Agosto segue sendo o mês do desgosto para a bolsa brasileira - o Ibovespa caiu 3,5% no mês que terminou.P.S. Eu já sabia.
P.P.S. Com a informação, eu não teria vendido, obviamente.
P.P.S. O livro da capa ao lado é altamente recomendável.
Escritos (não muito sóbrios) sobre economia, mercado financeiro e afins.
Agosto segue sendo o mês do desgosto para a bolsa brasileira - o Ibovespa caiu 3,5% no mês que terminou.
Terminei há pouco o livrinho The Soros Lectures, que foi lançado este ano nos EUA para juntar cinco aulas que George Soros deu, em outubro do ano passado, na Central European University de Budapeste (fundada por ele próprio em 1991). Creio que essas aulas são o jeito mais fácil de acessar o pensamento abstrato de Soros, já que foram desenhadas para leigos e seus livros não são exatamente famosos pela facilidade de leitura e compreensão."... taking it for granted that all human behavior is guided by self-interest leaves no room for the exercise of moral judgment - and society cannot exist without some ethical precepts"
"Extending the idea of a free-standing market, self-governing and self-correcting, to the political sphere is highly deceptive because it removes ethical considerations from politics, which cannot properly function without them."
A Apple tem agendado para amanhã um "evento especial", que tem gerado páginas e mais páginas de especulações nos blogs geeks & afins. Para a turma do mercado financeiro, o interesse maior é saber se a empresa vai continuar com seu toque de Midas dos últimos anos, lançando produtos revolucionários (e os aperfeiçoando) em todos os segmentos em que atua. As ações da Apple atingiram seu nível mais alto na história em 18 de junho (perto do ponto onde, emblematicamente, ultrapassaram o valor de mercado da Microsoft), e têm andado de lado desde então.
Estava há um tempo para falar de um software que um amigo do trabalho me apresentou: o Mendeley Desktop, que é um organizador de metadata de trabalhos (papers) acadêmicos. O desenvolvedor compara seu produto ao iTunes, mas a informação sobre arquivos de música é algumas vezes mais padronizada do que a dos papers. De qualquer forma, vale experimentar: com um pouco de trabalho, dá para formar uma biblioteca de papers bem organizada e muito fácil de consultar.

"... o principal problema com muitos países, e o Brasil é um exemplo, é que, quando as coisas começam a parecer bem, eles se tornam arrogantes. Passam a acreditar num mundo de fantasia.Só porque o Brasil teve por um trimestre uma taxa de crescimento acima de 7%, o Brasil agora é a nova China e o Lula é um gênio das finanças, e todos os problemas anteriores não existem mais porque o Brasil é um país diferente."
Tinha falado do Marcos Lisboa no post sobre os programas de governo. O Mansueto Almeida recomenda a leitura do discurso que Lisboa pronunciou na cerimônia em que recebeu o prêmio de "Economista do Ano", pela Ordem dos Economistas do Brasil (é aquela mesma premiação que homenageou a Hebe Camargo, mas, relevemos, o que importa é o texto).
Respeito os cronistas (aqueles de última página do caderno de entretenimento do jornal, que fique entendido. E o Tostão, que poderia ter esse espaço, mas, por conveniência, fica no caderno de esportes). Primeiro, eles escrevem melhor que eu. Segundo, pintam retratos ou paisagens de um lugar e uma sociedade, numa determinada época. E, quando tratam de economia, o fazem sem os vícios dos "entendidos", chamando atenção para questões que, de tão importantes, fugiram do Valor Econômico e do comentário da Miriam Leitão.Havia 1 ditado para aqueles que viajavam para a Europa.Não faça a conversão para não entrar em depressão.
Com alta do Real, o dito mudou.
Faça a conversão e esconda o cartão.
É tudo tão mais barato…
Uma brilhante reflexão para fechar o verão do hemisfério norte:
O Brasil-sil-sil está quente na The Economist que saiu hoje:
Um dos editoriais do Financial Times de hoje tem como título "Brazilian fiscal lessons for Greece", e tenta comparar a situação atual da Grécia com a do Brasil em 2002, quando o companheiro Lula foi eleito. Para o autor, a Grécia deveria se inspirar no Brasil, que evitou um calote da dívida e adotou uma meta agressiva de ajuste fiscal. Não é bem por aí. Como o próprio artigo reconhece:Brazil had the benefit of selling into a strongly recovering world economy and rising commodity prices. Uncompetitive Greece, with low productivity and high unit costs, disastrously locked into the euro, is trying to sell into a stuttering global recovery.

Hoje a Bovespa comemora 120 anos de existência (23 de agosto de 1890 foi a data de fundação da Bolsa Livre, em São Paulo). O portal de economia e mercados do iG tem um infográfico muito bacana com alguns instantâneos dessa história (a foto ao lado é de lá).
O texto do Alexandre Marinis de hoje na Bloomberg (só em inglês, infelizmente, embora escrito por um brasileiro) resume bem as últimas indas e vindas do BNDES e suas possíveis implicações.
O Spiegel International traz uma ótima crônica da depressão que está tomando conta da economia da Grécia. Sinta o drama:"There's really no work for me here anymore," says one Albanian employee, who goes by the name Eleni in Greece. "Many others have already gone back to Albania, where it's not any worse than here. We'll see when I have to go too."
Stanley Druckenmiller, o braço direito de George Soros no famoso episódio de ataque à libra esterlina em 1992, resolveu hoje fechar seu fundo (Duquesne, US$ 12 bilhões em ativos) e encerrar uma carreira de 30 anos. Nesse tempo, Druckenmiller juntou uma fortuna de US$ 2,8 bilhões (segundo a Forbes) e tornou-se um dos investidores mais bem sucedidos e conhecidos do mundo.
A Lituânia em questão é a do caos pós-comunista, que fique claro:
"...most of those in finance really do have physics envy. They want to have the solid structure, the clean answers, and the sexy mathematical models of physics."

Eu ando cada vez mais desconfiado quanto à utilidade de se comparar países por rankings, mas esse trabalho da Newsweek é bem bacana, nem que seja só pelo jeito de mostrar a informação.