terça-feira, 18 de agosto de 2009

O pudim dos bancos

A coluna de opinião do caderno Dinheiro da Folha de hoje, assinada por Vinicius Torres Freire (e que inspira o título deste post), fala sobre a batalha entre bancos públicos e privados que apareceu no Brasil desde as últimas divulgações dos respectivos resultados no segundo trimestre. Acho que o texto começa com uma boa premissa -- de que os bancos privados se beneficiaram (seja por externalidade ou por alguma ajuda direta, como garantia de CDBs) da "rede de proteção" do governo -- mas se perde perto do final, quando diz:

"É possível argumentar que os estatais ofereceram crédito de modo "insustentável". Isto é, o ganho de parte do mercado teria sido artificial no pior sentido: a agressividade estatal em breve redundaria em perdas que anulariam o efeito provisória e ilusoriamente positivo da manutenção do crescimento do crédito no semestre recessivo. É preciso ser um fundamentalista fanático para acreditar nisso."

Não é preciso ser "fundamentalista fanático". Basta não dar o benefício da dúvida ao governo. Eu já escrevi aqui que o aumento nas concessões de crédito pelos bancos estatais só se converteu em resultado positivo porque o mercado de crédito melhorou no mundo inteiro. Teria sido prejuízo caso a crise tivesse uma nova rodada de piora, mas, curiosamente, ainda assim não teria sido um desastre completo, já que esse tipo de ação me parece mais uma modalidade de política monetária / fiscal (sorry, acionista do Banco do Brasil) do que uma ação deliberada para aumento de concorrência -- acabou virando porque deu certo, é sempre mais fácil depois dos fatos.

De qualquer modo, caso o cenário não piore novamente (e os "fundamentalistas fanáticos" falhem), vai ser, de fato, interessante ver o comportamento dos bancos privados frente a essa nova concorrência -- saberemos se ela é sustentável e se o problema dos juros ridiculamente altos no Brasil é, sobretudo, um problema de falta de competidores no mercado.

Nenhum comentário: