quarta-feira, 9 de maio de 2012

Uma hipótese para ser testada na Europa: euro fraco

Com o pulo do gato morto da Espanha aparentemente não durando mais que um par de dias (o IBEX testa hoje novamente a mínima de 2009), me ocorre o seguinte:

A ideia (compartilhada com Hugh Hendry) é que o mapa da crise na Europa, em alguns aspectos, é idêntico ao dos EUA: muita alavancagem levando a problemas nos bancos, pacotes de salvação, juros mais baixos e liquidez abundante. Isso nos EUA implicou vários episódios de desvalorização do dólar, parte relevante contra o euro. Assumo que os EUA atualmente estão em condições de aceitar uma moeda mais forte, e que um enfraquecimento do euro seria muito conveniente para a Europa - provavelmente teria como causa uma grande intervenção do BCE (talvez corte de juros), pode gerar um pouco de inflação e ajudaria na competitividade da indústria e na tentativa de roubar alguns pontos de crescimento da Ásia. Parece, também, a linha de menor resistência (mais ainda em tempos de se empurrar problemas com a barriga): ainda que esteja longe de ser a solução preferida pelo Bundesbank, é mais justificável do que emissões de eurobonds ou ter que lidar com uma eventual dissolução da zona do euro nos próximos meses.

Num prazo mais curto: a Espanha vai ser forçada a salvar seus grandes bancos. Assumindo que o dinheiro vem do tesouro espanhol, este terá que emitir mais dívida, o que pioraria a situação já frágil do seu custo de financiamento. Para evitar mais deterioração, o BCE entraria comprando os títulos e forçando os juros para baixo. Isso também deveria contribuir para um euro mais fraco.

O problema de apostar no euro mais fraco é a companhia de quase todo o mercado. Há momentos, porém, em que a regra # 9 de Bob Farrell deve ser desafiada. A Argentina não deixou de calotar a dívida em 2001 porque muitos preços já refletiam isso, e há outros tantos exemplos na história. Um euro substancialmente mais fraco compraria um bom e valioso tempo para o continente (se ao longo dele os problemas vão ser resolvidos é uma história totalmente diferente), e parece ter chegado a hora desse preço ser pago.

P.S. A Grécia parece estar caminhando para novas eleições.

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