"Anyone who believes exponential growth can go on forever in a finite world is either a madman or an economist."
De Kenneth E. Boulding, economista inglês citado por Jeremy Grantham, da GMO, em sua última carta trimestral. Granhtam está resgatando o tom pessimista / malthusiano que mostrou em 2010, vale a leitura.
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
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18 comentários:
Esse camarada só esqueceu de confiar na força das inovações né!
Ele acha que nos levaram até onde estamos hoje, é pelo menos razoável supor que, marginalmente, há menos o que fazer. Eu não concordo com tudo, mas mais por não ter opinião estudada sobre a maioria dos pontos.
sem querer alimentar polêmica, mas "confiar nas forças das inovações" é um exercício de fé muito mais polêmico do que a ideia defendida pelo "camarada".
Boa parte da expansão dos últimos séculos teve determinantes demográficos e geográficos. A economia continua se expandindo geograficamente, mas uma hora acaba o mundo. A população já não cresce rápido pra aproveitar retornos crescentes de escala, e onde ainda cresce rápido isso vai diminuindo. O mundo se urbaniza rapidamente e uma hora isso bate no teto.
Assim, a inovação fica praticamente sozinha como motor do crescimento.
Mas, entre outras coisas como a tendência a ganhos cada vez mais marginais com inovação, a pobreza absoluta diminui e as condições materiais da maioria das pessoas tendem a chegar a patamares razoavelmente confortáveis, tornando a pressão por inovações (fruto, antes de tudo, da necessidade) menor do que nos últimos séculos.
Me parece um cenário propício para menor crescimento. Não necessariamente num sentido ruim. Uma nova forma de sociedade pode surgir, provavelmente mais preguiçosa e relaxada que as dos últimos séculos. Infelizmente, não acho que estarei vivo pra confirmar essa divagação.
Anônimo de 16:01, vc esqueceu do aquecimento global e do esgotamento dos recursos. Essa sociedade preguiçosa vai ter que se coçar
Com recursos mais escassos e caros, quantidade de terras de boa qualidade reduzindo, crescimento fácil ficando para trás, retornos decrescentes, o que virá? Preços para cima puxará a produtividade e inovações. Confiemos no espírito animal! O problema serão os focos de tensão, rupturas, guerras e disputas ressuscitando velhos fantasmas.
Fernando
O único espírito animal que vai sobrar é o das baratas roendo a montanha de milhões de defuntos humanos
Caro
Pode traduzir o "investimês" abaixo?
The following comments on this topic are mine personally and reflect my Foundation’s portfolio (and a total lack of career risk!). These comments are based on a time horizon of 10 years and beyond. The portfolio investment implications are that investors should expect resource stocks – those with resources in the ground
– to outperform over the next several decades as real prices of the resources rise. Farming and forestry, though, are at the top of the list. Serious long-term investors should have a very substantial overweighting in a resource package. I suggest for long-term investors a resource position of at least 30%. Another relative beneficiary of resource pressure is the quality group of equities. Resources are a smaller fraction of final sales than average and higher profit margins make them more resilient to margin pressures.
Ele diz que o mundo vai se acabar (Bem-vindos à distopia!") e sugere alguns investimentos "rentáveis" para o futuro? É isso?
Diz que o mundo vai se acabar e escreve "These comments are based on a time horizon of 10 years and beyond."
Sinceramente, ou eu sou muito burro ou esse cara é maluco.
Se o mundo for se acabar, para que investir?
E se o cara está certo, eu prefiro Assis Valente. Só tenho dúvida se dançaria um samba em traje de maiô. Sei lá, vai que pego um câncer de pele e morro antes do mundo se acabar. Mas acho que transaria sem camisinha. hehe
PS: Não fui além do sumário.
Nossa, paulo, nãi li o texto do cara aí ainda pra concordar ou discordar com maior entusiasmo das suas colocações, mas o seu questionamento de "Se o mundo for se acabar, para que investir?", fez-me lembrar de um antigo amigo dos tempos de colégio que sempre refutava os convintes para jogar futebol com o questionamento:
"pra que se divertir, se o futuro é a morte?"
very simplistic, não?
Abraço!
Havia uma pixação famosa aqui no Rio, perto da Puc: "Pra que o medo se o futuro é a morte?"
Drunkeynesian
Eu comentei porque você escreveu "Eu não concordo com tudo, mas mais por não ter opinião estudada sobre a maioria dos pontos."
Imagino que você batalha no mercado financeiro.
Eu suponho também que você deve ser um profissional de primeira linha e, portanto, generalizo para os demais. Ou seja, para quem trabalha nesse mercado, as variáveis trazidas por esse tipo de análise devem ser tão incompreensíveis quanto são para quem compra serviço de análise de investimento.
Imagina se eu te procuro como cliente perguntando se o que o cara propõe como portfólio é mesmo bacana. Se você for um cara honesto, o que acho que você é, dada a resposta acima e outros indicadores do passado, você teria de me responder que precisaria contratar uma equipe multidisciplinar para checar cada uma das variáveis trazidas pelo artigo. Imagina o custo dessa consultoria se cobrada por hora/trabalho.
E acho que, no final, você ainda teria de dizer que para as questões abordadas na análise nada ainda é conclusivo, pois a comunidade científica que estuda essas questões é muito mais marcada por controvérsias do que por certezas.
Eu adianto que para historiadores previsões ou construções de cenários de longo-prazo nesse nível de amplitude e complexidade são apenas expressões de diletantismo ou de charlatanice. Sabemos desde Demócrito e Epicuro que em algum momento vamos desparecer como espécie zoológica do planeta. O que não sabemos é quando e como isso vai acontecer.
Quando eu pedi para você trazer para uma linguagem menos técnica e mais acessível o trecho que citei, eu pedi de verdade porque meu inglês não é suficiente para correto entendimento. Isso porque eu não estou familiarizado com a linguagem técnica do seu mercado nem mesmo quando dita em português.
Afinal, e em linhas gerais, qual exatamente o portfólio no longo-prazo? Pelo que entendi, eu investiria na indústria bélica, posto que se o armagedon que o cara delineia de fato ocorrer, o pau vai comer feio.
Paulo e demais, ontem não deu pra concentrar minimamente nisso. Vamos lá:
O Grantham é tanto gestor de fundos que são vendidos ao mercado (os da GMO) quanto de uma fundação, montada com o dinheiro dele e que, se não estou muito errado, se dedica à causas ambientais.
O 'carreer risk' é um tema recorrente para ele, e dá para ser entendido como o risco de (i) ele estar errado ou (ii) ele estar certo muito cedo. O mercado costuma ser pouco tolerante com fundos que perdem fortes altas dos índices de ações (curiosamente, perder quando o mercado cai não é tão danoso). Ainda que ele seja um cara com uma reputação enorme, o que ele acha que pode fazer com o dinheiro da fundação (que é só dele) é muito diferente do que ele acha que pode fazer com o dinheiro dos clientes.
Assim, tudo o que ele fala vale para o dinheiro dele, mas não necessariamente para o que ele vai fazer com o dinheiro dos clientes. Ele está sugerindo comprar pelo menos 30% da carteira em investimentos ligados à agricultura ou florestas, e evitar empresas que têm commodities como parte importante dos custos.
É isso, ele é muito muito pessimista com a capacidade da humanidade se alimentar ao longo das próximas décadas e acha que isso vai começar a ser melhor refletido nos preços de recursos.
Quanto à minha opinião, se perguntado por um cliente: eu respeito muito o Grantham e a GMO, são caras que realmente acreditam em pesquisa e gastam muito tempo e recursos com isso. É o único motivo pelo qual, antes de qualquer coisa, eu não considero a tese lunática. Se ele está defendendo com tanta convicção, e sabendo que ele não é maluco nem charlatão (acho), tem alguma chance de ele estar certo. Sucesso de investimento é uma função da probabilidade de você estar certo multiplicada pelo impacto disso no mercado. Esse é o caso que, se ele estiver certo, o impacto nos mercados é tão grande que vale a pena considerar parte da alocação de uma carteira de investimentos em temas ligados a ele.
Minha intuição é muito contrária a essas visões malthusianas, sou mais otimista (ou ingênuo). Acho que a demografia acabará sendo mais favorável do que se imagina e que a tecnologia vai, de novo, nos tirar da armadilha. Pensando em investimento, esse cenário não tem muito valor: é imaginar que as coisas vão continuar mais ou menos como são, e isso acho que é o que está precificado pelo mercado. Do ponto de vista de investidor, os grandes lucros são obtidos com visões que fogem do consenso e vão se provando certas ao longo do tempo. Daí o valor desse tipo de opinião, por mais alucinada que soe no início.
Muito legal sua explicação. Fiquei menos burro nessa matéria. Obrigado.
Abs.
Querer conhecer é sinal justamente do contrário de burrice :)
“Minha intuição é muito contrária a essas visões malthusianas, sou mais otimista (ou ingênuo). Acho que a demografia acabará sendo mais favorável do que se imagina e que a tecnologia vai, de novo, nos tirar da armadilha.”
Acho que nem otimista e nem ingênuo. Acho que estamos em boa companhia.
André Leroi-Gourhan, historiador, etnólogo, paleontólogo, arqueólogo, principalmente em seu livro Evolução e Técnicas (1970,p.253).
Leroi-Gourhan mostrou com base em extensa pesquisa empírica que o que nos diferencia nas espécies zoológicas é o fato de vivermos desde os primórdios em um meio técnico que tende a substituir o natural. “Diferentes das espécies animais, que possuem um capital fixo de meios de aquisição e de consumo, os homens são todos sensivelmente iguais na sua nudez, aumentando por meio de atos conscientes a eficácia das suas unhas e das suas peles”. De acordo com Gourhan, que não é Rousseau, técnica e natureza não se excluem e nem definem uma maléfica ruptura entre o homem e a natureza.
Para Gourhan, nossa principal vantagem comparativa, relativamente a outras espécies animais, está na memória/linguagem e na força de inventar e de emprestar/trocar. A primeira fixa e transmite as invenções de um grupo e favorece os empréstimos entre os coletivos humanos. Memória e linguagem permitem que os instrumentos e saberes fixados em um grupo evoluam em sentido progressivo e de refinamento, tanto em benefício do grupo como do sistema de trocas sociais de instrumentos e saberes.
A vida social e o seu sistema de trocas (de objetos e saberes) é uma opção biológica estratégica para a espécie.
Bom, paulo araujo.
Interessante essa visão.
Pode ser que vivamos numa interdependência e num equilíbrio muito sutil e instável. Natureza e outras espécies dão, talvez, os indicadores de erros e acertos.
Mas, o ser humano parece não estar preparado para fenecer antes de tentar destruir tudo. Num exagero de pensamento, lógico.
É de crer-se que a inovação pode ser considerada o motor ou um dos motores do desenvolvimento, enquanto puder ser valorada,por diferenciação, das inovações outras.
Caso contrário, talvez seja possível pensar em "commodities de inovações". Ou "inovações standard".
Parece algo desfiador, mas, ainda com alto teor de furar o planeta todo em busca do que propicie isso.
Interessante que o cérebro humano, a maior mais sofisticada inovação, das inovações, não valha muito fora do conjunto de cabeça, tronco e membros.
A primeira coisa que se faz numa guerra é quanto mais cabeças, troncos e membros do inimigo forrem destroçados, melhor. E mesmo assim o cérebro humano não é considerado commoditie.
Meio aterrador. Devia dar um roteiro de filme...
Interessante é o cidadão fazer o que bem entende com os seus recursos próprios e ser conservador com recursos de terceiros.
Bem diferente de gestores que podem cobrar impostos, por exemplo.
Estes, por suposto, fariam o que bem entendem com os impostos e seriam, supostamente, parcimoniosos com os recursos que amealham, para si, por serem gestores de caixa e bens públicos.
Deve ser por isso que um certo senhor ficou famoso em criar uma lâmina, com mecanismos próprios, para cortar alguns pescoços ilustres.
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