segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Por que organizar os Jogos Olímpicos?

O Alexandre Schwartsman fala sobre essa questão em seu último post (do qual copiei o título), citando um estudo publicado no Vox em abril. Para o autor, o verdadeiro ganho em sediar (ou mesmo se candidatar para) grandes eventos esportivos é no comércio internacional. O "efeito olímpico" seria um sinal de que o país está adotando uma política de abertura e liberalização, benvinda caso o país opte por uma estratégia de desenvolvimento baseada no comércio internacional. Achei bastante interessante a abordagem, vale a leitura.

Dogbert no mercado

Dilbert.com

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

RIO 2016



Parabéns à sede dos XXXI Jogos Olímpicos. Que o Brasil saiba tomar proveito, apesar de todos os pesares. E Lula deve ser a pessoa mais sortuda do mundo. Incrível.

Update: Hotéis Othon subindo 108%.

Fenômenos olímpicos

Com a disputa agora restrita a Rio e Madrid, as ações da Hotéis Othon SA, dona do famoso hotel aí da foto, sobem 58% na Bovespa.







Nas casas de apostas...

A poucas horas da decisão do COI, o Rio de Janeiro subiu de cotação, e está praticamente empatado com Chicago. Madri e Tóquio parecem fora do baralho:

Dados do Intrade.



Prêmios aos Bancos Centrais

"It should be written down as an axiom that you always invest against the central banks."
Jim Rogers


Mais um sinal dos tempos. Ontem foram entregues os prêmios Ig Nobel de 2009. Dois bancos centrais foram premiados: em Economia, o Banco Central da Islândia (em conjunto com outros três bancos privados), por "demonstrar que bancos pequenos podem rapidamente ser transformados em bancos enormes, e vice versa -- e por demonstrar que coisas similares podem ser feitas para uma economia nacional inteira"; e, em Matemática, Gideon Gono, do banco central do Zimbábue (Zimbabwe's Reserve Bank), por "dar às pessoas uma oportunidade simples e diária de lidar com um amplo espectro de números -- de muito pequenos a muito grandes -- mantendo notas com denominações de um centavo ($ 0,01) a cem trilhões de dólares ($ 100,000,000,000,000)." Ben Bernanke e diversos dos seus colegas devem estar sendo observados para premiações futuras. Brilhante.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Financial Times entrevista Benoît Mandelbrot

Veja aqui uma longa entrevista com um dos raríssimos acadêmicos que estudaram o mercado financeiro de acordo com a metodologia científica: professor Benoît Mandelbrot, do alto dos seus 84 anos. Não espere lugares comuns e respostas fáceis.

Festa na Bovespa

Do Valor Online:


TODOS. 100%. Empresas boas, ruins, lucrativas, perdedoras, comandadas por gente honesta, pilantras...
Cartoon roubado do The Big Picture.

Meu apoio (velado) ao Rio 2016

Eu sou um cético assumido. Reconheço todos os argumentos dos que são contra a realização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, e concordo com a maioria deles*. Vai ser um festival de corrupção, superfaturamentos, favorecimentos... enfim, tudo o que já está presente no dia-a-dia do país, em escala aumentada. Mas também sou um otimista com o Brasil. Acredito que o país vai dar mais um salto de desenvolvimento nos próximos anos, pelo menos no relativo com o resto do mundo, e meio que independentemente do que nossos políticos fizerem. Numa analogia geológica, as placas tectônicas estão se mexendo, e pouco importa o que está no caminho delas.

Essa premissa é um pouco frustrante, porque implica que o governo não precisa "melhorar" para que o país tenha sucesso. Pior ainda, possivelmente o sucesso será, em parte, atribuído a quem está no poder, por motivos totalmente errados (já vemos isso hoje -- vide a popularidade de Lula ou a aura de gênio que o presidente do banco central adquiriu). Será preciso muito tempo para que nossa classe política seja arejada. Assim funciona a democracia, o pior sistema de governo, exceto todos os outros.

É com essa visão um tanto conformista que torço pela realização dos Jogos Olímpicos no Brasil. Acho que, mesmo considerando os custos, não podemos deixar escapar essa oportunidade de acelerar o desenvolvimento do país -- este e seu povo são muito maiores que os políticos que os representam. Olimpíada traz desenvolvimento? Hoje o Valor cita um estudo feito pela FIA que calculou que cada dólar investido nos jogos geraria 4,26 dólares de produto para o país. Na mesma matéria, outros acadêmicos dizem que essa conta é exagerada, mas reconhecem que há um legado. Pensando apenas no Rio de Janeiro, creio que é a grande chance da cidade reverter uma decadência que vem desde que a capital do país foi transferida para Brasília.
A The Economist cita dois estudos: um corrobora a visão dos brasileiros, dizendo que os jogos podem acelerar o crescimento econômico de uma região no longo prazo -- o caso de maior sucesso é o de Barcelona, que sediou os jogos em 1992. Outro sugere que sediar uma Olimpíada é uma marca de reconhecimento, e que é mais o efeito da mudança do que uma causa. Assim, os jogos reconheceram a vitoria dos aliados na II Guerra em Londres-1948; a emergência da Austrália em Melbourne-1956; o milagre japonês em Tóquio-1964; a reconciliação da Alemanha com o mundo em Munique-1972; a guerra fria em Moscou-1980 e Los Angeles-1984; o fenômeno dos Tigres Asiáticos em Seul-1988; a União Européia em Barcelona-1992 e o "socialismo de mercado" chinês em Pequim-2008. Podem, agora, reconhecer que o tal futuro do "país do futuro" finalmente chegou. É para isso que torço. Força, Rio!
* Para esses ótimos argumentos, recomendo o Esporte Brasilis. Para fugir da seriedade do tema, vá na Olimpíada Tropical do blog do Marcelo Rubens Paiva.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Festival de deseducação financeira

Hoje, vendo a Bovespa fechar na máxima do ano e lambendo minhas feridas de pessimista, parei alguns minutos para assistir a alguns vídeos do UOL Economia. Eu sei que a essa altura eu já não deveria, mas não canso de me chocar com o baixo nível dos nossos "especialistas" -- e, neste caso, não estou falando dos jornalistas, mas sim dos convidados que se propõe a tirar dúvidas do público em geral.

No menu do dia temos:

- Um professor da Escola de Economia de São Paulo, da FGV, supostamente um dos centros de excelência em economia e finanças do país, falando sobre "oportunidades e riscos de comprar ações durante um IPO". Para o professor, baseado em uma pesquisa americana, a estratégia "vencedora" é manifestar interesse de compra durante o período de reserva e vender logo na primeira semana de negociação -- estratégia conhecida como flipping. Não vi a pesquisa que o professor cita, nem quero ver. Mas o racional do flipping é a estratégia de investimentos conhecida como greater fool theory -- não importa o preço que você pague por um ativo, você sempre vai conseguir achar alguém mais idiota para comprá-lo de você a um preço mais alto. Uma variação é a slower fool theory, onde ganha quem conseguir vender mais rápido, antes de uma virada do mercado. Ambas. como boa parte das teorias em finanças, são válidas somente para mercados em alta (bull), onde, por definição, o preço amanhã (ou em t+1, para ser genérico) provavelmente será mais alto que hoje (t0). São receitas para perdas quando não se consegue encontrar o mais idiota ou o idiota mais lento (e, no mercado em queda, os idiotas desaparecem, provando não serem tão idiotas assim). Pensando de outra maneira, uma estratégia que parte do princípio que você é mais esperto que o resto do mercado é, no mínimo, exótica. Mas, voltando ao nosso professor, isso é o recomendável - vencedor, palavras dele. Essa linha de pensamento está formando profissionais que em breve, muito em breve, poderão cuidar do seu dinheiro. Tire suas próprias conclusões.

- Um sócio-diretor de uma provedora de serviços de investimento (que, texto retirado do site da empresa, com erro de ortografia incluso, "presa pela excelência no atendimento dos clientes") falando sobre o mercado de câmbio. Quando perguntado sobre as alternativas para se investir em moeda estrangeira, ele cita a opção de comprar, via Tesouro Direto, títulos públicos atrelados a variação cambial -- títulos que o Tesouro não emite desde 2002. Desnecessário comentar o restante do conteúdo da entrevista.

Esse é o portal de internet mais visitado do país. Esses são alguns dos profissionais do nosso mercado. Informe-se, e cuide bem do seu dinheiro.

Independência do Brasil

O presidente do Banco Central do Brasil filiou-se hoje ao PMDB, com a possível intenção de se candidatar a vice-presidente na chapa de dona Dilma. Alguém ainda acha que temos um banco central independente? Incrível também notar onde os tentáculos do lulismo (ou do PMDBismo, ou do comodismo) já chegaram...

Mais no UOL.

Gráfico do dia - seguro desemprego

Está na The Economist desta semana: os noruegueses recebem mais de 70% da renda no emprego anterior como seguro desemprego -- fração que se mantem até cinco anos após a demissão! Isso que é estado paternalista... Ah, nem por isso as finanças do governo por lá são desordenadas: o país mantem um superávit fiscal de quase 10% do PIB. A rara combinação de receitas do petróleo bem administradas + população pequena + desemprego baixo produz esses milagres.


Férias em tempos de crise

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