sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Algo totalmente diferente para a sexta

Anúncio na seção "Personals" da New York Review of Books. Tente não torcer por um belo desfecho pra história:

July 4, midsummer night swing. I was sitting, listening to the music, and you came into view: café au lait complexion, unapologetically white close-cropped curls, elegant stance. I said to my brother: "Now, there's a rarity, a truly beautiful older woman." You turned, I smiled at you, you shot back a big warm smile. Then you strolled way, and because I don't accost women in public, I let you go. Is it conceiveable that you are a NYR reader, and will respond? mayhewstephen3@gmail.com.

A probabilidade dela ler a NYR é um pouco maior do que dela ler este blog, mas, se passar por aqui, escreva para o mayhewstephen3, por favor.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Como caíram os poderosos (capitalismo de estado)

Matéria interessante na última Economist sobre o desencanto do mercado com companhias de controle estatal. Em 2009, estavam entre as 10 maiores companhias do mundo bancos chineses, uma petrolífera chinesa e a Petrobras. Hoje, 9 das 10 são americanas, e o capitalismo de mercado parece ter se salvado. O gráfico é de lá, e não custa lembrar que há pouco mais de ano e meio a capa da mesma Economist era essa aqui do lado.



sábado, 21 de setembro de 2013

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Dilma por Kal

A tirada de sarro da Economist desta semana:



quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O Ibovespa está morto, vida longa ao Ibovespa!

Um exercício simples, que pode ser resolvido com duas buscas na internet: quais são as 10 maiores companhias dos Estados Unidos? E do Brasil? Se usarmos como critério as receitas anuais, as respostas são, para os EUA: Wal-Mart, Exxon Mobil, Chevron, Phillips 66, Berkshire Hathaway, Apple, General Motors, General Electric, Valero Energy e Ford Motor; e, para o Brasil: Petrobras, BR Distribuidora, Vale, Ipiranga Produtos, Volkswagen, Cargill, Fiat, Vivo, Raízen e Bunge. Todas as 10 maiores americanas fazem parte do S&P 500, o principal índice do mercado de ações por lá. No Brasil, apenas três são listadas na Bovespa, sendo uma delas de controle estatal.

O resto do texto está no Estadão.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Gráficos do Dia - Desigualdade nos EUA

Emmanuel Saez, de Berkeley, atualizou os dados do seu famoso trabalho de 2003 (em parceria com Thomas Piketty) sobre desigualdade de renda nos EUA. Nunca antes na história daquele país os 1% mais ricos (em 2012, famílias com renda anual maior que US$ 112 mil) ou os 0,1% mais ricos (renda familiar maior que US$ 10,25 milhões) tiveram fração maior do total:



A Economist montou esse gráfico, derivado dos mesmos dados. Curioso ver que os ricos ganharam pra valer nos anos Clinton, com a "exuberância irracional" no mercado de ações, perderam pouco na recessão de 2011 e voltaram a prosperar nos anos Bush. E chocante notar que 95% do aumento da renda nos últimos quatro anos veio dos 1% mais ricos:


Joseph Stiglitz comentou no Financial Times.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Já que não dá tempo de escrever...

... vou, descaradamente, apelar para um clipping de imagens (ideal para os leitores que sofrem do mesmo problema que eu):

1. Outra tirinha do Calvin sobre economia (na verdade é uma versão resumida da que eu tinha publicado aqui). Roubado do Economistas Xs.


2. Esta capa espetacular, triste e desesperadora da última New Yorker, desenhada pelo Adrian Tomine. Acho que vale por um tratado de centenas de páginas sobre os problemas de quem vive em megacidades hoje em dia. Mais aqui.


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Leituras atrasadas

O que deu pra contrabandear entre as páginas do Mas-Collel, Whinston & Green (aliás, estou pensando em fazer uma camiseta com esses nomes nesse estilo--acho que já preciso de férias):

- Os 200 blogs de economia mais influentes do mundo.

- Um Q&A útil da Goldman Sachs sobre como andam os mercados emergentes.

- Um tradutor economia - sociologia (e vice-versa).

- Michael Woodford, o economista mais influente do mundo?

- Livro interessante que está por vir, sobre a reinvenção do capitalismo de estado a partir do caso do Brasil.

- Tim Harford sobre os grandes bancos, não poderia concordar mais.

- Morreu o grande David S. Landes, autor de A Riqueza e a Pobreza das Nações. Uma resenha de Deirdre McCloskey da época do lançamento desse livro (via Leo Monasterio) e o obituário do NY Times. Morreu também o Ronald Coase, mas este era famosão, mais fácil encontrar informação.

- Mark Blyth indica cinco livros sobre economia política.

- A orientação política da The Economist.

- Cinco distorções cognitivas de "gente que faz".

- Dinamarca = Boston.

- Viva a boa cerveja: o criador da Sam Adams ficou bilionário.

- Um esquema de citações em algumas publicações científicas brasileiras.

- Um dicionário de clichês, por Teju Cole.

- 10 grandes entrevistas da Playboy. Faltou a do Tim Maia.

- Um mapa dinâmico com todos os protestos no planeta desde 1979.

- Perfilzão de Chris Ware na Intelligent Life, que é a melhor revista que você pode assinar de graça no iPad.

- Paulo Francis entrevistando Gisele Bündchen.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Rent-seeking e o jogador de 100 milhões de euros

A grande notícia desta temporada de transferências no futebol europeu foi a venda do galês Gareth Bale do Tottenham para o Real Madrid por alegados 100 milhões de euros. Não vou tentar discutir aqui quantos Neymares deve valer Bale, mas sim alguns aspectos econômicos por trás do negócio (e já peço desculpas ao vizinho Roberto de Lira por roubar um potencial assunto dele).
Primeiro, o que determina o preço de um jogador? Se considerarmos que o atleta é um ativo do clube onde atua, seu preço poderia ser estimado como o de uma ação ou título de renda fixa, trazendo a valor presente toda receita estimada que ele trará ao clube durante sua passagem. Porém, contar com isso é arriscado: para cada Cristiano Ronaldo, que no primeiro ano em Madri vendeu 1,2 milhão de camisas só na cidade e ajudou a arrecadar estimados 120 milhões de euros, existem tantos outros Ibrahimovics ou Fernandos Torres, que passaram longe de justificar o valor dos seus passes quando foram transferidos, respectivamente, para Barcelona e Chelsea.
O resto do texto está no Estadão.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O que leem os gestores de investimentos brasileiros?

O Valor teve uma iniciativa legal, perguntando para vários gestores de investimentos brasileiros quais livros eles recomendam. Dos entrevistados de hoje (espero que sigam fazendo matérias desse tipo):

Paulo Bodin, Tempo Capital:

- Against the Gods: The Remarkable Story of Risk, Peter L. Bernstein
- Wealth, War & Wisdom, Barton Biggs

Arminio Fraga, Gávea Investimentos:

- Manias, Panics and Crashes: A History of Financial Crises, Charles Kindleberger
- Pioneering Portfolio Management: An Unconventional Approach to Institutional Investment, David Swensen
- Against the Gods: The Remarkable Story of Risk, Peter L. Bernstein
- Fortune's Formula: The Untold Story of the Scientific Betting System that Beat the Casinos and Wall Street, William Poundstone
- The Collected Writings of John Maynard Keynes, volume XII: Economic Articles and Correspondence Investment and Editorial, John Maynard Keynes

Luiz Carlos Mendonça de Barros, Quest Investimentos:

- Un Sorte de Diable: Les vies de John M. Keynes, Alain Minc
- Keynes: O Regresso do Mestre, Robert Skidelsky
- A Bola de Neve: Warren Buffett e o Negócio da Vida, Alice Schroeder
- A Arte da Guerra, Sun Tzu

Dório Ferman, Opportunity:

- The Warren Buffett Way, Robert G. Hagstrom
- Fooled by Randomness, Nassim Nicholas Taleb
- When Genius Failed, Roger Lowenstein
- Against the Gods: The Remarkable Story of Risk, Peter L. Bernstein

Roberto Vinhaes, Investidor Profissional:

- The Foundation Trilogy, Isaac Asimov
- Sources of Power: How people make decisions, Gary Klein
- Atlas Shrugged, Ayn Rand
- Philosophy, who needs it, Ayn Rand

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Expandindo os domínios

Hoje estreou no portal do Estadão O Andar do Economista Bêbado, a versão menos diletante deste blog. Apareçam por lá, também.

Delfim e a guerra cambial

Quando quer, Delfim é dos economistas mais lúcidos deste país. Por vezes, porém, é de um sabujismo que passa por cima de qualquer traço de honestidade intelectual. Hoje, no Valor, pede para os "críticos impertinentes fazerem justiça à retórica do ministro Guido Mantega", já que ele teria se provado correto quanto à "guerra cambial" promovida pelo Fed.

Ora, a guerra cambial não era uma tentativa de desvalorizar a própria moeda e colocar os vizinhos e parceiros comerciais em má situação? Na conveniência de Delfim, a lógica se inverteu: agora o Fed, ameaçando aumentar os juros, provoca desvalorização nas moedas dos emergentes (curiosamente, não no euro, libra, iene, etc). Não sabemos o que queremos, contra quem estamos lutando, de que lado estamos... mas estamos numa "guerra", e precisamos "lutar". A retórica é de propaganda de cerveja em época de Copa, e a tradição brasileira de tentar distribuir a culpa pelos próprios descaminhos econômicos tem um passado glorioso e um futuro promissor, como diria outro dos grandes tecnocratas da história do país.

Adiante, diz Delfim:

"O que os emergentes têm pela frente, portanto, não é um trilema. É um pobre dilema: impor controle à plena liberdade no movimento dos capitais ou entregar sua política monetária ao banco central americano, o Fed! Sua superação precisa de uma ordem internacional inteligente."

O Fed não é o maior BC do mundo desde anteontem, portanto, ou Delfim está certo, ou só é possível ter política monetária independente com controle de capitais (ignoremos os que têm conseguido fazê-lo). De novo, o inimigo está fora, é grande e não há nada que possamos fazer. Talvez a melhor solução seja mesmo alugar o Brasil (nós não vamo pagá nada, yeah).

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O fim do “duplo equilíbrio” nos juros?

Texto desta semana para a Agência Estado.


Entre as inúmeras explicações dadas para a persistência de juros reais altos no Brasil, a tese do “duplo equilíbrio” é das mais interessantes. Por ela, o país estaria preso em uma armadilha que se auto-alimenta: partindo de um nível alto de juros, o serviço da dívida é caro, requerendo um grande esforço fiscal e embutindo um risco grande para os títulos soberanos. O risco serve para justificar as taxas altas pedidas pelo mercado para carregar a dívida, e o preço dos títulos encontra equilíbrio a um nível de juros ainda mais alto, que deve ser sancionado pelo banco central na formulação da política monetária.

Para quebrar a armadilha, seria necessário um choque externo que colocasse os juros de partida num nível mais baixo. Isso reverteria o ciclo descrito acima: as taxas menores reduziriam os pagamentos de juros e o risco da dívida, levando o mercado a um novo equilíbrio, sem comprometer o controle da inflação.

Quaisquer que sejam os reais motivos que levaram o Banco Central do Brasil a, a partir de março de 2012, levar a taxa Selic aos níveis mais baixos em várias décadas, entre eles poderia estar uma justificativa “técnica”, embasada pela elegante teoria do “duplo equilíbrio” descrita acima. Se o experimento desse certo, Tombini e sua equipe entrariam para a história por terem, em uma decisão audaciosa, livrado os contribuintes brasileiros de transferirem bilhões de reais para os detentores da dívida ao longo do tempo. A combinação do ambiente de juros internacionais perto dos níveis mais baixos da história com anos de alguma disciplina fiscal, melhora notável do perfil da dívida (fim da dívida remunerada pela variação cambial e redução da emissão de LFTs) e acúmulo de reservas internacionais contribuiriam para aumentar a probabilidade de sucesso da mudança de rumo na política monetária.

Faltou, claro, combinar com a inflação, que foi o fator decisivo para que tal experimento começasse a ser revertido depois de pouco mais de um ano. Porém, o aumento da inflação deveria ter papel menos relevante na determinação dos juros reais--apenas levaria a uma alta na Selic que compensasse o desvio com relação à meta. Não foi o que ocorreu: os juros reais de longo prazo, medidos pela taxa de mercado das NTN-Bs, passaram pouco tempo ao redor de 3% (o que seria compatível com o objetivo declarado de levar os juros reais de um dia a 2%), e já voltam a flertar com o nível que parecia ser o equilíbrio anterior, ao redor de 6%.

Com esses resultados, sai enfraquecida a hipótese do equilíbrio duplo. Pior do que isso, as evidências apontam para a velha tese da “dominância fiscal” defendida por Olivier Blanchard*: o aumento nos juros tem sido acompanhado por uma depreciação no câmbio, como se a juros mais altos a dívida brasileira ficasse menos atrativa para o investidor global. Isso se explicaria por um maior risco de calote na dívida (como estamos tratando de dívida interna, essa probabilidade é melhor descrita como risco de mais depreciação no câmbio, controles de capital e aceleração da inflação para além do que o mercado precifica), que afastaria novos aplicadores e aumentaria o prêmio de risco para investimentos no país.

A saída da “dominância fiscal” é por via conhecida, ou seja, ortodoxa: aumentar o esforço fiscal, deixar o câmbio se ajustar, baixar a inflação e depois tentar um novo patamar para os juros. Parece ser para esse lado que o pêndulo está balançando, ainda que por uma somatória de forças conflitantes. Os meses do experimento ao tentar forçar um novo equilíbrio serviram, ao menos, para provar que a Selic alta não era nem de longe o principal obstáculo ao crescimento do país.


* Fiscal Dominance and Inflation Targeting: Lessons from Brazil, NBER Working Paper No. 10389