quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Dave Brubeck, 1920 - 2012

Há muito tempo uma notícia não me deixava um daqueles vazios inexplicáveis. Hoje, no dia em que ele completaria 92 anos, perdemos Dave Brubeck. Ouvir jazz é das coisas que mais me dá prazer, e, como para outros milhões, isso começou com o irrepreensível Time Out, que é  o melhor atestado de como jazz pode ser, ao mesmo tempo, popular, inovador, virtuoso, cool e, sobretudo, belo, da capa de S. Neil Fujita aos últimos acordes de Pick Up Sticks.



Sua versão para o tema dos Sete Anões:



Camptown Races, composição do século XIX, tema de fundo de inúmeros desenhos animados da minha infância:



Com Louis Armstrong, Carmen McRae e Lambert, Hendrick & Ross, os verdadeiros embaixadores:


Who's the real ambassador?
Certain facts we can't ignore
In my humble way I'm the USA
Though I represent the government
The government don't represent some policies I'm for.

Oh we learned to be concerned about the constitutionality
In our nation segregation isn't a legality
Soon our only differences will be in personality
That's what I stand for!
Who's the real ambassador, yes, the real ambassador?


Ano passado, depois de muitos anos de enrolação, consegui ir ao Newport Jazz Festival. Depois de tomar umas maiores chuvas da minha vida, que atrasou quase uma hora o barco que me levaria do terminal de ônibus ao parque onde estava acontecendo o festival, consegui pegar só uns dez minutos da apresentação dos Brubeck Brothers com participação do pai - o bastante para ver o velhinho sorrindo atrás do piano e depois, elegantíssimo e muito emocionado, levantando e agradecendo o público como se fosse um iniciante. É essa imagem que não consigo tirar da cabeça agora. Obrigado por tudo, seo Brubeck.

12 comentários:

Moska disse...

Você ja assistiu ao documentário Jazz, do Ken Burns? são 4 DVDs fantásticos....

Drunkeynesian disse...

Vi, sim, até queria colocar o trecho dele explicando o ritmo de "Blue Rondo à La Turk", mas não achei na web.

Anônimo disse...

Engraçado a chuva que pegou - uma das otimas estorias de um amigo também jazzofilo é sobre um temporal em Newport e Mr Miles Davis : morava em Boston e resolveu ir ao festival de carro, sem preparaçao alguma. Parou o carro e foi ver o show do Miles, com um plastico na cabeça e o mundo caindo aos pingos. Depois de 20 minutos de show sem tocar uma nota(enquanto o resto da banda fazia uma jam), o Miles foi no teclado e deu um acorde daqueles meio doidos - ele e o amigo se olharam e concordaram : "porraaaa, que acorde cara!!!" hehe, a idolatria é foda!!! Depois dormiram os dois no carro, no toró e sem ar condicionado - mas aquele acorde valeu pela!!

abs

Drunkeynesian disse...

Hahahaha, excelente... que fdp o Miles...

Faltou muito pouco pra eu desistir e voltar pra Providence sem ter visto os shows, fiquei horas ensopado, passando frio e esperando a tempestade passar pro barquinho sair. Lá encontrei um cara de Boston que estava no oitavo festival seguido, falou que nunca tinha pegado um tempo horrendo daqueles, mas pela sua história não foi a primeira vez.

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Ola tenho interesse em comecar a escutar jazz mas nao sei por onde comecar, poderia me passar um roadmap?

Abs

Drunkeynesian disse...

Putz, não vejo muita fórmula... e jazz é um troço tão diverso que embala muitos gostos diferentes.

Um jeito possível é comprar a coleção do Smithsonian, que se propõe a dar um panorama de toda a história da música, e ir procurando coisas do que gostar mais:

http://www.amazon.com/Jazz-Smithsonian-Anthology-Various-Artists/dp/B004GFGUBS

A trilha do Ken Burns é menos diversa, mas também funciona:

http://www.amazon.com/Ken-Burns-Jazz-Story-American/dp/B000050HVG/ref=pd_sim_m_4

Anônimo disse...

Obrigado!!

paulo araújo disse...

Não que eu desgoste. Ao contrário. Aconteceu de na minha adolescência eu ter descoberto e ouvido mais blues do que jazz.

Gosta do Paddy Milner? Ele postou no site a conversa por telefone com o próprio elogiando o arranjo do Unsquare Dance.

http://paddymilner.com/padcast-2/padcast-18-unsquare-dance-dave-brubeck/

Dionísio disse...

Off topic (bem mais chato, confesso).

Drunk, tens algum pitaco sobre as implicações políticas dessa nova questão energética? Matutando por aqui, pensei que o PSDB realmente está perdendo a chance de consolidar sua marca de bons gestores, defensores da queda da carga tributária, etc. Daqui a quatro anos João Santana vai poder comparar queda dos tributos federais com os ICMSs elevados de SP, MG, etc e vai ficar feio.

Já Eduardo Campos parece que foi mais esperto (poderia ter chiado com a Chesf)

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

Muito boa a reportagem da Atlantic Cities: How Dave Brubeck Used His Talents to Fight for Integration

http://www.theatlanticcities.com/arts-and-lifestyle/2012/12/dave-brubecks-real-legacy-integration/4080/

"Jazz stands for freedom"

..."Now you can go on with the understanding that you'll keep Eugene Wright in the background where he can't be seen too well," the governor said to Brubeck, making sure the bassist's mic was off.

But Brubeck had other ideas: "I told Eugene," he recalled in conversation with Hedrick Smith, "You gotta come in front of the band to play your solo." The crowd went crazy.

"Nobody was against my black bass player," Brubeck said. "They cheered him like he was the greatest thing that ever happened for the students."

"We integrated the school that night."