quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Adeus, 2012

O blog se despede deste interessante ano (algum não foi?). Agradeço imensamente aos leitores que passaram por aqui ou pelo Twitter, sobretudo aos que gastaram algum tempo comentando, corrigindo, debatendo, elogiando, criticando etc... Tocar a Drunkeynesian Empreendimentos consome um trabalho que muitas vezes parece quixotesco e sem sentido. Olhando em perspectiva, porém, tem sido uma enorme fonte de aprendizado e uma lição de humildade diária; espero que, em alguma medida, também tenha sido para vocês.

Uma grande passagem de ano a todos, do tamanho da vossa generosidade com este escriba (é enorme, posso atestar). Vou ali, olhar o mar, tomar cerveja e jogar dominó, semana que vem estou de volta. Por enquanto, fiquem com a sabedoria e visão do Bruxo Chik Jeitoso.


Masai Mara, Quênia (tive a sorte de tirar essa foto)

Frases do Dia - Solow e Capitalismos

"There is not some glorious theoretical synthesis of capitalism that you can write down in a book and follow. You have to grope your way."

Robert Solow, em 1991, para o New York Times (citado por John McMillan)

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Os filmes de 2012

2012 foi um ano ótimo para dizer que o cinema está em decadência, que Hollywood prefere o comodismo de investir em sequências e filmes de super-heróis (idealmente juntando as duas coisas), que a Europa está quebrada e isso se reflete na produção cinematográfica, etc, etc... Como não acredito muito nisso tudo (e ainda não li o livro novo do David Denby para ter uma opinião mais embasada), só torço para que ao longo do tempo a produção de grandes filmes volte para uma média, e que isso seja indicação de que em 2013 veremos muitos bons filmes por aqui.

O fato é que nada que vi este ano (critério: foi lançado nos cinemas no Brasil) me empolgou tanto quanto os melhores filmes do ano passado (Cisne Negro, Incêndios, Homens e Deuses, Em um Mundo Melhor, A Minha Versão do Amor...). Tenho grandes expectativas, porém, para vários dos filmes que apareceram nos EUA e Europa no segundo semestre e devem ser lançados aqui de forma estabanada, poucas semanas antes do Oscar: os novos de Paul Thomas Anderson, Tarantino, Kathryn Bigelow e Michael Haneke; o Lincoln de Spielberg, etc. Enfim, aí vão os filmes que mais gostei neste ano (em ordem alfabética):

- Argo, Ben Affleck

Abusa dos recursos dramáticos para contar uma história que não precisaria deles; ainda assim, vale ser assistido. Daí a merecer o Oscar (como alguns disseram) há um grande abismo.

- A Chave de Sarah (Elle s'appelait Sarah), Gilles Paquet-Brenner

Vale pela atuação de Kristin Scott Thomas e pela boa história dentro da ocupação nazista na França. Não li o livro, que dizem ser bom, também.

- Deus da Carnificina (Carnage), Roman Polanski

É mais uma peça de teatro gravada do que um filme, mas acho que não teremos muitas oportunidades de ver Jodie Foster, Kate Winslet, Christoph Waltz e John C. Reily juntos num palco, dirigidos pelo Polanski.

- Drive, Nicolas Winding Refn

Ryan Gosling mostrando que é um dos melhores atores da sua geração. Legal também ver Refn (dinamarquês, da ótima série Pusher) entrando de vez no mercado americano.

- Elefante Branco (Elefante Blanco), Pablo Trapero

O melhor argentino que apareceu por aqui. Trapero segue filmando os submundos de Buenos Aires, aqui lembrando um pouco Cidade de Deus (acho que ficou impossível para qualquer cineasta filmar violência em favelas no mundo sem o público lembrar dessa referência).

- Entre o Amor e a Paixão (Take This Waltz), Sarah Polley

Não pode ter erro um filme cujo título toma emprestada uma música do Leonard Cohen, né?

- Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios, Beto Brant

Melhor filme brasileiro que vi no ano (OK, a amostra é minúscula). Camila Pitanga se entrega no papel, e as paisagens do Pará ficam lindonas na tela grande (Pará está no topo da lista de lugares que quero conhecer). Ah, o livro do Marçal Aquino também é ótimo.

- O Garoto da Bicicleta (Le gamin au veló), Jean-Pierre e Luc Dardenne

O inferno das boas intenções, para pensar e repensar.

- O Gato do Rabino (Le chat du rabbin), Antoine Delesvaux e Joann Sfar

Aventura delirante de um gato que quer se converter ao judaísmo, numa Argélia que ainda tolerava diversas religiões. Sempre bom constatar que existe vida inteligente nos desenhos animados fora da Pixar.

- Na Estrada (On the Road), Walter Salles

Não tenho nenhuma devoção pelo livro do Kerouac, talvez por isso tenha gostado do filme. A trilha sonora, que mistura bebop com composições atuais do argentino Gustavo Santaolalla, é espetacular.

- O Porto (Le Havre), Aki Kaurismäki

Trata com rara leveza o problema da imigração ilegal da África para a Europa e é lindamente filmado.

- Rota Irlandesa (Route Irish), Ken Loach

O problema da terceirização da segurança no Iraque aos olhos de um simpatizante de longa data dos trabalhadores mais pobres.

- A Separação (Jodaeiye Nader az Simin), Asghar Farhadi

Talvez "o" grande filme do ano, derruba um monte de clichês sobre o Irã e alimenta outros. Desde que vi no cinema estou para rever, acho que é o tipo de filme que vai melhorar a cada vez que é revisitado (por mais nada, é sempre bom ver a Leila Hatami na tela).

- Shame, Steve McQueen

Achei que é mais sobre a solidão numa grande cidade do que sobre o vício em sexo, mas tem bastante deste, também.

- Tudo Pelo Poder (The Ides of March), George Clooney

Clooney repete o bom cinema com tema político de Boa Noite e Boa Sorte. Elenco excelente.

- Weekend, Andrew Haigh

O amor homossexual livre de constrangimento ou clichês, como deveria ser tratado sempre.


Quase apareceram na lista acima: A Toda Prova, Além da Liberdade, Apenas Uma Noite, Os Descendentes, O Exótico Hotel Marigold, Histórias Cruzadas, O Homem Que Mudou o Jogo, Intocáveis, Jovens Adultos, Magic Mike, Precisamos Falar Sobre o Kevin, Procura-se um Amigo Para o Fim do Mundo, Selvagens.

Algumas coisas recentes muito boas que passaram batido pelo cinema aqui (alguns apareceram na Mostra de São Paulo): Chico & Rita, Jiro Dreams of Sushi, Liberal Arts, Margaret (filmaço), Martha Marcy May Marlene, Tiny Furniture.

O inferno da The Economist

Dá para gastar um bom tempo pirando na capa da última The Economist do ano (não dá pra ver muita coisa nessa versão em baixa definição, mas vale procurar o impresso). Ainda não li, mas a edição de fim de ano nunca decepcionou, com várias matérias muito boas sobre temas aleatórios (este ano: história do Paraguai, uma roadtrip para o Tibete, a maior favela da África, quadrinhos na internet etc...).


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Drunkeynesian Awards 2012

A exemplo do ano passado, uma lista de coisas aleatórias que me chamaram a atenção durante o ano (durante os últimos dias, na verdade - viva o viés de disponibilidade):

- Melhor hedge fund: São Paulo Futebol Clube, que, dizem as fontes, ganhou R$10 milhões só com a oscilação do câmbio euro / real após fechar a venda do Lucas para o PSG.

- Livro mais presciente sobre o pós-crise (até agora): Capitalism 4.0, do colunista da Reuters Anatole Kaletsky. Quando li, a linha de achar que "problema adiado é problema resolvido" parecia delirante, mas o comportamento dos mercados na Europa este ano confirmou-a com todas as letras.

- Ideias mais interessantes sobre mercados: Christopher Cole, aproveitando um ano em que o Hugh Hendry andou meio quieto.

- Melhor investimento, categoria macro: ativos da Grécia, pasmem. Os juros dos títulos de dez anos caíram 2400 p.b. desde o início do ano, a bolsa subiu mais de 30%... Esse negócio de arrancar dinheiro do mercado financeiro é difícil pra caramba.

- Melhor investimento, categoria large caps: ações do Bank of America, preço mais do que dobrou em 2012. No geral, ações de bancos no mundo desenvolvido foram um ótimo negócio, cortesia das molezas proporcionadas pelos bancos centrais.

- Pior case do mercado de ações brasileiro: disputa dura entre as companhias elétricas (Eletrobras vai terminar o ano tendo perdido mais de 60% do valor de mercado) e as empresas do grupo X. Mas...


(a propósito, o Ibovespa teve, em dólares, o pior desempenho do ano entre os principais índices de ações do mundo. Onde mesmo era a crise?)

- Troféu Torre de Babel: ações da Apple, que ameaçaram subir até o céu (mas já caíram 26% desde a máxima, em setembro). Ao preço atual, confirma a regra de bolso que diz que poucas companhias aguentam muito tempo com valor de mercado acima de US$500 bilhões.

- Paper econômico mais pertinente (dos poucos que li): The dog and the frisbee, do diretor do Banco da Inglaterra Andrew Haldane, defendendo que um mundo ultracomplexo requer modelos de regulação bancária muito mais simples do que os protocolos da Basiléia. Leva também a ideia econômica do ano, ainda que 2012 foi mesmo o ano em que a que eu tinha mencionado ano passado (metas para o PIB nominal) pegou pra valer.

- Melhor twitter, categoria Lucy in the Sky With Diamonds: @stanleyburburin, claro, com teorias que fazem as do Nassif e do PHA parecerem versões atualizadas dos encadeamentos lógicos do Bertrand Russell.

- Melhor twitter, de verdade: @mkarl, porque um baixista-vascaíno-libertário-de-Petrópolis-morando-nos-confins-da-Alemanha só pode ser engraçado e pertinente.

- Melhor blog novo estrangeiro: Behavioral Macro. Posts não muito frequentes, mas sempre uma aula de como se aplica economia na prática dos mercados.

- Melhor blog novo brasileiro: Apogeo - ainda que mais professoral do que gosto de acompanhar, tem feito um grande trabalho de educação do investidor médio.

- Melhor site de comics: Vida e Obra de Mim Mesmo. xkcd é hors concours, claro (ainda que eu não entenda uns 30% das piadas).

- Foto do ano: era essa, de um urso sendo resgatado no Colorado:


... até que ontem alguém postou isso no twitter (o grande Carlos Valderrama lavando a própria estátua em Santa Marta, Colômbia):



- Melhor factóide: companheira Rose viajando com mala de dinheiro (apenas 25 milhões de euros) em voo diplomático para depositar em bancos de Portugal.

- Troféu Chora The Economist: Silvio Berlusconi, que, após ter anunciado aposentadoria da política, mudou de ideia e deve tentar voltar ao poder na Itália em 2013.

- Maior Lusófono de Todos os Tempos (que, por definição, é melhor que o Maior Brasileiro de Todos os Tempos): Miguel Marujo, por atualizar diariamente e com zelo impecável o E Deus Criou a Mulher.

- Melhor série de TV: a dinamarquesa Borgen (na verdade foi a única recente que vi - só neste ano perdi o preconceito com séries, ao começar a ver The Wire com dez anos de atraso).

- Descoberta musical do ano: a genialidade do Raça Negra, após ouvir as versões hipster.

- Melhor ano para a história da música popular: 1942, após constatar que foi quando nasceram Gilberto Gil, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Jimi Hendrix, Tim Maia, Jorge Ben, Paul McCartney, Isaac Hayes, Lou Reed, Curtis Mayfield, John McLaughlin, Milton Nascimento, Nara Leão, Clara Nunes...

- Troféu Puskas do Mundo Bizarro: Diego Souza, por motivos óbvios. A nação corinthiana agradece.

- Anti-herói do ano: o cidadão do Qatar Emerson Sheik, claro.

- Melhor prova irrefutável de que o Brasil deu certo: Monica Bellucci anunciando mudança para o Rio.

Espero que tenham se divertido lendo isso metade do que eu me diverti escrevendo. Bom final de semana do não-final do mundo (ainda volto por aqui semana que vem).

P.S. Não podia deixar de mencionar o Troféu Homem de Visão (obrigado pela lembrança, Samer) para o craque Zé Love, que esnobou o Milan, seguiu jogando no lanterna do campeonato italiano (1 gol marcado pelo clube até agora) e, dizem as más línguas, vai parar no Vasco (chora, Magno Karl).

Som (natalino) da Sexta - Louis Prima

Porque tem coisa melhor que o disco de Natal do Rod Stewart, né?

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Os Livros de 2012

A exemplo dos anos anteriores, aí vai o que achei de melhor nas minhas leituras onívoras de bom neste ano curto (vai acabar amanhã, logo, teremos alguns dias a menos):


Economia, mercados e afins:

- Diary of a Very Bad Year (2010)

Série de entrevistas de um (muito inteligente) gestor de hedge funds anônimo para a revista n+1 ao longo da crise de 2007 - 2009. Grande maneira de ver como pensam esses profissionais e um ótimo documento histórico para o período.

- Hedge Fund Market Wizards, Jack Schwager (2012)

Jack Schwager adiciona mais um bom título para sua série Market Wizards. Dos melhores aprendizados para quem senta ou quer sentar em uma mesa de operações.

- Bumerangue, Michael Lewis (2011)

Compilação ligeiramente modificada das matérias que Michael Lewis fez para a Vanity Fair após a crise. Resenhei aqui.

Reinventing the Bazaar: A Natural History of Markets, John McMillan (2003)

Livro fascinante e isento (na medida do possível) de ideologias sobre essa instituição tão discutida e pouco compreendida. Mais satisfatório ainda ver que passou incólume pelas várias mudanças de paradigma dos últimos anos.

- Economix: How and Why Our Economy Works (and Doesn't Work), in Words and Pictures, Michael Goodwin e Dan E. Burr (2012)

Uma ótima e honesta introdução à história do pensamento econômico, em forma de quadrinhos. Deve ser um ótimo material didático.

- American Sucker, David Denby (2005)

Denby é o crítico fodão de cinema da New Yorker; este livro é o relato da tragédia pessoal dele quando ele se divorciou e resolveu tentar surfar na bolha do Nasdaq, entre 1999 e 2001. Além da crônica dos tempos, é mais uma grande lição de como pessoas muito eruditas e inteligentes às vezes deixam-se levar por manias irracionais.


Temas menos mundanos:

- The Memory Chalet, Tony Judt (2011) e Thinking the Twentieth Century, Tony Judt e Timothy Snyder (2012)

O legado final do grande Tony Judt. Resenhei o primeiro aqui e separei alguns trechos do segundo aqui.

- Notícias do Planalto, Mario Sergio Conti (1999)

Não só li com 13 anos de atraso, como li antes de sair a nova edição. De qualquer jeito e com todas as falhas e vieses possíveis, parece um livro essencial para compreender o Brasil.

- Imperium, Ryszard Kapuscinski (1995)

Kapuscinski e sua relação com o império soviético, desde a época de estudante na Polônia-satélite até a dissolução nos anos 90. Muito bom conhecer um pouco de cada uma das repúblicas, que soam tão obscuras pra gente do outro lado do mundo.

- A Perfeição Não Existe, Tostão (2012)

Não bastasse ter jogado o que jogou, Tostão tem o melhor texto da imprensa esportiva brasileira.

- The Hare with the Amber Eyes, Edmund de Waal (2011)

Justificou todo o hype. De Waal usa miniaturas de porcelana para contar a história de sua família em algumas das cidades mais agitadas do mundo no final do século XIX / início do século XX.

Gut Feelings: The Intelligence of the Unconscious, Gerd Gigerenzer (2007)

Ótimo contraponto à moda corrente de economia comportamental. Gigerenzer mostra como o inconsciente às vezes joga a nosso favor e o valor da simplicidade e heurística.

- Diário da Corte, Paulo Francis (2012)

Legal voltar a ler Francis, aqui escrevendo, entre 1976 e 1990, para a Folha. Tem uma resenha minha aqui.

- De Carona com Buda: o Japão de Cabo a Cabo, Will Ferguson (2007)

Ótima companhia para a viagem ao Japão. Ferguson foi de uma ponta a outra do Japão pegando carona com os locais e tentando decifrá-los.


Ficção:

- The Amazing Adventures of Kavalier & Clay, Michael Chabon (2000)

Um dos favoritos do NPTO, não à toa.

- A Chave de Casa, Tatiana Salem Levy (2007)

Das autoras da minha geração que mais gostei de conhecer, sobre a relação de pessoas com lugares e o passado conhecido e desconhecido.

- Neve, Orhan Pamuk (2006)

O comitê do Nobel às vezes acerta. Livro lindíssimo.

- Two Caravans, Marina Lewycka (2008)

Uma nota abaixo do anterior, mas ainda muito engraçado. Quero muito ler o mais recente.

- The Marriage Plot, Jeffrey Eugenides (2011)

Também justifica o hype, ainda que eu tenha uma compaixão assumida por histórias de síndromes de Peter Pan mal resolvidas.

- O Rei Branco, György Dragomán (2009)

Ser criança na Romênia comunista não era fácil. Muito bom quando um livro comprado pelo simples motivo de estar no saldão da Fnac surpreende tão positivamente.

- The Dinner, Herman Koch (2009)

Comprei pela empolgação da The Economist, que raramente fala tão bem de ficção. Difícil não ler em uma só sentada.

- A Megera Domada, Shakespeare (circa 1590)

Nunca é tarde demais pra começar a ler Shakespeare, né? Ótima tradução do Millôr na edição da L&PM.


Quadrinhos

- Habibi (2011) e Carnet de Voyage (2004), Craig Thompson

O primeiro é um épico delirante e ridiculamente bem desenhado, o segundo é um diário de viagem de um americano meio caipira, observador e muito sensível (e também ridiculamente bem desenhado).

- Box Office Poison, Alex Robinson (2001)

Dos tantos quadrinhos que falam da vida de jovens em grandes cidades, esse é o que mais me agradou.

- Deus, Essa Gostosa, Rafael Campos Rocha (2012)

Poucos sabem, mas Deus é uma negra escultural, dona de um sex-shop. Merece muitas continuações.

- Toda Rê Bordosa, Angeli (2012)

Toda a obra do Angeli merece ser eternizada em livro, este é um bom começo.

Leituras Atrasadas (últimas do ano)

Para antes da turma ir ler 50 Tons de Cinza na beira do mar:

- Vá ao pub para entender o Natal.

- O PIB cósmico está em colapso. Não à toa o mundo acaba amanhã.

- Ian Bremmer sobre a bobagem do "conceito" BRICs.

- Como é a distribuição de renda nos BRICs.

- Um ótimo pacote de dados da economia brasileira, cortesia do Credit Suisse.

- 370 anos de bancos centrais em um gráfico.

- Ótima introdução para o teorema de Bayes.

- Uma olhada na caixa preta das finanças dos clubes de futebol brasileiros.

- Almoços com Nassim Taleb e Warren Buffett.

- Stephen Wolfram sobre a biografia de Benoît Mandelbrot.

- Conheça Maria Popova, a dona do ótimo Brain Pickings.

- Woody Allen respondendo questões esquisitas.

- Boa entrevista do FHC para a Folha.

- Mais listas de livros: Financial Times, Psy-Fi Blog, Bloomberg, The Economist, London School of Economics, Bill Gates, Foreign Policy.

- Os melhores cartazes em protestos no ano.

- O hype em torno de Chris Ware e seu novo "livro".

- Confirmada a existência de unicórnios - na Coreia do Norte, onde mais.

Gráfico do Dia - Custo China

Gráfico do especial The World in 2013, da The Economist (costumam publicar em Português por aqui, alguém já viu nas bancas?). Créditos da imagem tosca para minhas incríveis habilidades de digitalização e edição gráfica.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Retrospectiva Drunkeynesian 2012

(ou: aquela tentativa de requentar posts antigos e atrair leitores sem precisar de criatividade)

- Comecei o ano fazendo as inevitáveis previsões para 2012 - acertei algumas, errei outras (depois faço o balanço sistemático), como um bom babuíno jogando uma moeda faria. Ainda em janeiro, o Fed anunciou que perseguiria uma meta de inflação e o preço dos títulos da dívida europeia começaram a mostrar uma divergência que, em certa medida, se manteve até hoje.

- Em fevereiro, o Brasil leiloou com um ágio absurdo a concessão de operação de três grandes aeroportos e a situação na Grécia começou a degringolar. As ações da Apple já tinham começado a voar, e a companhia passou os US$500 bilhões de valor de mercado. No finalzinho do mês, o Banco Central Europeu anunciou o LTRO, grande moleza para salvar o sistema bancário do continente.

- No começo de março, fui a Belo Horizonte para o II Encontro Nacional dos Blogueiros de Economia, que rendeu boas discussões, bastante cerveja e, de brinde, uma visita ao fabuloso instituto de arte de Inhotim, que deve ser das coisas mais legais que há pra se fazer no Brasil hoje. O Banco Central levou o mercado a acreditar que a Selic pararia de ser cortada antes do mínimo histórico de então (8.75% - parem de rir), azar de quem deu crédito. A Encyclopaedia Britannica parou de ser publicada e o grande Jorge Ben completou 70 anos.

- Abril começou com muita gente acreditando que a Apple é uma fraude. O mercado começou a precificar o QE3, a Fazenda anunciou o plano Brasil Maior (ainda se achava que o PIB cresceria mais de 4% neste ano). Fiz um post sobre spread bancário no Brasil que deu um trabalho imenso e gerou uma repercussão legal. Os juros longos do Brasil voltaram a operar abaixo de 10%, ainda tinham muito mais pra cair; o grande Hugh Hendry começou a gorar Eike Batista.

- Em maio o blog atingiu cem mil acessos - incrível ver como desde então esse número dobrou, viva as não-linearidades. Começou a ficar clara a revolução que a queda dos juros está provocando no país (pelo menos para o mercado financeiro). Muita gente passou a acreditar que o euro não terminaria o ano (logo mais faço um post sobre as capas de revista). Saiu o IPO do Facebook, apostei contra (e acho que ganhei, depois confiro). Dona Lagarde deu uma entrevista histórica para o Guardian. Apanhei para conseguir montar um histórico longo de juros no Brasil.

- Em junho fui passar frio em Buenos Aires; na volta, escrevi um dos posts que mais gosto na história deste blog. Começou a Eurocopa, que terminou com um baile da Espanha sobre a Itália. Morreu Elinor Ostrom, a única mulher a ganhar um Nobel de economia. A Grécia votou e descartou a opção de sair do euro voluntariamente. Graças ao Reinaldo Azevedo, o pau quebrou na blogosfera econômica, e este post sobre a treta foi o mais acessado da história deste blog (o que comprova que o leitor gosta mesmo é de polêmica). As ações das empresas "X" entraram em queda livre, e o mundo começou a acordar do sonho Eike Batista. Foi a vez de Gilberto Gil entrar para o clube dos septuagenários.

- Em julho a Anne-Marie Slaughter publicou um dos textos mais comentados do ano, sobre a conciliação de trabalho e o resto da vida por mulheres. A profecia de final do mundo começou a parecer mais verossímil. Os Rolling Stones completaram 50 anos de carreira (e o Keith Richards seguramente sobreviverá ao fim do mundo). O México começou a virar o queridinho dos investidores entre os países da América Latina, com alguma razão (analisei aqui). Começaram as fabulosas Olimpíadas de Londres.

- Caetano Veloso completou 70 anos no dia 3 de agosto; duas semanas depois, perdemos o grande Altamiro Carrilho. O mercado começou a especular sobre o resultado do encontro de Jackson Hole. Pelo visto gastei muito tempo assistindo aos jogos olímpicos, escrevi pouco sobre economia...

- Fiquei em férias na maior parte de setembro, na volta, descobri que Roberto Silva tinha partido. A Europa tirou um pé da lama e a UNCTAD mostrou que o mundo tem alguns motivos para ficar otimista. No dia 13, Bernanke & cia anunciaram o QE3, contrariando a impressão que havia ficado de Jackson Hole.

- Em 1º de outubro morreu Eric Hosbawm. Fiquei relativamente otimista com a entrada de investimento direto no Brasil. O câmbio dólar / real a 4 completou 10 anos. Roth e Shapley levaram o Nobel de economia.

- Obama foi reeleito no início de novembro, consagrando um tal Nate Silver. Ficou claro que o preço da gasolina no Brasil não subiria neste ano, para desespero do acionista da Petrobras. Paulinho da Viola fez 70.  Começou a destruição das ações de companhias elétricas, sobretudo da Eletrobras. Aprendi o que é a Lei de Benford.

Chora Chelsea
- A não ser que de fato o mundo acabe daqui a três dias, nenhum acontecimento em dezembro será tão relevante quanto este.

Assim este humilde blog viu 2012. Outras retrospectivas melhores e menos viesadas abundam por aí. Nos próximos dias falarei dos livros, filmes e etceteras do ano.

Zeitgeist 2012

O já tradicional e imperdível vídeo do Google:



Update: o hotsite do Google Zeitgeist. O ano no mundo em três buscas: Whitney Houston, Gangnam Style e furacão Sandy. No Brasil: Face (?), BBB12 e Ask (???).

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Parece que ganhamos...

... ainda que eu não faça a menor ideia do que está escrito. Agora é encarar a longa volta, piorada pelo pânico de chegar praticamente no mesmo horário que o voo do Corinthians. Quarta voltamos aos trabalhos normais.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Japão

Achei que esta semana ia ter tempo para fazer um post sobre o PIB e outro falando da metade do mandato de dona Dilma; acabou que estou no aeroporto, xingando a conexão gratuita e vai ficar tudo para a volta, quando, provavelmente, só vou ter paciência para fazer os insuportáveis textos de "melhores do ano" e contar os dias para estourar a champanhe de boas-vindas a 2013.

Estou indo ao Japão, estudar o curioso fenômeno da semelhança entre o mapa do país e sua curva de Phillips (ver abaixo, mais aqui). Espero que os eventos por lá nesses dias não atrapalhem a pesquisa de campo. O blog fica em hibernação até dia 18.


P.S. VAI CURÍNTIA!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Dave Brubeck, 1920 - 2012

Há muito tempo uma notícia não me deixava um daqueles vazios inexplicáveis. Hoje, no dia em que ele completaria 92 anos, perdemos Dave Brubeck. Ouvir jazz é das coisas que mais me dá prazer, e, como para outros milhões, isso começou com o irrepreensível Time Out, que é  o melhor atestado de como jazz pode ser, ao mesmo tempo, popular, inovador, virtuoso, cool e, sobretudo, belo, da capa de S. Neil Fujita aos últimos acordes de Pick Up Sticks.



Sua versão para o tema dos Sete Anões:



Camptown Races, composição do século XIX, tema de fundo de inúmeros desenhos animados da minha infância:



Com Louis Armstrong, Carmen McRae e Lambert, Hendrick & Ross, os verdadeiros embaixadores:


Who's the real ambassador?
Certain facts we can't ignore
In my humble way I'm the USA
Though I represent the government
The government don't represent some policies I'm for.

Oh we learned to be concerned about the constitutionality
In our nation segregation isn't a legality
Soon our only differences will be in personality
That's what I stand for!
Who's the real ambassador, yes, the real ambassador?


Ano passado, depois de muitos anos de enrolação, consegui ir ao Newport Jazz Festival. Depois de tomar umas maiores chuvas da minha vida, que atrasou quase uma hora o barco que me levaria do terminal de ônibus ao parque onde estava acontecendo o festival, consegui pegar só uns dez minutos da apresentação dos Brubeck Brothers com participação do pai - o bastante para ver o velhinho sorrindo atrás do piano e depois, elegantíssimo e muito emocionado, levantando e agradecendo o público como se fosse um iniciante. É essa imagem que não consigo tirar da cabeça agora. Obrigado por tudo, seo Brubeck.

Gráfico do Dia - Gorjeta x Corrupção

Estava na Veja de duas semanas atrás, de um estudo de professores de Harvard e Stanford. Não achei a versão integral aberta, mas aqui tem uma matéria da Harvard Business School falando do trabalho. Trecho:


"In a sense, both are gifts intended to strengthen social bonds and each is offered in conjunction with advantageous service. One could even argue that the main difference between the two acts is merely the timing of the gift: Tips follow the rendering of a service, whereas bribes precede it."



Numa linha parecida, há esse paper de 2006, que liga a quantidade de multas recebidas em Nova York por diplomatas na ONU com a corrupção de seus respectivos países.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Frases do Dia - Einstein e Socialismo

Albert Einstein wrote an article in 1949 called "Why Socialism?" His answer: the market economy brings crisis, instability, and impoverishment. "The economic anarchy of capitalist society as it exists today is, in my opinion, the real source of the evil." The only way to eliminate this evil, he concluded, was by establishing socialism, with the means of production "owned by society itself." He advocated a planned economy, which "adjusts production to the needs of the community, would distribute the work to be done among all those able to work and would guarantee a livelihood to very man, woman, and child."

John McMillan em Reinventing the Bazaar (que sigo lendo e gostando mais a cada página), mostrando como o famoso físico cedeu às tentações do planejamento centralizado. O texto original de Einstein pode ser lido aqui. Para evitar confundir Einstein com um stalinista de primeira ordem, vale também reproduzir o parágrafo seguinte:

Nevertheless, it is necessary to remember that a planned economy is not yet socialism. A planned economy as such may be accompanied by the complete enslavement of the individual. The achievement of socialism requires the solution of some extremely difficult socio-political problems: how is it possible, in view of the far-reaching centralization of political and economic power, to prevent bureaucracy from becoming all-powerful and overweening? How can the rights of the individual be protected and therewith a democratic counterweight to the power of bureaucracy be assured?

Respostas para essas simples questões podem ser dadas na caixa de comentários abaixo.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Fala Adam Smith (versão quadrinhos)

Tirei esse trechinho do Economix, um livro muito simpático que tenta contar a história do pensamento econômico em quadrinhos, a partir dos autores clássicos (comecei a ler no fim de semana). Essa é a versão dos autores para o grande Adam Smith:


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Som da Sexta - Jimi Hendrix, 70

Mais um do clube de 1942: Johnny Allen Hendrix teria feito 70 anos na terça-feira. Os solos do final dessa música são das coisas mais bonitas que já foram gravadas, ouço sem parar há uns 15 anos e nunca passei perto de enjoar.

Robert Lucas e a macroeconomia em 2012

Eu tenho uma opinião relativamente pouco informada e ambígua sobre o Robert Lucas: por um lado, acho a hipótese de expectativas racionais extremamente elegante e útil quando não abusada; por outro, acho que ele é uma personificação de "economista autista" que quase ofende meu lado mais prático (a crítica de Lucas, porém, é uma ideia epistemológica ultrapertinente, ainda que não muito original: vejo com uma derivação do "efeito observador" dos físicos). De qualquer maneira, a influência dele ainda é enorme, de forma que sempre vale a pena prestar atenção no que se fala dele e no que ele fala. Esta semana o nome dele apareceu bastante no meu Google Reader:

- Delfim cutucou, na CartaCapital:

"Os economistas já deveriam ter perdido a inocência revelada pelo Prêmio Nobel Robert Lucas, que sonhou ter destruído Keynes quando decretou, em artigo na American Economic Review, que "a macroeconomia foi bem-sucedida: seu problema principal, a prevenção da depressão, está, para todos os fins práticos, resolvido e, de fato, resolvido por muitas décadas."

- A EconomicDynamics publicou uma entrevista, curtinha, com o próprio Lucas, no qual ele minimiza a importância atual da famosa crítica (e este autor lamenta):


"...the models I criticized then have long since been replaced by others that build on their work. I am pleased that my work contributed to this. 
But the term "Lucas critique" has survived, long after that original context has disappeared. It has a life of its own and means different things to different people. Sometimes it is used like a cross you are supposed to use to hold off vampires: Just waving it it an opponent defeats him. Too much of this, no matter what side you are on, becomes just name calling."

- Noah Smith comenta, do ponto de vista de um macroeconomista acadêmico com formação em física.

- Matthew Yglesias usa a entrevista e os comentários de Smith para destacar como dados macroeconômicos são problemáticos, e como isso deveria levar economistas a serem mais humildes.

Enfim, poucas conclusões, mas muito bom material para pensar.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Leituras da Semana

- Analisando as últimas medidas de controle de capitais no Brasil.

- Jack Schwager e a diferença entre volatilidade e risco.

- Entrevista de Michael Mauboussin para a Wired.

- Tim Harford defende a teoria dos mercados eficientes (pelo menos para a grande maioria dos mortais).

- Howard Marks sobre o resultado das eleições americanas.

- A GMO dá adeus a sua carteira de renda fixa.

- Entrevista de Reinhart e Rogoff para a Barron's.

- O último relatório do ótimo Dylan Grice para o Societe Generale.

- Jeffrey Frankel vai a Cuba.

- Ótima entrevista de Felipe González para o Valor.

- Professor, o que o governo pode fazer para promover o crescimento? Partes 1, 2 e 3.

- Robert Solow sobre Hayek e Friedman. Tyler Cowen rebate.

- Ronald Coase (quase 102 anos e bem, obrigado) pedindo pés no chão para os economistas.

- Um debate imaginário entre Michael Sandel e economistas.

- A lista de 100 pensadores globais deste ano da Foreign Policy.

- Cingapura, o país menos emotivo do mundo.

- Começa a temporada de listas de melhores livros do ano: Tyler Cowen (ficção e não-ficção), vários autores para o Guardian, os 100 do New York Times.

- O britânico que visitou, sem usar avião, todos os países do mundo.

- Nova série da ESPN sobre o futebol no Brasil, Chile, Uruguai e Argentina durante as respectivas ditaduras. Parece interessante.

- Ke$ha + Zizek.

- Adeus, Joelmir Beting.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Lei de Benford

Ontem o amigo T. Maia contou que, em um curso de "computational investing" no Coursera, o professor usou uma pesquisa simples entre os alunos (perguntando o primeiro dígito da quantidade de dinheiro que cada um tinha na carteira e o primeiro dígito do número da respectiva casa) para exemplificar a Lei de Benford, da qual nunca tinha ouvido falar e que achei muitíssimo interessante, mais uma sistematização da observação de fractais no mundo. Aqui o Tim Harford fala de uma aplicação da lei para produzir evidências de que o governo da Grécia forjava os números enviados para a agência de estatísticas europeia. Infelizmente dá para imaginar, por variação de outra lei (a de Goodhart) que fraudadores mais sofisticados vão adaptar os dados de forma que pareçam realistas por aquele critério.

P.S. A Lei de Benford é exemplo de outra lei que conheci ontem, a de Stigler.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

É o desenvolvimento, estúpido

Surrupio dois gráficos interessantíssimos da edição de hoje do Valor:

1. O Delfim Netto reproduziu o gráfico abaixo, de um estudo do IPEA. Trata-se de um índice simples de bem-estar social criado pelo grande Amartya Sen, que multiplica a renda média pelo complementar do índice de Gini (de forma a obter um número que é maior quanto menor a desigualdade). Explica o Delfim:


O gráfico abaixo mostra a mudança de situação a partir de 2003, onde o indicador cresce fortemente (quase 5% ao ano), impulsionado por múltiplos fatores: 1) o aprofundamento da política econômica; 2) a colheita da estabilidade monetária e fiscal; 3) o aumento da produtividade produzida pelas privatizações e pequenas reformas estruturais; 4) e, mas não menos importante, pela ênfase à inclusão introduzida nas políticas sociais e consequente redução das distâncias entre a renda dos indivíduos, o que explica por que o governo é popular.


2. O Boston Consulting Group (jamais confundir com o Boston Medical Group - OK, perdão pela piada cretina) calculou, para 150 países, um índice que mede ganhos de bem-estar nos últimos cinco anos. O Brasil foi o primeiro na ampla amostra.



Enfim, os dados não explicam ou justificam a incompetência da oposição, mas mostram que a vida dela não estaria fácil de nenhuma maneira - e não estará enquanto o país conseguir manter esse ritmo de progresso.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Frases do Dia - A Mão Invisível (de Alá)

Foto do amigo talentoso Erico
The prophet Mohammed was an early proponent of property rights. When a famine in Medina brought sharp price increases, people implored him to lessen the hardship by fixing prices. He refused because, having once been a merchant himself, he believed the buyers' and sellers' free choices should not be overriden. "Allah is the only who sets the prices and gives prosperity and poverty", he said. "I would not want to be complained about before Allah by someone whose property or livelihood has been violated."

John McMillan, num capítulo belíssimo sobre direitos de propriedade em Reinventing the Bazaar: a natural history of markets. As citações de Maomé são do Hadith, traduzidas por Muhamet Yildez.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Som da Sexta - Van Morrison

Do disco novo, Born to Sing: No Plan B. Discos do Van Morrison têm sido como filmes recentes do Woody Allen: não trazem nada de novo, mas seguem amplamente satisfatórios.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Gráfico do Dia - dívida local

O gráfico abaixo (cortesia do J.P. Morgan) mostra a rentabilidade que um investidor teria, em dólares, em títulos da dívida local de cada país neste ano. No caso da dívida brasileira, apesar da queda nos juros que fez a alegria dos gestores locais, os estrangeiros não devem ter ficado tão satisfeitos, já que a depreciação do câmbio tomou boa parte desses ganhos.


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Leituras das últimas duas semanas

Skål!
- Trabalho interessante do BIS sobre mercados de dívida em moeda local.

- Nova carta de Jeremy Grantham, da GMO, sempre pertinente.

- Uma boa lista de livros sobre história das finanças; outra de filmes sobre mercado financeiro.

- Mark Dow defende Hillary Clinton como próxima secretária do tesouro americano.

- Entrevista com Eugene F. Fama.

- Luiz Felipe de Alencastro acha que a reeleição de Obama é uma vitória do keynesianismo (não sei se concordo).

- John Kay sobre o fetiche da manufatura.

- Nassim Taleb e cinco princípios para uma sociedade antifrágil. A Economist resenhou seu novo livro, que sai nos EUA semana que vem.

- Acemoglu, Robinson e Verdier sobre variedades de capitalismo (ou porque não podemos ser todos nórdicos).

- O fundo soberano da Noruega tornou-se o maior do mundo, ultrapassando o de Abu Dhabi.

- A história da participação de mulheres em trabalhos científicos. Economia é dos campos com menos presença feminina.

- O Santa Fe Institute abriu seu primeiro curso online, gratuito.

- Coisas mais novas que Oscar Niemeyer.

- A história do piso de cacos de lajota das casas paulistas.

- Ganhe um Nobel de Física... e uma torneira com cerveja ilimitada.

- Uma entrevista longa, meio velha e muito boa com João Moreira Salles.

- Cartões de visita dos personagens de Star Wars.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Eletrobras

Eu achando que seria bom comprar semana passada a preços de 2005, voltou a preços de 2002. Sobrou para alguém a conta da energia mais barata.


P.S. Mais no Valor. Parece mesmo exemplo de livro do "starve the beast" dos anos Reagan, que mencionei no post anterior falando da Petrobras. Não canso de me surpreender com a Dilma.


P.P.S. Relatório do Santander sobre a situação da Eletrobras.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Som da Sexta - Paulinho da Viola, 70

O homem mais elegante do Brasil fez 70 anos na segunda-feira. Da colossal obra de Paulinho, aí vai Comprimido, uma história meio soturna em forma de samba.

Presentes de Natal para seu amigo economista brasileiro

Alguns livros interessantes de importantes economistas brasileiros estão chegando às prateleiras, apropriados para presentear aquela pessoa esquisita que, ao invés de ler Cinquenta Tons de Cinza na praia, prefere ficar matutando sobre os problemas do país. Ainda não li nenhum deles, por enquanto a recomendação é só pela fama:

- Belindia 2.0 - Fábulas e Ensaios Sobre o País dos Contrastes, de Edmar Bacha.

- Crescer Não É Fácil, de José Roberto Mendonça de Barros.

- As Leis Secretas da Economia, de Gustavo Franco.





quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Gasolina Brasilis

Entendo bem pouco de energia e do que se passa entre a Petrobras e o governo, portanto interpretem isso mais como um pensamento alto do que uma análise. A preços atuais, consta que a Petrobras está na curiosa situação de que quanto mais vende combustível, mais perde dinheiro. Se vale isso, vale também dizer que os acionistas da Petrobras (o tesouro nacional entre eles, claro) subsidiam quem consome combustíveis - mais um exemplo bem acabado das tantas taxações regressivas do país.

Fora essa consideração: ao longo do tempo, transformar a Petrobras em uma empresa cronicamente perdedora é um tiro no pé. Os acionistas privados, que dividem com governo os riscos do negócio, tendem a abandonar o investimento; a empresa tem um longo cronograma de investimentos dos quais, aparentemente, já é tarde demais para desistir; e há muita dívida para pagar, que depende de uma taxa de retorno do investimento maior que os juros contratados. No fim das contas, se der besteira, quem sobra para tapar os buracos na empresa é o próprio governo.

*Acumulado em 12 meses

A explicação preferida para essa insistência em manter defasado o preço dos combustíveis é o impacto na inflação. Assumindo que isso seja verdade, e considerando que: i) a meta que de inflação que o BC observa é no ano-calendário; ii) faltam 47 dias para acabar este ano, e, nesse período, é muito pouco provável que a inflação estoure o teto da meta, iii) quanto mais esse aumento demorar, mais ficam os efeitos para serem sentidos na inflação do ano que vem; por que raios o governo não autoriza logo o aumento nos preços?

Algumas possíveis teorias:

- Conspiratória - diz um passarinho verde que há um esforço do executivo para controlar a corrupção nas estatais, uma versão tropicalizada do "starve the beast". Essa hipótese apareceu primeiro aplicada a Eletrobras, mas talvez valha também para a Petrobras. Há que ter cuidado, porém, para não matar a besta;

- Especulativa - na onda atual dos governos acharem que sabem tudo e conseguem controlar muitas variáveis, alguém com poder acha que o preço do petróleo vai seguir caindo (o WTI veio de US$100 no meio de setembro para atuais US$85). Assim, a Petrobras completaria o arquétipo de empresa de petróleo do mundo bizarro, que torce para que o produto que extrai caia de preço.

- Tranquilista - tá tudo bem, o aumento vem em breve, a inflação está sob controle e não teremos problemas.

- Idiotista - como diria o meu pai, "esses caras são todos uns imbecis e não têm a menor ideia do que estão fazendo".

Escolha (ou crie) a sua.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Gráfico do Dia - rentabilidade civilizada

De um ótimo relatório do J.P. Morgan sobre bancos na América Latina. Pelo menos quando comparados aos dos pares no continente, os retornos dos bancos brasileiros não podem ser qualificados como "astronômicos". Já tinha observado algo parecido aqui.


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Gráficos do Dia - Os juros e os juros no Brasil

Do texto do prof. Affonso Celso Pastore no Estado de ontem, que explica porque a taxa de juros que o governo efetivamente paga no financiamento da dívida se descolou tanto da Selic - o que mata o argumento que diz que há mais espaço para gastos do governo, uma vez que o BC cortou os juros. Aí está o custo de todo crédito subsidiado dado pelos bancos públicos, rateado entre todos os contribuintes, que, no fim das contas, são os que pagam pela dívida pública.


P.S. A cara de digitalização de jornal amassado do gráfico é porque ele foi mesmo digitalizado de um jornal amassado, e minhas habilidades de tratamento de imagens não podem nem ser qualificadas como habilidades.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Som da Sexta - Di Melo

Um dos grandes que se meteu a gravar soul / funk por aqui. Os arranjos são de um tal Hermeto Pascoal.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Leituras da Semana

What y'all want, man? Huh? Money?
- Pra quem achava que o Brasil jamais poderia ter um Madoff...

- Quanto gasta o governo brasileiro, em comparação com outros países?

- Grande conjuntos de dados da África, pela Mo Ibrahim Foundation.

- Entrevista de André Esteves para a Folha.

- Algumas dúvidas que economistas deveriam admitir.

- Sebastian Mallaby e a volta do risco político para os mercados.

- Falei aqui de Christopher Cole; sua última apresentação sobre o "bull market in fear".

- Ensinando economia com The Wire.

- Desigualdade em vários países em gráficos, por várias medidas.

- Ótimos dados que indicam os vencedores e perdedores em 20 anos de globalização.

- Simon Schama sobre a vitória de Obama. O hindsight bias nas "previsões" posteriores do resultado das eleições.

- Timothy Garton Ash sobre os novos mandatos nos EUA e China.

- Um manual para o usuário (gringo) do Brasil.

- Dez capas de discos por Andy Warhol.

Capitalismo como objeto impossível e o inconsciente coletivo*

Provavelmente o Bruno Maron nunca viu a arte encomendada pela Artemis Capital que coloquei aqui, mas sua tira mais recente abre com esse quadro:

* Perdão pelo título, mais apropriado para uma tese de doutorado amalucada do que para um simples post.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Nate Silver, o cara

Um negro, nascido no Havaí de pai queniano e que passou parte da infância na Indonésia; e um judeu, gay, nerd, de 34 anos, formado em Chicago e morador do Brooklyn são os grandes personagens das eleições dos EUA. O primeiro todo mundo sabe quem é; o segundo é Nate Silver, o estatístico que fazia previsões sobre a carreira de jogadores de beisebol (como o personagem de Jonah Hill em Moneyball) e ganhou destaque ao prever com grande acurácia o resultado das eleições presidenciais de 2008. Este ano ele justificou o hype e o dinheiro que o NY Times gastou para colocar seu blog embaixo do portal do jornal, cravando o resultado da votação em todos os estados - calando a boca dos que o acusavam de um viés democrata e enchendo a bola das pesquisas e métodos estatísticos, quando bem utilizados.


É evidente que o modelo de Silver não é infalível - em alguma eleição futura ele vai errar (ou encerrar a carreira antes, no auge). Por enquanto, vai desfrutar da fama merecida e vender alguns milhares de cópias a mais (alô, editoras brasileiras) do seu livro recém lançado, The Signal and the Noise: Why So Many Predictions Fail-but Some Don't. Este escriba já vai ter que adquirir a sua, para cumprir a promessa que fez caso ele repetisse o sucesso das previsões nesta eleição.

Mais Nate Silver:

- Nate Silver e as lições de 2012

- Entrevista para o Huffington Post

P.S. O xkcd diz verdades:



terça-feira, 6 de novembro de 2012

A média de 200 dias

Alguém disse que era importante. Como muita gente acredita, passa a ser, mesmo que não tenha nenhuma propriedade intrínseca. Vale (quase) o mesmo para as eleições nos EUA ou o valor do dólar.

Fato é que vários preços importantes de mercado (ação da Apple, Nasdaq, Ibovespa, câmbio euros / dólares, índice DXY, deve ter outros mais) estão perto da tal média, e isso faz com que eu fique pensando na maldita média de 200 dias, e não em algo mais interessante pra escrever. Logo deve passar.

Apple
Nasdaq
Ibovespa
EUR/USD
AUD/USD
Dollar Index (DXY)