sexta-feira, 15 de maio de 2015

B.B. King

Uma vez, há uns 5 anos, cheguei muito cedo (antes das 7h00) para uma conferência em um hotel perto da Paulista. Na porta, estava parado um ônibus com "B.B. KING" escrito em letras imensas--sabia que ele tinha se apresentado em São Paulo na noite anterior e estava indo para Curitiba. No saguão do hotel, um velhinho meio corcunda, de boina e camiseta, dava um esporro geral no pessoal que carregava as caixas para o ônibus. Fiquei olhando para o Rei do Blues, meio pasmo; ele percebeu, armou um sorriso, acenou, virou as costas e foi embora.



Ouço regularmente bem pouca coisa do que ouvia há 10 ou 15 anos. B.B. King, claro, está entre elas. Poucos músicos me tocam tanto (me perdoem pelo clichê) na alma quanto King. Algumas letras--otimistonas, quase tontas--servem mais para me consolar do que qualquer filosofia ou texto religioso.



O melhor de B.B. King, creio, são os discos ao vivo dos anos 1960 e 1970. Live at the Regal, Live in Cook County Jail, Live in Japan e esse delírio, Live in Africa (que acho que só existe em DVD--vejam também o documentário Soul Power) são todos impecáveis. King era também o rei dos palcos, incendiário e ridiculamente carismático: ouçam, no show de Cook County Jail, ele dando dicas amorosas para os--como não dizer?--privilegiados detentos.



Me despeço de King no dia do meu 35º aniversário. Sua música, tenho certeza, vai me acompanhar até o último. Até mais, gênio.

Um comentário:

Jolico disse...

Adiro-me aos seus lamentos!