segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Esqueçamos a Grécia

O fim do jogo já chegou por lá. O título de dois anos da dívida grega opera a 65% ao ano; nenhum país desta galáxia consegue se sustentar a essas taxas, e quem compra os títulos já deve estar fazendo contas de haircut / desvalorização da moeda há tempos. Para a sobrevivência do euro, seria até melhor que os elos fracos voltassem às suas moedas, passado o choque, isso aumentaria a sobrevida da união monetária.

A questão agora é o que a Europa vai fazer com os seus bancos, muitos grandes demais para serem deixados à própria sorte. No twitter andei cuspindo alguns dados sobre os bancos franceses, que me parecem o caso mais gritante, aqui refino: somados, BNP Paribas, Société Générale e Crédit Agricole têm cerca de € 4,7 trilhões em ativos (que não diminuíram após a crise de 2008 - mais de 200% do PIB francês), com € 189 bilhões de patrimônio líquido. Basta um writedown de 4% dos ativos (que devem estar repletos de títulos soberanos marcados ao par, e isso é só a parte "nobre") para que todo o PL seja varrido. Outros países devem ter bancos na mesma situação. Enquanto os governos não bancarem uma capitalização minimamente realista, as ondas de pessimismo devem continuar.

Nada disso é novo, mas a situação parece mais urgente agora que ficou claro que a recuperação do mundo desenvolvido foi um voo de galinha e que a opção de "crescer para fora da dívida" parece otimista demais. Resta agora lidar com a realidade, o que não é exatamente uma situação apreciada por políticos.

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