeto de "procrastinação estruturada" (só fui aprender que era um conceito bem depois de, inconscientemente, ter começado a aplicá-lo). Voltando à academia, creio que meu tempo livre vai ser menor, e me informar sobre o que está acontecendo no mundo passa a ser algo que, provavelmente, não fará parte da minha rotina de "trabalho". Dito isso, não sei bem o que isso vai virar - talvez um diário de paulistano resmungão exilado, reclamando do clima e da falta de coxinha e requeijão; talvez passe a falar mais de desenvolvimento e teoria econômica e menos de mercado financeiro e conjuntura. O que parece quase certo é que a frequência dos posts deve diminuir. Durante os últimos quatro anos, escrevi quase diariamente; agora preciso descobrir como vou conseguir encaixar o blog na minha nova rotina. De qualquer maneira, não quero parar, e os masoquistas que gostam de ler o que escrevo em breve poderão fazê-lo em outros meios - aviso das novidades quando elas se concretizarem.

Por fim, aproveito o tal ponto-e-vírgula para agradecer aos que passaram por aqui (e pelo twitter) pela generosidade que fez de The Drunkeynesian (modestia à parte por alguns instantes) um sucesso - relativo, moderado e em um nicho bem específico, mas muito maior do que eu poderia imaginar quando comecei a escrever aqui.

Tem um par de posts programados para os próximos dias. Volto com novidades assim que conseguir me assentar na Obamalândia. Até breve!