Ora, a guerra cambial não era uma tentativa de desvalorizar a própria moeda e colocar os vizinhos e parceiros comerciais em má situação? Na conveniência de Delfim, a lógica se inverteu: agora o Fed, ameaçando aumentar os juros, provoca desvalorização nas moedas dos emergentes (curiosamente, não no euro, libra, iene, etc). Não sabemos o que queremos, contra quem estamos lutando, de que lado estamos... mas estamos numa "guerra", e precisamos "lutar". A retórica é de propaganda de cerveja em época de Copa, e a tradição brasileira de tentar distribuir a culpa pelos próprios descaminhos econômicos tem um passado glorioso e um futuro promissor, como diria outro dos grandes tecnocratas da história do país.
Adiante, diz Delfim:
"O que os emergentes têm pela frente, portanto, não é um trilema. É um pobre dilema: impor controle à plena liberdade no movimento dos capitais ou entregar sua política monetária ao banco central americano, o Fed! Sua superação precisa de uma ordem internacional inteligente."
O Fed não é o maior BC do mundo desde anteontem, portanto, ou Delfim está certo, ou só é possível ter política monetária independente com controle de capitais (ignoremos os que têm conseguido fazê-lo). De novo, o inimigo está fora, é grande e não há nada que possamos fazer. Talvez a melhor solução seja mesmo alugar o Brasil (nós não vamo pagá nada, yeah).
3 comentários:
Tive a mesma impressao ao ler o artigo. O q me espanta nessa historia toda é como ainda se dá credito ao Delfim! O cara tem uma folha corrida das mais extensas, muito dos problemas economicos q hoje enfrentamos vem dos anos da Ditadura em q Delfim teve papel proeminente.
O Delfim é sinistro. Ele deve estar querendo fazer as pazes com o Mantega após algumas de suas últimas críticas. Quer ficar de bem.
Se havia guerra cambial então ela acabou e o Brasil vai poder finalmente crescer sem o peso da intervenção do FED?
Lutamos a "guerra cambial" com juros menores, regulamentação restringindo a entrada de dólares e conta corrente cada vez mais furada. Até aí tudo normal. Usamos outras armas também: inflação alta, governo gastando mais, governo estimulando consumo, evitamos lidar com o mercado de trabalho no limite e ignoramos a precariedade da infraestrutura embora fizemos belos estádios de futebol. No tabuleiro pós-guerra deveremos ver inflação ainda alta, fraqueza no mercado de trabalho, juros mais altos, custo de capital mais caro para infraestrutura e bens de capitais mais caros para indústria. E ainda teremos profundos dilemas nos preços administrados para um fiscal meio no limite.
Faz parte a velha doença mental brasileira que, desde o império, culpa os outros pela má governança interna e só pensa em soluções dirigistas... Delfim e suas ideias já causaram muito estrago ao país...
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