O único possível desta semana.
sexta-feira, 17 de maio de 2013
Leituras da Semana
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Pimp my ride |
- Um breve histórico de crises financeiras, pelo time do Deutsche Bank.
- Um indicador contrário para o Japão.
- Dani Rodrik: para que servem economistas?
- Paul Krugman na NYRB sobre austeridade.
- Entrevista com George Soros sobre o euro e a economia da Itália.
- David Tepper falando na CNBC.
- Um perfil de Deirdre McCloskey.
- O livro preferido de William Easterly.
- Lista de romances clássicos para economistas.
- Guiné Equatorial, um país miserável de US$20 mil de PIB per capita.
- O que há de errado com as elites francesas (Aline podia comentar, né?).
- John Gray sobre os próximos cem anos, pessimistão.
- Um manual para tudólogos autodidatas.
- Um musical baseado na obra de John Rawls (?!?!)
- Uma jornada nos caminhões psicodélicos do Paquistão ao Afeganistão.
- Um arquiteto dá a volta ao mundo em 30 fotografias.
- Um museu de relacionamentos terminados.
- Os mais de 100 sabores de Fanta pelo mundo (ou: porque a humanidade não deu certo).
- O fim das clássicas embalagens dos biscoitos Piraquê (via Sergio Leo).
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quarta-feira, 15 de maio de 2013
Brasil, na contramão do mundo
A tabela abaixo é uma versão resumida da que aparece no ótimo Central Bank News (tirei os países menores e quem não mexeu nos juros este ano).
Com exceção de Brasil e Egito (poupem os comentários da "mistura do Brasil com Egito", por favor), há um padrão claro: o mundo está cortando juros, ou, quando esses já estão muito próximos a zero, embarcando em outros experimentos monetários menos católicos (estou pensando em EUA e, sobretudo, Japão). O crescimento global aparentemente está mais lento do que se esperava, preços de commodities vêm caindo e, como consequência desses dois fatores, a inflação está caindo em boa parte do mundo. Para pegar um caso típico: na Turquia, o índice de preços ao consumidor acumulava alta mais de 11% nos doze meses terminados em abril do ano passado; hoje, a mesma medida é de pouco mais de 6% (e o banco central turco deve seguir cortando juros amanhã, para uma taxa real ainda mais negativa).
O Brasil compartilha do problema global de crescimento, mas por aqui a resiliência e o patamar da inflação fazem com que muita gente sensata ache que o BC deveria divergir ainda mais do padrão mundial e subir os juros mais rapidamente. Grande parte da explicação para isso está numa peculiaridade do mercado de trabalho, também divergente do resto do mundo, com baixo desemprego e salários reais em alta. Essa explicação, por sua vez, encontra raízes em uma combinação de forças demográficas (tem uma matéria bacana na última piauí sobre isso, ainda fechada para não-assinantes) e um governo francamente trabalhista, que fez da indexação do salário mínimo uma de suas principais políticas de redistribuição de renda.
Disso todo mundo já sabe. A questão agora é: como evitar que o cenário atual vire uma estagflação prolongada ou mais acelerada? Não há resposta fácil (claro que o leitor chegou até aqui esperando uma solução mágica, desculpo-me). Nos EUA, a estagflação dos anos 70 terminou com o choque de juros comandado por Paul Volcker e a desmontagem progressiva do poder dos sindicatos durante o governo Reagan. Aqui, creio, antes da eleição do ano que vem será feita uma tentativa de não mexer muito nos juros, e, ao menos enquanto o poder estiver nas mãos de um partido criado a partir de sindicatos, uma saída daquele tipo parece altamente improvável (e lenta, de qualquer maneira).
Me parece que, atualmente, a maior aposta do governo é que as medidas de desoneração passadas e futuras vão, algum dia, resultar em uma dinâmica deflacionária - pouco provável, com base no que aconteceu com um dos maiores possíveis, a queda dos preços de energia elétrica. Tudo isso enquanto se torce para que não ocorra um novo choque desfavorável nos preços de alimentos e tentando evitar que o aperto no mercado de trabalho se resolva com empresas demitindo e desemprego aumentando a meses das eleições. Equilíbrio complexo e delicado, como se nota.
Tendo sucesso em não "balançar o barco" até as eleições e mantida a essência da conjuntura atual, creio que em 2015 o Brasil permitirá uma forte desvalorização cambial, alta de juros e, eventualmente, uma recessão. Porém, há muitas variáveis fora do controle dos nossos planejadores, e as condições de mercado podem adiantar esse ajuste. Muito cedo ainda para especular sobre esse timing, mas é difícil ficar animado com a economia brasileira nos próximos anos (com a ressalva que a situação atual, enquanto mantida, é muito boa para grande parte da população).
Com exceção de Brasil e Egito (poupem os comentários da "mistura do Brasil com Egito", por favor), há um padrão claro: o mundo está cortando juros, ou, quando esses já estão muito próximos a zero, embarcando em outros experimentos monetários menos católicos (estou pensando em EUA e, sobretudo, Japão). O crescimento global aparentemente está mais lento do que se esperava, preços de commodities vêm caindo e, como consequência desses dois fatores, a inflação está caindo em boa parte do mundo. Para pegar um caso típico: na Turquia, o índice de preços ao consumidor acumulava alta mais de 11% nos doze meses terminados em abril do ano passado; hoje, a mesma medida é de pouco mais de 6% (e o banco central turco deve seguir cortando juros amanhã, para uma taxa real ainda mais negativa).
O Brasil compartilha do problema global de crescimento, mas por aqui a resiliência e o patamar da inflação fazem com que muita gente sensata ache que o BC deveria divergir ainda mais do padrão mundial e subir os juros mais rapidamente. Grande parte da explicação para isso está numa peculiaridade do mercado de trabalho, também divergente do resto do mundo, com baixo desemprego e salários reais em alta. Essa explicação, por sua vez, encontra raízes em uma combinação de forças demográficas (tem uma matéria bacana na última piauí sobre isso, ainda fechada para não-assinantes) e um governo francamente trabalhista, que fez da indexação do salário mínimo uma de suas principais políticas de redistribuição de renda.
Disso todo mundo já sabe. A questão agora é: como evitar que o cenário atual vire uma estagflação prolongada ou mais acelerada? Não há resposta fácil (claro que o leitor chegou até aqui esperando uma solução mágica, desculpo-me). Nos EUA, a estagflação dos anos 70 terminou com o choque de juros comandado por Paul Volcker e a desmontagem progressiva do poder dos sindicatos durante o governo Reagan. Aqui, creio, antes da eleição do ano que vem será feita uma tentativa de não mexer muito nos juros, e, ao menos enquanto o poder estiver nas mãos de um partido criado a partir de sindicatos, uma saída daquele tipo parece altamente improvável (e lenta, de qualquer maneira).
Me parece que, atualmente, a maior aposta do governo é que as medidas de desoneração passadas e futuras vão, algum dia, resultar em uma dinâmica deflacionária - pouco provável, com base no que aconteceu com um dos maiores possíveis, a queda dos preços de energia elétrica. Tudo isso enquanto se torce para que não ocorra um novo choque desfavorável nos preços de alimentos e tentando evitar que o aperto no mercado de trabalho se resolva com empresas demitindo e desemprego aumentando a meses das eleições. Equilíbrio complexo e delicado, como se nota.
Tendo sucesso em não "balançar o barco" até as eleições e mantida a essência da conjuntura atual, creio que em 2015 o Brasil permitirá uma forte desvalorização cambial, alta de juros e, eventualmente, uma recessão. Porém, há muitas variáveis fora do controle dos nossos planejadores, e as condições de mercado podem adiantar esse ajuste. Muito cedo ainda para especular sobre esse timing, mas é difícil ficar animado com a economia brasileira nos próximos anos (com a ressalva que a situação atual, enquanto mantida, é muito boa para grande parte da população).
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terça-feira, 14 de maio de 2013
segunda-feira, 13 de maio de 2013
A inutilidade de previsões do PIB
Cumprindo a promessa de depois das eleições dos EUA do ano passado, estou no finalzinho do excelente The Signal and the Noise (segundo a Folha, a tradução para o Português sai mês que vem). O capítulo 6, sobre o fracasso das previsões de variáveis macroeconômicas, deveria ser obrigatório antes de qualquer curso de econometria. De lá roubei esses dois gráficos:
Esse gráfico mostra as previsões para a variação anual do PIB americano recolhidas na Survey of Professional Forecasters. As barras delimitam um intervalo de confiança de 90%, ou seja, se as previsões são corretas, em 90% do tempo o PIB observado vai se situar dentro dessas barras. Os resultados observados são os pontos pretos (quando dentro do intervalo esperado) ou os "x" (quando fora). Silver notou que, para esses anos, em 1/3 do tempo o observado ficou fora do intervalo de confiança. Estendendo o mesmo exercício para uma amostra desde 1968, em quase metade do tempo o crescimento observado ficou fora desse intervalo.
Este mostra a relação entre previsões e as observações efetivas para o crescimento do PIB entre 1986 e 2006 - a correlação (ou seja, o poder de previsão dos analistas) é praticamente inexistente.
A mensagem central do livro é: previsões funcionam bem em alguns campos, nem tanto em outros. Em alguns, a tecnologia ajudou a melhorar a qualidade das previsões; em outros, pouco fez diferença. O histórico de previsões macroeconômicas, em especial, pede no mínimo humildade e muita desconfiança de quem tenta viver certezas, sejam eles políticos ou economistas.
Esse gráfico mostra as previsões para a variação anual do PIB americano recolhidas na Survey of Professional Forecasters. As barras delimitam um intervalo de confiança de 90%, ou seja, se as previsões são corretas, em 90% do tempo o PIB observado vai se situar dentro dessas barras. Os resultados observados são os pontos pretos (quando dentro do intervalo esperado) ou os "x" (quando fora). Silver notou que, para esses anos, em 1/3 do tempo o observado ficou fora do intervalo de confiança. Estendendo o mesmo exercício para uma amostra desde 1968, em quase metade do tempo o crescimento observado ficou fora desse intervalo.
Este mostra a relação entre previsões e as observações efetivas para o crescimento do PIB entre 1986 e 2006 - a correlação (ou seja, o poder de previsão dos analistas) é praticamente inexistente.
A mensagem central do livro é: previsões funcionam bem em alguns campos, nem tanto em outros. Em alguns, a tecnologia ajudou a melhorar a qualidade das previsões; em outros, pouco fez diferença. O histórico de previsões macroeconômicas, em especial, pede no mínimo humildade e muita desconfiança de quem tenta viver certezas, sejam eles políticos ou economistas.
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sexta-feira, 10 de maio de 2013
Caption contest
Não consegui me conter, essa foto (da Dilma recebendo do presidente da Venezuela um quadro com a foto de Hugo Chávez) pede um concurso de legendas:
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Obrigada, vai ficar ótimo no meu lavabo |
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Som da Sexta - Noisettes
Descoberta da semana. A banda já tem 10 anos, e a vocalista Shingai Shoniwa tem uma voz muitíssimo distinta.
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Leituras da Semana
- Warren Buffett chega ao Twitter.
- Porque o ouro não fornece proteção contra a inflação.
- A história de 128 anos da composição do índice Dow Jones.
- Cinco mitos sobre o México.
- Sete mitos sobre keynesianismo.
- Dani Rodrik sobre o que está certo e errado com a teoria econômica.
- Quando não pagar dívidas.
- Em defesa dos sweatshops.
- Manicures nos EUA e os benefícios da importação de mão-de-obra.
- 198 países visitados, o fim da jornada de Gunnar Garfors.
- Reflexões sobre um ano sem internet.
- Marx + Cosmopolitan.
- Os 200 anos de Soren Kierkegaard. Kierkegaard como influência para a economia.
- A última entrevista de Vinícius de Moraes.
- Batman no consultório de psiquiatria e no laboratório de física.
- O infográfico mais relevante desta semana.
- Porque o ouro não fornece proteção contra a inflação.
- A história de 128 anos da composição do índice Dow Jones.
- Cinco mitos sobre o México.
- Sete mitos sobre keynesianismo.
- Dani Rodrik sobre o que está certo e errado com a teoria econômica.
- Quando não pagar dívidas.
- Em defesa dos sweatshops.
- Manicures nos EUA e os benefícios da importação de mão-de-obra.
- 198 países visitados, o fim da jornada de Gunnar Garfors.
- Reflexões sobre um ano sem internet.
- Marx + Cosmopolitan.
- Os 200 anos de Soren Kierkegaard. Kierkegaard como influência para a economia.
- A última entrevista de Vinícius de Moraes.
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- O infográfico mais relevante desta semana.
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quarta-feira, 8 de maio de 2013
Frases do Dia - Utopias
In its distance from any existing or realistically imaginable condition of society, “the communist idea” that has been resurrected by thinkers such as Alain Badiou and Slavoj Žižek is on a par with fantasies of the free market that have been revived on the right. The ideology promoted by the Austrian economist F.A. Hayek and his followers, in which capitalism is the winner in a competition for survival among economic systems, has much in common with the ersatz version of evolution propagated by Herbert Spencer more than a century ago. Reciting long-exploded fallacies, these neo-Marxian and neoliberal theories serve only to illustrate the persisting power of ideas that promise a magical deliverance from human conflict.
Da brilhante resenha de John Gray para uma nova biografia de Karl Marx, do historiador Jonathan Sperber.
P.S. Hoje Hayek faria 114 anos.
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terça-feira, 7 de maio de 2013
Gráfico do Dia - a volta da dívida externa
Desse ótimo relatório do Credit Suisse, que revisita a situação da dívida externa no Brasil (clique para aumentar). Acho que, dada essa conjuntura, a grande questão é: a que taxa de câmbio o banco central começa a entregar reservas para o setor privado honrar os compromissos no exterior?
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segunda-feira, 6 de maio de 2013
sexta-feira, 3 de maio de 2013
quinta-feira, 2 de maio de 2013
Leituras da Semana
- Entrevista de André Lara Resende no Valor. Entrevista de Gustavo Franco no Estado.
- Teoria dos jogos aplicada à guerra cambial. O grande Ariel Rubinstein: "after nearly 40 years of engaging in this field [game theory], I have yet to encounter even a single application of game theory in my daily life."
- Perfil de Janet Yellen no NY Times.
- George Akerlof sobre o futuro da macroeconomia aplicada.
- Como 37 bancos se transformaram nos quatro gigantes americanos.
- A carta de despedida de Jim O'Neill.
- Brian Eno inicia uma troca de cartas com Nassim Taleb.
- Daron Acemoglu Facts e Stuff Keynes Said.
- A melhor carreira para recém-formados nos EUA é... engenharia!
- Stephen Wolfram brincando com dados de usuários do Facebook.
- O projeto mais alucinado da ditadura brasileira?
- Como mudou o mapa da Europa desde os tempos do Império Romano.
- Para quem gosta de listas: 65 pensadores globais e as 500 pessoas mais poderosas do mundo.
- 17 segredos de comissários de voo.
- Teoria dos jogos aplicada à guerra cambial. O grande Ariel Rubinstein: "after nearly 40 years of engaging in this field [game theory], I have yet to encounter even a single application of game theory in my daily life."
- Perfil de Janet Yellen no NY Times.
- George Akerlof sobre o futuro da macroeconomia aplicada.
- Como 37 bancos se transformaram nos quatro gigantes americanos.
- A carta de despedida de Jim O'Neill.
- Brian Eno inicia uma troca de cartas com Nassim Taleb.
- Daron Acemoglu Facts e Stuff Keynes Said.
- A melhor carreira para recém-formados nos EUA é... engenharia!
- Stephen Wolfram brincando com dados de usuários do Facebook.
- O projeto mais alucinado da ditadura brasileira?
- Como mudou o mapa da Europa desde os tempos do Império Romano.
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