Os 12 Trabalhos de Dilma (parte 1 de 3)
Os 12 Trabalhos de Dilma (parte 2 de 3)
9 - Lidar com possíveis efeitos de estouro de bolhas
Já escrevi aqui que o Fed está fazendo de tudo para incentivar a criação de bolhas. Se isso de fato se concretizar, é bastante provável que alguma(s) delas estourem durante o mandato de dona Dilma. As políticas anticíclicas adotadas pelo Brasil depois da crise de 2007/2008 foram bastante efetivas, e este exemplo deve servir para o futuro.
(Na verdade eu listei este tópico pensando nos preços de imóveis em algumas cidades do Brasil, mas, como escrevi esta semana, é muito difícil pensar em bolha enquanto trabalhamos com juros acima de 10% ao ano. Quem sabe no próximo mandato.)
10 - Pré-sal
Também já escrevi bastante sobre o pré-sal aqui. A aposta do Brasil no petróleo não é um all in, mas está longe de ser segura. Algo como ter dois valetes na mão antes da virada do flop: parece muito promissor, mas pode muito bem não ser ganhador (e até terminar em desastre, dependendo da sorte). Além das incertezas naturais de um projeto de exploração de commodity, a Petrobras vai ter que controlar os pequenos interesses que aparecem quando uma empresa estatal tem R$ 150 bilhões para gastar. Ah, o vice-presidente é do PMDB.
11 - Infraestrutura
Este tema é tão batido que dá preguiça de escrever a respeito. Estradas, portos, aeroportos, ferrovias, estádios para a Copa... tudo a ser construído, (quase) tudo tem um potencial altamente positivo para o país (de empregos à melhora no bem estar e aumento do crescimento potencial, competitividade, etc), e, ainda assim, estamos há anos adiando os investimentos. Dilma vai precisar fazer mais do que anunciar sequências do PAC e inaugurar remendos da BR-101.
12 - Não cair na tentação do populismo quando as coisas não andarem bem
Um teste básico para saber se determinada atividade tem o acaso como fator preponderante é se perguntar se, deliberadamente, é possível conseguir o efeito contrário da intenção inicial. É impossível perder de propósito um jogo de roleta (100% acaso), mas é relativamente fácil entregar todas as fichas numa mesa de pôquer ou manipular o resultado de um jogo de futebol (o leitor pode pensar a respeito do mercado financeiro: a resposta intuitiva diria que eu poderia ser trocado por um chimpanzé jogando uma moeda para o alto no meu trabalho -- o que não é uma visão exatamente errada em parte do tempo). Em política econômica, as políticas "corretas" não garantem sucesso, mas a história está cheia de exemplos de economias que foram para o buraco quase exclusivamente por decisões de seus líderes -- a Venezuela atual é o exemplo mais fresco, e pelo caminho ficaram Argentina, Cuba, boa parte da África, a Europa comunista... Se o Brasil vai estar em 2014 melhor do que em 2010, vai depender muito do rumo que o mundo tomar, e é difícil imaginar um alinhamento de condições tão positivas para o Brasil quanto nos últimos oito anos. A missão da próxima equipe econômica é reconhecer isso e não fazer concessões imediatistas que ameacem a prosperidade do país por gerações. Primum non nocere.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
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4 comentários:
Parabéns pela série! MUITO BOA! Muita gente 'GRANDE' que escreve em veículo sério por aí não conseguiria..
Destaco especialmente, os itens 4 (ajuste fiscal), 6 (desindexação - não tinha me caído a ficha...), 8 (bndes e sua putaria), 11 (infra) e especialmente a 12 (populismo).
Gostei da ideia de testar o acaso pela intenção de seu contrário!
Abs
Gracias!
Preciso procurar onde li para dar o devido crédito... a ideia é ótima, mesmo.
There’s a simple and elegant test of whether there is skill in an activity: ask whether you can lose on purpose. If you can’t lose on purpose, or if it’s really hard, luck likely dominates that activity. If it’s easy to lose on purpose, skill is more important. (Untangling Skill and Luck - How to Think About Outcomes—Past, Present, and Future, Michael J. Mauboussin)
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