quarta-feira, 11 de julho de 2012

Frases do Dia - Favorecimento do Governo


Government-granted privileges are pathological. Privileges limit the prospects for mutually beneficial exchange—the very essence of economic progress. They raise prices, lower quality, and discourage innovation. They pad the pockets of the wealthy and well-connected at the expense of the poor and unknown. When governments dispense privileges, smart, hardworking, and creative people are encouraged to spend their time devising new ways to obtain favors instead of new ways  to create value for customers. Privileges depress long-run economic growth and  threaten short-run macroeconomic stability. They even undermine cultural mores,  fostering cronyism, blurring the distinction between productive and unproductive entrepreneurship, and eroding people’s trust in both business and government.


Da conclusão de um ótimo trabalho de Matthew Mitchell, do Mercatus Center da George Mason University. Vale a leitura completa - os exemplos que ele usa são dos EUA, mas dá para encontrar equivalentes do Brasil em todas as categorias.

18 comentários:

Dionísio disse...

Um pouco radical. Deveríamos suprimir os assentos preferenciais para idosos no transporte público ou as escolas para deficientes?

Mesmo no âmbito estritamente econômico, as chaebols e zaibatsus do capitalismo asiático não se mostraram como freios à inovação, pelo contrário.

Creio que o problema está em assumir que na ausência de interferência governamental os incentivos estão alinhados para um ótimo de inovação e progresso. Embora seja fácil de achar exemplos desse tipo de perturbação (aqui e lá), com toda certeza não é possível generalizar.

Drunkeynesian disse...

Ele fala de privilégios para capitalistas estabelecidos, não tem nada a ver com serviço público ou privilégios para deficientes ou idosos.

Falando na economia... de novo, uma coisa é tentar induzir crescimento em um setor novo, outra é jogar dinheiro bom em cima de dinheiro ruim.

Anônimo disse...

Valeu a dica!

Anônimo disse...

http://www.jornaldamidia.com.br/2012/07/11/bndes-aprova-r-342-milhoes-para-volkswagen/

Dionísio disse...

O problema é diferenciar o que é dinheiro bom e o que não é. Me parece que um projeto de desenvolvimento induzido inevitavelmente cria "privilégios" (mudanças em câmbio, tarifas, credito direcionado). Como diz o Dani Rodrik, o maior problema não é escolher vencedores, mas deixar os perdedores afundarem.

Drunkeynesian disse...

No meu conceito, salvar empresas bilionárias e seus acionistas não pode ser bom... Uma coisa é criar vencedores, outra é perpetuar os vencedores dos ciclos anteriores.

Dionísio disse...

Claro que os riscos morais e econômicos dessas intervenções são grandes. Mas também é impossível deixar por exemplo todo o sistema financeiro colapsar. E o resgate das automotivas norte-americanas parece ser um exemplo bem sucedido de privilégio. Será que não seria o caso de falar em bons e maus privilégios ao invés de uma crítica horizontal?

Drunkeynesian disse...

Sim, talvez seja possível. Mas para pegar o caso dos EUA, não vejo como o sistema estaria pior caso os bancos fossem estatizados ao invés de socorridos (mesmo valendo para montadoras).

Alex Catarino disse...

Concordo com o Dionísio sobre a radicalidade do texto, o que não era de se surpreender porque o Mercatus Center é um think-thank libertário...

Primeiro um comentário político:
O Tea Party verdadeiramente se organizou por causa do Obamacare. Quando o TARP foi aprovado durante o Governo Bush, não havia Tea Party na rua... coincidência? ;-)

Comentário sobre a honestidade do texto:
Os Correios dos USA (USPS), ao contrário da FedEx e da American Express, têm uma razão social: eles levam correio para regiões distantes onde as companhias privadas cobrariam valores proibitivos aos consumidores.

E um comentário sobre o esquecimento:
Por que o autor não fala nas patentes? As patentes com duração de 30 ou mais anos nos EUA (e a pressão diplomática para que sejam respeitadas no mundo inteiro) é um dos maiores obstáculos à inovação.

Isso para tecer três críticas... uma pessoa podia passar um dia apontando as simplicações astuciosas do autor.

Drunkeynesian disse...

Não dá nem pra tentar esconder que o texto é libertário, concordo.

Tea Party e honestidade intelectual são como paralelas... vão se encontrar no infinito.

As outras críticas são bem pertinentes, concordo.

Dionísio disse...

Agora, o texto enseja uma boa discussão sobre os privilégios espúrios no Brasil. Acredito que o BNDES tem uma missão importante, mas confesso que fiquei chocado ao vê-lo chegar ao paroxismo de pensar em criar um "grande varejista nacional" a partir do Pão de Açúcar.

Anônimo disse...

E existe alguma ligação do tamanho desse órgãos(BNDES,...) com corrupção? Aliás, o tamanho do estado influencia significativamente na quantidade de corrupção, como dizem os libertários?

Anônimo disse...

Ser libertário ou marxista, pouco importa. O que interessa é o argumento. O que importa é se lança luz sobre algo obscuro no debate.

Anônimo disse...

Mas ser libertário não significa q vc concorda com um pacote de idéias? No final da no mesmo.

Anônimo disse...

"Aliás, o tamanho do estado influencia significativamente na quantidade de corrupção, como dizem os libertários?"
Sem instituições e transparência, sim. Estado grande é para quem pode não para quem quer! Os políticos dos países não-desenvolvidos são os que ficam nas suítes presidenciais de Paris e pagam em dinheiro, com seus Rolex de ouro nos pulsos.
Para quem não pode, quanto maior o governo pior para a sociedade.
Fernando A.

Alex Catarino disse...

Anônimo "11 de julho de 2012 21:16",
O que importa não é o argumento, são os fatos.
É sempre útil enquadrar a escola filosófica/econômica do autor, especialmente de um think tank, porque há uma tendência (para não dizer corrupção moral) de mostrar os dados que colaboram com a tese do autor e esquecer o resto.

O tamanho do Estado é completamente irrelevante no que diz respeito à corrupção, porque a corrupção é essencialmente moral e/ou cultural. O que as pessoas tomam por corrupção é essencialmente a classe política recebendo dinheiro de um grupo de interesse (de que fala o Matthew Mitchell) ou se apropriando/gastando indevidamente dinheiro público (de que falou o Fernado A.). Não será mais corrupto um sistema político-econômico onde o estado é tão desprovido de poder que os grupos de interesse diminuam os direitos e liberdades da maioria da população?

Anônimo disse...

(outro anônimo, não é o mesmo)

"Não será mais corrupto um sistema político-econômico onde o estado é tão desprovido de poder que os grupos de interesse diminuam os direitos e liberdades da maioria da população?"

Existem alguns libertários que diriam que se trata, no caso, de um estado ~fraco~ e não de um estado necessariamente pequeno. E esse estado deveria nascer dentro daquela ideia de spontaneous order do Hayek, i.e. existe um caminho histórico-institucional para as coisas aí.

Tem aquele cara complicado, o Mencius Moldbug, que escreve bem mas tem uma opinião ou outra que dá uma dor no rim e que diz:

"Einstein once said: a theory should be as simple as possible, but no simpler. As a Carlylean libertarian, I would say: government should be as small as possible, but no smaller."

Ou seja, existe uma consideração quanto à possibilidade do enfraquecimento das instituições entre os libertários mais cultivados, existe o outro lado da moeda para eles também. Vide até o sujeito que nomeia o Cato Institute para ver a importância que esse povo dá às instituições -- pode até ser uma visão institucional tosca, mas rolam essas considerações no movimento.

Anônimo disse...

Catarino, sim, o argumento deve corresponder aos fatos senão o debate científico não avança. Aliás, esse é o principal problema de marxistas e libertários. Suas explicações e idéias não guardam proximidade com os fatos.
Se entendi a tua pergunta, é o velho problema da captura. O Estado brasileiro foi capturado por uma minoria que se beneficia em detrimento da cidadania. Isto é, o Estado está voltado para atender interesses de poucos (burocratas, políticos incapazes e corruptos, empresários ineficientes, etc.) enquanto o cidadão não tem serviços públicos na quantidade e qualidade necessária.