quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Meu apoio (velado) ao Rio 2016

Eu sou um cético assumido. Reconheço todos os argumentos dos que são contra a realização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, e concordo com a maioria deles*. Vai ser um festival de corrupção, superfaturamentos, favorecimentos... enfim, tudo o que já está presente no dia-a-dia do país, em escala aumentada. Mas também sou um otimista com o Brasil. Acredito que o país vai dar mais um salto de desenvolvimento nos próximos anos, pelo menos no relativo com o resto do mundo, e meio que independentemente do que nossos políticos fizerem. Numa analogia geológica, as placas tectônicas estão se mexendo, e pouco importa o que está no caminho delas.

Essa premissa é um pouco frustrante, porque implica que o governo não precisa "melhorar" para que o país tenha sucesso. Pior ainda, possivelmente o sucesso será, em parte, atribuído a quem está no poder, por motivos totalmente errados (já vemos isso hoje -- vide a popularidade de Lula ou a aura de gênio que o presidente do banco central adquiriu). Será preciso muito tempo para que nossa classe política seja arejada. Assim funciona a democracia, o pior sistema de governo, exceto todos os outros.

É com essa visão um tanto conformista que torço pela realização dos Jogos Olímpicos no Brasil. Acho que, mesmo considerando os custos, não podemos deixar escapar essa oportunidade de acelerar o desenvolvimento do país -- este e seu povo são muito maiores que os políticos que os representam. Olimpíada traz desenvolvimento? Hoje o Valor cita um estudo feito pela FIA que calculou que cada dólar investido nos jogos geraria 4,26 dólares de produto para o país. Na mesma matéria, outros acadêmicos dizem que essa conta é exagerada, mas reconhecem que há um legado. Pensando apenas no Rio de Janeiro, creio que é a grande chance da cidade reverter uma decadência que vem desde que a capital do país foi transferida para Brasília.
A The Economist cita dois estudos: um corrobora a visão dos brasileiros, dizendo que os jogos podem acelerar o crescimento econômico de uma região no longo prazo -- o caso de maior sucesso é o de Barcelona, que sediou os jogos em 1992. Outro sugere que sediar uma Olimpíada é uma marca de reconhecimento, e que é mais o efeito da mudança do que uma causa. Assim, os jogos reconheceram a vitoria dos aliados na II Guerra em Londres-1948; a emergência da Austrália em Melbourne-1956; o milagre japonês em Tóquio-1964; a reconciliação da Alemanha com o mundo em Munique-1972; a guerra fria em Moscou-1980 e Los Angeles-1984; o fenômeno dos Tigres Asiáticos em Seul-1988; a União Européia em Barcelona-1992 e o "socialismo de mercado" chinês em Pequim-2008. Podem, agora, reconhecer que o tal futuro do "país do futuro" finalmente chegou. É para isso que torço. Força, Rio!
* Para esses ótimos argumentos, recomendo o Esporte Brasilis. Para fugir da seriedade do tema, vá na Olimpíada Tropical do blog do Marcelo Rubens Paiva.

3 comentários:

  1. never compromise?

    Meu lado sensato não apoia, simplesmente porque não acredito que os prós sejam maiores que os contras no caso do rio, ou melhor, do Brasil.

    ResponderExcluir