O dinheiro do tesouro americano "acabando", a mídia tentando vender o começo da era Mad Max, Obama na TV pedindo pelamordedeus para os congressistas chegarem em algum consenso e... a taxa dos títulos de 10 anos do tesouro americano caminha para fechar o mês no nível mais baixo do ano. Os bond vigilantes estão tranquilos nas férias de verão. Ou eles são malucos, ou a discussão é tão consistente quanto espuma de sabão e vale pouco mais que uma nota de três dólares. Escolha seu lado.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Som da Sexta - Nelson Sargento
Como bem lembrou o amigo Veiga, na segunda-feira o grande sambista completou 87 anos. Aqui, Paulinho da Viola convoca Marçal, Juquinha, Élton e Dezinho - tudo isso pra cantar um samba do Nelson Sargento (na minha iletrada opinião, um dos melhores da história).
Novas ferramentas do Google
Bem, podem não ser tão novas, mas só descobri esses dias:
- Google Public Data Explorer - acho que começaram de vez a usar a tecnologia adquirida da Gapminder, do Hans Rosling. Ainda são poucas séries, mas o tratamento padrão Google é muito legal (o gráfico abaixo é um exemplo de lá). Espero que consigam tornar mais acessíveis os dados que, como gosta de dizer o doutor Rosling, os organismos multilaterais recolhem com dinheiro público e colocam à venda para benefício próprio.
- What do you love? - um agregador de várias ferramentas do Google, com informações e meios de interação sobre qualquer assunto. Quer dizer, quase - tente fazer uma busca por "hot sex", por exemplo. Maldito moralismo puritano...
- Google Public Data Explorer - acho que começaram de vez a usar a tecnologia adquirida da Gapminder, do Hans Rosling. Ainda são poucas séries, mas o tratamento padrão Google é muito legal (o gráfico abaixo é um exemplo de lá). Espero que consigam tornar mais acessíveis os dados que, como gosta de dizer o doutor Rosling, os organismos multilaterais recolhem com dinheiro público e colocam à venda para benefício próprio.
- What do you love? - um agregador de várias ferramentas do Google, com informações e meios de interação sobre qualquer assunto. Quer dizer, quase - tente fazer uma busca por "hot sex", por exemplo. Maldito moralismo puritano...
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Brasil (mais) caro
A The Economist publicou hoje uma versão do índice Big Mac ajustado pelo PIB per capita. Adivinhem o que deu:
Novos colaterais para empréstimos bancários
A "supercaixa" espanhola, Bankia (tentativa de transformar sete bancos virtualmente quebrados em um único grande demais para falir), está usando os passes de Kaká e Cristiano Ronaldo como garantia de empréstimos junto ao Banco Central Europeu (mais aqui). Mais bizarro do que a situação é saber que nem de longe serão os piores colaterais depositados no BCE...
P.S. Se não fossem a Sandy e a discussão bizantina do limite de endividamento americano, esta seria a notícia mais bizarra do dia. Estamos bem servidos...
P.S. Se não fossem a Sandy e a discussão bizantina do limite de endividamento americano, esta seria a notícia mais bizarra do dia. Estamos bem servidos...
Série do Valor sobre a conjuntura brasileira
Excelente dica do André, do Housing Market BR: todos os artigos que o Valor publicou este mês na série sobre conjuntura brasileira. Textos de Samuel Pessoa e Márcio Nakane, Chico Lopes, André Lara Resende, Luiz Carlos Mendonça de Barros, Fernando J. Cardim de Carvalho, Delfim Netto, Luiz Gonzaga Belluzzo, José Luís Oreiro e Luiz Fernando de Paula, Ilan Goldfajn, Márcio Holland e Octavio de Barros. Tem coisa boa, coisa ruim, coisa ortodoxa, coisa keynesiana, coisa de banco, coisa do governo... faltou um marxistão, mas, de qualquer maneira, é uma ótima amostra dos debates de macroeconomia aplicada ao país.
Brasil x Grécia: onde mesmo é a crise?
Tinha reparado nisso na semana passada, mas deixei de lado e o Financial Times me antecipou (e o Pana me lembrou, agradeço): o retorno em euros do Ibovespa este ano já é pior do que o do índice da bolsa de Atenas (Athens Stock Exchange General Index). A matéria do link acima traz as possíveis explicações; abaixo um gráfico com os dois índices em euros, base 100 no final de 2010.
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quarta-feira, 27 de julho de 2011
Passadas algumas horas - o impacto das novas medidas do câmbio
Hoje foi daqueles dias para pensar um pouco na vida e, no meu caso, dar graças aos céus por não trabalhar mais no sell side e ter que gastar o inglês para explicar aos clientes estrangeiros o que é quase inexplicável. O desenrolar das medidas anunciadas de manhã para o câmbio está sendo digno de enredo de filme dos irmãos Marx: os personagens entram e saem freneticamente e só geram confusão. Até agora, ninguém ainda conseguiu esclarecer:
- Como o CMN vai fazer o cálculo da exposição cambial líquida dos agentes? Em muitos casos (sobretudo para bancos estrangeiros, que descasam os balanços para dar liquidez a clientes externos), os contratos registrados na BM&F e na CETIP são apenas uma ponta da exposição, que é compensada por outras operações no exterior nos mais diversos instrumentos.
- Como o imposto vai ser cobrado? Com base em qual exposição: do final do dia, da semana, mês, trimestre, ciclo de Saturno?
- O que vai ser considerado como derivativo - só contratos da BM&F? Adiantamentos de contratos de comércio exterior? Termos?
- O que acontece com exposições em derivativos de outras moedas que não o dólar? É perfeitamente possível montar posições de carry trade em reais contra outras moedas que pagam juros baixos, como o euro e o iene.
- Como os investidores vão lidar com o poder que foi concedido ao CMN? Quem tem posições em derivativos no Brasil vai ter que conviver com uma espada de Dâmocles sobre sua cabeça: do dia para a noite pode aparecer um imposto absurdo sobre um valor nocional que muitas vezes tem pouco a ver com intenção ou tamanho da especulação.
Minha opinião definitiva (ô pretensão) sobre o assunto segue a mesma deste texto, de março. Tentar PMDBizar a questão do câmbio (sem escolher nenhum lado e agindo como se fosse possível ter uma taxa que ao mesmo tempo ajude na inflação e não desagrade o empresariado, uma conta de capital aberta com uma postura hostil para parte dos investimentos, uma percepção de que poupança externa é desejável mas não pode entrar quando quiser, juros totalmente desalinhados com o resto do mundo e ausência de especulação em cima disso) culminou com a situação grotesca de hoje. Cada vez mais as medidas parecem totalmente arbitrárias, e cada vez são maiores e mais danosas as consequências não previstas. É hora dos economistas do Planalto decidirem para qual direção queremos seguir.
- Como o CMN vai fazer o cálculo da exposição cambial líquida dos agentes? Em muitos casos (sobretudo para bancos estrangeiros, que descasam os balanços para dar liquidez a clientes externos), os contratos registrados na BM&F e na CETIP são apenas uma ponta da exposição, que é compensada por outras operações no exterior nos mais diversos instrumentos.
- Como o imposto vai ser cobrado? Com base em qual exposição: do final do dia, da semana, mês, trimestre, ciclo de Saturno?
- O que vai ser considerado como derivativo - só contratos da BM&F? Adiantamentos de contratos de comércio exterior? Termos?
- O que acontece com exposições em derivativos de outras moedas que não o dólar? É perfeitamente possível montar posições de carry trade em reais contra outras moedas que pagam juros baixos, como o euro e o iene.
- Como os investidores vão lidar com o poder que foi concedido ao CMN? Quem tem posições em derivativos no Brasil vai ter que conviver com uma espada de Dâmocles sobre sua cabeça: do dia para a noite pode aparecer um imposto absurdo sobre um valor nocional que muitas vezes tem pouco a ver com intenção ou tamanho da especulação.
Minha opinião definitiva (ô pretensão) sobre o assunto segue a mesma deste texto, de março. Tentar PMDBizar a questão do câmbio (sem escolher nenhum lado e agindo como se fosse possível ter uma taxa que ao mesmo tempo ajude na inflação e não desagrade o empresariado, uma conta de capital aberta com uma postura hostil para parte dos investimentos, uma percepção de que poupança externa é desejável mas não pode entrar quando quiser, juros totalmente desalinhados com o resto do mundo e ausência de especulação em cima disso) culminou com a situação grotesca de hoje. Cada vez mais as medidas parecem totalmente arbitrárias, e cada vez são maiores e mais danosas as consequências não previstas. É hora dos economistas do Planalto decidirem para qual direção queremos seguir.
Leituras da quarta-feira
- "Situations that will irritate some of us with higher prices will cause others to starve. Situations that will cause some of us to go hungry will be for others a real disaster, and I believe this, unfortunately, will not be in the dim and distant future". Jeremy Grantham sobe um tom na escala de pessimismo em sua última carta trimestral.
- Talvez ajude a causa de Grantham: foi encontrado o maior volume de água do universo - em um buraco negro. Logo mais o Eike Batista aparece com um plano mirabolante para explorar (dica Veiga).
- Howard Marks: "One of the most striking aspects of the debt in the modern era is that little if any attention is paid to repayment of principal. No one pays off their debt. They merely roll it over... and add to it." (Carta trimestral da Oaktree.)
- Dani Rodrik jogando um pouco de água fria na ideia de que os emergentes vão dominar o mundo.
- Porque economistas precisam estudar história, por Barry Eichengreen (vídeo).
- A Veja desta semana tem uma entrevista com o Luciano Coutinho, dizendo, basicamente, que é isso aí, mesmo, que as empresas "vencedoras" já foram selecionadas pelo mercado e que o BNDES só dá uma forcinha pra que elas virem "supercampeãs".
- Uma rara (e sempre pertinente) entrevista de Elie Horn, da Cyrela.
- Dan Ariely indica cinco livros sobre economia comportamental.
- Uma rara (e sempre pertinente) entrevista de Elie Horn, da Cyrela.
- Dan Ariely indica cinco livros sobre economia comportamental.
- Para quem estiver em Boston no final de setembro: na próxima terça-feira começam as vendas de ingressos para a 21ª entrega do prêmio Ig Nobel.
- Uma campanha pelo Banco Imobiliário de raiz.
- Uma campanha pelo Banco Imobiliário de raiz.
- Leituras de verão, no outro hemisfério (a foto aí do lado é de lá).
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Combate aos derivativos, versão Brasil
Por enquanto ninguém entendeu direito a medida provisória publicada hoje. Minha impressão é que o governo adquiriu algo como um míssil nuclear na "guerra cambial" - a possibilidade de taxar valor nocional de derivativos é assustadora e, como no uso de armas nucleares, as consequências indesejadas podem ser desastrosas. Minha única aposta para o dia é que as ações da BM&F Bovespa vão sofrer.
O trecho do Diário Oficial de hoje:
Diário Oficial - Taxação Derivativos
P.S. Para relembrar:
O trecho do Diário Oficial de hoje:
Diário Oficial - Taxação Derivativos
P.S. Para relembrar:
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terça-feira, 26 de julho de 2011
Quantum Fund, 1969-2011 (ou: se não está fácil pro Soros...)
Mais um marco para uma geração de lendários gestores de hedge funds: menos de um ano após a aposentadoria do seu ex-protegido, Stanley Druckenmiller, George Soros (nome original: Dzjchdzhe Shorash) está devolvendo o dinheiro de seus clientes externos (cerca de US$ 1 bilhão, seguirá administrando apenas US$ 24,5 bi da família). O Quantum Fund, fundado em 1969, retornou cerca de impressionantes 20% por ano (em média) ao longo de sua história.
Mais na Bloomberg. O FT Alphaville tem a carta enviada aos investidores.
Mais na Bloomberg. O FT Alphaville tem a carta enviada aos investidores.
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Imigração para o Brasil, por que não?
Estou lendo o Pós-Guerra, do Tony Judt, e cheguei numa passagem em que ele aponta como um dos fatores mais importantes para o sucesso econômico europeu entre 1953 e 1971 as ondas de migração no continente - dentro de países, de regiões mais atrasadas para pólos industriais (na Espanha, da Andaluzia para a Catalunha; em Portugal, do Alentejo para Lisboa; na Itália, do sul para o norte, etc) e entre países, na direção para onde a mão-de-obra era escassa e muito demandada: a Alemanha firmou acordos de imigração com Itália, Grécia, Espanha, Turquia, Marrocos, Portugal, Tunísia e Iugoslávia; a Suíça e a França receberam milhares de portugueses; a Holanda incentivou a vinda de trabalhadores da Espanha, Iugoslávia, Itália, Turquia, Marrocos e Suriname; e a lista de exemplos vai longe.
Fast-forward para o Brasil de hoje, vivendo praticamente no pleno emprego, com certa escassez de mão-de-obra (na maioria das vezes especializada, mas, em São Paulo, por exemplo, vive se falando na falta de operários da construção civil, garçons, empregadas domésticas, manicures, etc), grande pressão nos custos do trabalho e rodeado de vizinhos mais pobres. Por que o Brasil não recebe, às dezenas de milhares, bolivianos, paraguaios, argentinos, peruanos, etc? Superficialmente, vejo os seguintes possíveis motivos:
1. Falta de interesse do governo brasileiro, que não faz questão de facilitar a situação dos imigrantes que já estão aqui, muito menos de incentivar a vinda de mais gente. Isso pode ser pelo motivo ruim (xenofobia disfarçada) ou pelo relativamente bom (proteção da mão-de-obra local e necessidade de gerar uma pressão deliberada por salários mais altos).
2. Falta de interesse dos possíveis imigrantes, seja por diferenças de língua e culturais ou porque a situação em seus países não está tão ruim (certamente já esteve pior, na maioria dos casos).
3. Descompasso entre a oferta e a demanda por trabalho: o tipo de profissional requerido por aqui não é facilmente encontrado nos vizinhos. Pode ser verdade para alguns casos, mas, novamente, em muitas regiões do país falta a mão-de-obra mais básica.
4. Compreensível falta de vontade dos hermanos latinos de viver no mesmo país que a Valeska Popozuda, o Gabriel Chalita e o Restart.
Seria muito interessante ouvir de alguém que estuda demografia, a ajuda dos universitários nos comentários é mais do que benvinda.
Fast-forward para o Brasil de hoje, vivendo praticamente no pleno emprego, com certa escassez de mão-de-obra (na maioria das vezes especializada, mas, em São Paulo, por exemplo, vive se falando na falta de operários da construção civil, garçons, empregadas domésticas, manicures, etc), grande pressão nos custos do trabalho e rodeado de vizinhos mais pobres. Por que o Brasil não recebe, às dezenas de milhares, bolivianos, paraguaios, argentinos, peruanos, etc? Superficialmente, vejo os seguintes possíveis motivos:
1. Falta de interesse do governo brasileiro, que não faz questão de facilitar a situação dos imigrantes que já estão aqui, muito menos de incentivar a vinda de mais gente. Isso pode ser pelo motivo ruim (xenofobia disfarçada) ou pelo relativamente bom (proteção da mão-de-obra local e necessidade de gerar uma pressão deliberada por salários mais altos).
2. Falta de interesse dos possíveis imigrantes, seja por diferenças de língua e culturais ou porque a situação em seus países não está tão ruim (certamente já esteve pior, na maioria dos casos).
3. Descompasso entre a oferta e a demanda por trabalho: o tipo de profissional requerido por aqui não é facilmente encontrado nos vizinhos. Pode ser verdade para alguns casos, mas, novamente, em muitas regiões do país falta a mão-de-obra mais básica.
4. Compreensível falta de vontade dos hermanos latinos de viver no mesmo país que a Valeska Popozuda, o Gabriel Chalita e o Restart.
Seria muito interessante ouvir de alguém que estuda demografia, a ajuda dos universitários nos comentários é mais do que benvinda.
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segunda-feira, 25 de julho de 2011
Fuga de risco
Não vai demorar para alguém falar de uma bolha de aversão a risco. Franco suíço, iene e ouro estão nas suas máximas históricas (contra o dólar) - o franco suíço já se valorizou 16% neste ano.
O sentimento negativo com relação ao dólar e ao euro é impressionante. Juntando isso com o fato de que a reação dos mercados ao novo pacote da Europa resumiu-se a uma semana de maior otimismo relativo, devemos ter mais emoções em breve.
O sentimento negativo com relação ao dólar e ao euro é impressionante. Juntando isso com o fato de que a reação dos mercados ao novo pacote da Europa resumiu-se a uma semana de maior otimismo relativo, devemos ter mais emoções em breve.
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