sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Tchau, 2013...

Dou por encerrado o ano aqui no blog. Ainda devo alguns posts referentes ao ano que está acabando, mas vão ficar pra volta. Como de costume, muitíssimo obrigado pela audiência e generosidade. Comam demais e bebam demais, a época é pra isso, mesmo.

A época das previsões

Enquanto os humanos trocam presentes e desejos de que as coisas melhorem no ano que está para começar, economistas, esses seres exóticos, tiram do armário seu estojo de ferramentas e dedicam-se a prever. Quanto vai crescer o PIB, qual vai ser a taxa de câmbio, os juros sobem ou caem, o que vai acontecer com a bolsa, quem vai ganhar as eleições… Para todas essas perguntas há uma resposta, mais ou menos embalada num pacote de método científico e sabedoria acumulada. Afinal de contas, se alguém tem como antecipar o que vai acontecer com variáveis econômicas, ninguém melhor que quem dedica a vida a estudá-las, certo?

O resto do texto está no Estadão.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Os filmes de 2013

Foi bem difícil acompanhar os lançamentos este ano, o que quer dizer que ficaram de fora da minha amostra um monte de filmes potencialmente bons, que ainda pretendo assistir (A Hijacking, Before Midnight, Drinking Buddies, Frances Ha, Hannah Arendt, Machete Kills, The Bling Ring, The Kings of Summer, Blue Jasmine, Azul É a Cor Mais Quente, Gravidade, Capitão Phillips, Metegol, Enough Said...). De qualquer jeito, aí vai o que gostei da produção recente, em ordem alfabética do título em Português:

Amor é Tudo o Que Você Precisa (Den skaldede frisør), Susanne Bier

Depois das pedradas Em um Mundo Melhor e Depois do Casamento, Bier vai relaxar na Itália e volta com essa comédia inteligente e pouco pretensiosa.

- A Caça (Jagten), Thomas Vinterberg

Acho que o melhor filme do ano, muito perturbador. Pra ficar pensando em crianças, verdade, reputação, amizade...

- A Datilógrafa (Populaire), Régis Roinsard

Uma comédia francesa com visual dos anos 1950 e que envolve um concurso de datilografia não pode ser ruim.

- A Família Flynn (Being Flynn), Paul Weitz

Todo mundo falou de De Niro em Silver Linings Playbook, mas este é o grande papel recente dele.

- Ferrugem e Ossos (De rouille et d'os), Jacques Audiard

Impressionante atuação de Marion Cotillard como uma treinadora de baleias que perde as pernas. A obra-prima de Audiard, porém, segue sendo o anterior O Profeta.

- Histórias que Contamos (Stories We Tell), Sarah Polley

A sensibilidade costumeira de Polley em versão autobiográfica.

- A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty), Kathryn Bigelow

Mais um filmaço da dupla Bigelow / Boal, deviam colocar eles pra tentar salvar Homeland.

- Marcados para Morrer (End of Watch), David Ayer

Filme de polícia sem glamour e romantização. Parabéns a quem deu o título em Português, que entrega o final.

- Nota de Rodapé (Hearat Shulayim), Joseph Cedar

As complicações de paternidade, judaismo e competição profissional, tudo junto e com humor fino.

- The Queen of Versailles, Lauren Greenfield

Pra entrar sob o verbete "alavancagem" em algum dicionário de cinema. Documentário muito interessante sobre os delírios do mercado americano antes do estouro da bolha.

- As Sessões (The Sessions), Ben Lewin

A mais nobre das profissões. Belíssima atuação de John Hawkes.

- O Som ao Redor, Kleber Mendonça Filho

Talvez não justifique plenamente o hype, mas, de forma sutil, fala muito mais sobre o Brasil de hoje do que outras obras mais pretensiosas.

- Spring Breakers: Garotas Perigosas (Spring Breakers), Harmony Korine

Só pelo delírio visual (podia ser também pelo papel de James Franco).

- Tese Sobre um Homicídio (Tesis sobre un homicidio), Hernán Goldfrid

Porque não podia faltar um argentino com Ricardo Darin na lista.

- As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower), Stephen Chbosky

Como aborrescente pode não ser chato (OK, exceção da exceção, mas deu um belo filme). Saudades bestas de, meses depois de ouvir pela primeira vez, descobrir o nome de uma música boa que estava tocando no rádio.

A Vida de Pi, (Life of Pi), Ang Lee

O uso mais bonito de 3D que já vi (não fosse por isso, acho que não estaria na lista).

- O Voo (Flight), Robert Zemeckis

Blockbuster divertidíssimo, não tem como não gostar se você for fascinado por aviões.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Retrospectiva Drunkeynesian 2013

Sim, começou aquela série de posts olhando em retrospectiva para o meu próprio umbigo:

- Janeiro começou com as tradicionais previsões para o ano (confiro na primeira semana do ano que vem, já podem ir rindo da vergonha de algumas barbaridades). Listei 10 coisas que não entendia (e sigo não entendendo) na política econômica do governo. Começou o baile que levei do Ibovespa no ano, assim como ficou claro que é difícil operar ações no Planeta Bizaro.

- Em Fevereiro, Adam Gopnik compartilhou um belíssimo insight sobre decisões que deve me acompanhar por bastante tempo. O sofrimento com o Ibovespa continuou e o PT lançou uma cartilha picareta sobre seus 10 anos no poder.

- David Bowie lançou um disco novo em Março, o primeiro em dez anos. Hugo Chávez morreu, lançando uma série de discussões sobre como a economia venezuelana andou nos anos em que ele esteve no poder. Consuelo Dieguez publicou, na piauí, uma ótima matéria sobre o etanol no Brasil. O monumental Getz/Gilberto completou 50 anos, assim como o primeiro single dos Beatles. Num final de semana, o Chipre resolveu dar um sustinho nos mercados, que passou incrivelmente rápido (o proverbial "muro de preocupações" ia sendo escalado com relativa facilidade).

- Fiz um estudozinho sobre capital e alavancagem de bancos em Abril, que depois foi aproveitado em uma discussão bacana da Bertelsmann Foundation. Começou (e terminou) a histeria com o preço do tomate. O BNDES completou 60 anos, maior do que nunca. Morreram Margaret Thatcher e o gigante Paulo Vanzolini, a academia pegou fogo com os erros de cálculo de Reinhart e Rogoff e o Banco Central passou a publicar uma série de preços de imóveis que vai ser muito útil no futuro (além de ter começado a subir a Selic).

- Dilma ganhou um presentão em Maio. Descobri o verdadeiro DNA de Janet Yellen, que já despontava como favorita para suceder Bernanke no Fed. Um astronauta fez o mundo se emocionar com uma música velha e o BC acelerou a alta de juros.

- Em Junho o Ibovespa já havia caído mais de 20% no acumlado do ano e as moedas de emergentes tomavam uma surra do poderoso dólar americano. Escrevi um dos textos que mais gostei na história deste blog; os protestos começaram a correr soltos pelo Brasil. Pol Antràs, de Harvard, montou uma lista bacana com seus 50 papers favoritos. Morreu Marc Rich, o cara que inventou o mercado internacional de petróleo.

- Julho começou sem o Google Reader e com o Império X entrando em coma terminal. A Jornada Mundial da Juventude aconteceu no Rio. Saiu o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil.

- Em Agosto mudei para os EUA, minha vida terminou de virar pelo avesso e o blog passou a ficar meio abandonado. O dólar fez a máxima no ano contra o real, devidamente sinalizada pela mídia.

- Em Setembro estreou a versão deste blog debaixo do portal do Estadão. Saez e Piketty atualizaram um trabalho importantíssimo sobre distribuição de renda nos EUA. Começou a aparecer a baixaria da NSA.

- Em Outubro a The Economist botou na capa o foguete Brasil perdendo o rumo, para o bem do nosso complexo de vira-lata.  Fama, Shiller e Hansen dividiram o Nobel, a arqueologia da internet achou essa aula de economia política pelo finado dr. Enéas e Eike Batista quebrou de vez.

- Novembro viu a tentativa de registro do primeiro ataque especulativo fiscal da história.  Na que deve ter sido a notícia mais importante do ano, a China anunciou que vai flexibilizar a política de filho único. Janet Yellen foi confirmada como próxima presidenta do Fed e a Selic retornou aos dois dígitos.

- O mundo perdeu um gigante em Dezembro. O Galo passou vergonha em Marrocos, o SPTV anuncia o que vai abrir e o que vai fechar no Natal e, bom, todo mundo deve estar festejando o fim de mais um ano e ninguém vai ler isso aqui (mais ainda devo minhas listas de filmes, livros, etc).

Feliz Natal, queridos leitores, continua sendo um prazer contar com vossa companhia virtual para cornetar sobre esse mundo esquisito ao nosso redor.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

1 ano de Abenomics

Há pouco mais de um ano, num domingo, milhares de corinthianos em Tóquio (este escriba entre eles) se preparavam para tomar um trem para Yokohama, ver seu time bater o Chelsea e conquistar o Mundial de Clubes. O outro campeão no Japão naquele dia foi Shinzo Abe, eleito novamente primeiro ministro do país com a promessa de tirar o país da estagnação que prevalece desde o estouro das bolhas de ações e imobiliária, em 1990. Na semana seguinte, o índice Nikkei 225 subiu 2%, começando uma impressionante escalada de (até agora) mais de 60%.
O resto do texto está no Estadão.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Sr. Dinheiro e o negócio de entretenimento

Hoje (escrevo em 18 de Dezembro) fiquei sabendo da existência do Sr. Dinheiro, personagem criado, aparentemente, pelo "Fantástico" da TV Globo em cima de Luis Carlos Ewald. O Sr. Dinheiro ganha para ensinar finanças na FGV do Rio e prestar assessoria financeira. Hoje ele concedeu uma entrevista ao portal InfoMoney dizendo que há uma bolha imobiliária no Brasil que vai estourar "no primeiro semestre de 2014". A entrevista não fala como ele precisou tão bem o timing. Se tem um modelo para isso, é forte candidato ao Nobel nos próximos anos.

Assumindo que, de fato, haja uma bolha no mercado imobiliário brasileiro, o que garante que ela vai estourar nos próximos seis meses, ou seis anos? Nada. Se é fato consumado que toda bolha estoura (ver a pesquisa da GMO sobre o assunto, a mais completa que conheço), também é mais ou menos estabelecido que bolhas podem ser incrivelmente resilientes. As perdas amargadas por muitos grandes investidores que tentaram ir contra bolhas, de Julian Robertson a George Soros, passando pela própria GMO, parecem confirmar a frase (aparentemente apócrifa) atribuída a Keynes: o mercado pode permanecer irracional por mais tempo do que você pode permanecer solvente.

Ewald, porém, não deve ter problemas de solvência (ou pode ser mais esperto que Robertson, Soros, Jeremy Grantham ou o próprio Keynes). Ele e outros consultores financeiros não vivem de acertar ou errar: vivem de colocar o nome nas manchetes, fazendo previsões "ousadas" e "bombásticas". Em seis meses, se errar, ninguém mais vai se lembrar e ele pode continuar cobrando por aulas e consultoria; se acertar, vira guru. Baixíssimo risco, alto retorno potencial: esse é o melhor investimento que o Sr. Dinheiro poderia recomendar.

O problema aqui é como reputações no mercado financeiro são construídas e destruídas. O assunto merece um estudo mais cuidadoso, mas arrisco alguns palpites: é uma área que lida com variáveis complexas, com um componente brutal de incerteza, onde o sucesso é difícil de ser mensurado ao longo do tempo, e povoada por um nível monumental de ignorância. Isso gera um grande problema de seleção: como saber escolher um bom profissional se (i) o nível de conhecimento geral sobre o assunto é baixo e qualquer um que fala besteiras com convicção pode se passar por expert; (ii) mesmo os verdadeiros experts sofrem para entregar resultados (e estes são os que, sabendo da incerteza, cercam de cautela suas opiniões e frequentemente são vistos como "fracos" ou "pouco arrojados"); (iii) os resultados mais visíveis são os de poucos meses - para períodos mais curtos, o peso da incerteza é ainda maior, e anos de bom trabalho são facilmente esquecidos após um semestre de performance fraca. Aqui, de novo, o grande Keynes: "é melhor para a reputação falhar de forma convencional do que ter sucesso de forma não convencional".

Aqui, a analogia com o futebol e seus inúmeros comentaristas é quase perfeita: o assunto, complexo, é parte importante da vida de milhões; há um corpo de conhecimento sobre o assunto, dominado por poucos; o conhecimento implica reconhecer que grande parte do jogo é determinada por fatores que não podem ser explicados; quem reconhece isso não chama a atenção devida e quem ganham os holofotes são os que gritam mais alto, usam metáforas mais coloridas ou criam mais polêmicas. Tostão escreveu hoje, na Folha, que, caso o Atlético Mineiro passasse do Raja Casablanca, podia tanto ser goleado pelo Bayern ou ganhar a final do Mundial de Clubes. Isso pode parecer óbvio, mas embute grande dose de humildade, conhecimento e sabedoria. Coloquem ele em um canal da TV dizendo isso e no outro o Craque Neto dizendo que o Galo é favorito, que esses times da Europa não são tudo isso, etc, e vejamos quem atrai mais audiência. Em resumo, ambos os negócios remuneram mais entretenimento e menos conhecimento. Ao menos no futebol raramente se coloca em risco o dinheiro da aposentadoria.

O post já está longo demais e ainda nem cheguei ao que mais me deixou doente na entrevista do professor. Cito:

Ainda segundo o Sr. Dinheiro, quando o mercado imobiliário desaba, a bolsa de valores (e o mercado acionário como um todo) melhora muito. “Essa bolha que vai estourar no ano que vem vai criar uma ótima oportunidade para os investidores do mercado de renda variável, afinal, o desempenho de ambos são inversamente proporcionais”, finalizou.

Entre 2007 e 2008, o preço de imóveis nos EUA, medido por um índice criado pelo professor de Yale que ganhou o Nobel este ano e o Sr. Dinheiro orgulhosamente citou como referência para suas previsões, caiu pouco mais de 25%. As açoes americanas, medidas pelo S&P 500, perderam mais de um terço do seu valor. O mesmo aconteceu em inúmeros outros países onde o mercado imobiliário colapsou. A crise que se arrasta até hoje é das maiores da história do capitalismo, mas não é evidência suficiente para o Sr. Dinheiro, que prefere sacar uma teoria estapafúrdia para empurrar incautos para o mercado de ações.

Uma das frases que Nassim Taleb gosta de repetir (acho que está no Antifragile, se bobear é emprestada de algum grego): se você vê uma fraude e não grita "fraude", você é uma fraude. O Sr. Dinheiro é uma fraude. Espero ter coragem e isenção para apontar outras ao longo da vida.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Como ganhar na loteria

Lembrei do nosso João Alves lendo isso no Why Nations Fail:

It was January 2000 in Harare, Zimbabwe. Master of Ceremonies Fallot Chawawa was in charge of drawing the winning ticket for the national lottery organized by a partly state-owned bank, the Zimbabwe Banking Corporation (Zimbank). The lottery was open to all clients who had kept five thousand or more Zimbabwe dollars in their accounts during December 1999. When Chawawa drew the ticket, he was dumbfounded. As the public statement of Zimbank put it, "Master of Ceremonies FAllot Chawawa could hardly believe his eyes ehn the ticket drawn for the Z$100,000 prize was handed to him and he saw His Excellency RG Mugabe written on it."


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Temporada de caça aos ursos

2013 não está terminando bem para os pessimistas com os mercados de ações dos Estados Unidos. O índice S&P 500 deve terminar o ano perto dos 1800 pontos, tendo subido cerca de 25% com relação ao nível do final de 2012. A expectativa média das projeções que 14 grandes instituições apresentaram há um ano a seus clientes era 1534 pontos, mais de 17% abaixo de onde o mercado se encontra. O mais otimista entre esses (usualmente exageradamente otimistas) analistas esperava alta de pouco mais de 12%. Os pessimistas foram atropelados, mesmo com um cenário econômico pior do que se imaginava: em dezembro do ano passado, o Fed acreditava que o PIB americano cresceria, em 2013, entre 2,3% e 3,0%. O crescimento efetivo dificilmente passará de 2,0%.

O resto do texto está no Estadão.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Frases do Dia - África e rent seeking (deve valer pra América Latina, também)

Rent seeking in our [African] economies is not a more or less important phenomenon, as would be the case in most economies. It is the centerpiece of our economies. It is what defines and characterizes our economic life.

H.E. Prime Minister Meles Zenawi of Ethiopia, September 5, 2000. Tirada deste (ótimo) paper de Lant Pritchett sobre a (ausência de) retornos da educação para o crescimento.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Globalização e tecnologia, 1919 e 2009

Keynes, no clássico The Economic Consequences of the Peace:

"What an extraordinary episode in the economic progress of man that age was which came to an end in August, 1914. The inhabitant of London could order by telephone, sipping his morning tea in bed, the various products of the whole earth, in such quantity as he might see fit, and reasonably expect their early delivery upon his doorstep; he could at the same moment and by the same means adventure his wealth in the natural resources and new enterprises of any quarter of the world, and share, without exertion or trouble, in their prospective fruits and advantages; or he could decide to couple the security of his fortunes with the good faith of the townspeople of any substantial municipality in any continent that fancy or information might recommend. He could secure, forthwith, if he wished it, cheap and comfortable means of transit to any country or climate without passport or other formality, could dispatch his servant to the neighboring office of a bank for such supply of the precious metals as might seem convenient, and could then proceed abroad to foreign quarters, without knowledge of their religion, language, or customs, bearing coined wealth upon his person, and would consider himself greatly aggrieved and much surprised at the least
interference.”

Jess Walter (já tinha citado ele aqui), em The Financial Lives of the Poets, talvez o melhor livro que li este ano (pode ser também o viés por ter ficado tanto tempo sem conseguir terminar um romance):

So I make one phone call, and just like that, we're eating pizza at 6:30. What is this world? You tap seven abstract figures onto a piece of plastic thin as a billfold, hold that plastic device to your head, use your lungs and vocal cords to indicate more abstractions, and in thirty minutes, a guy pulls up in a 2,000-pound machine made on an island on the other side of the world, fueled by viscous liquid made from the rotting corpses of dead organisms pulled from the desert on yet another side of the world and you give this man a few sheets of green paper representing the abstract wealth of your home nation, and he gives you a perfectly reasonable fac-simile of one of the staples of the diet of a people from yet another faraway nation. 
And the mushrooms are fresh.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Som da Sexta - Melissa Aldana

Saxofonista chilena que completou 25 anos anteontem. Se o jazz morreu, esqueceram de avisá-la.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Mandela

"I have fought against white domination, and I have fought against black domination. I have cherished the ideal of a democratic and free society in which all persons live together in harmony and with equal opportunities. It is an ideal which I hope to live for and to achieve. But if needs be, it is an ideal for which I am prepared to die."

(fonte)

O crescimento do PIB além do curto prazo

Comentar cada leitura trimestral do PIB parece-me uma atividade mais estéril do que debater o desempenho do time preferido na rodada passada do campeonato. Enquanto os resultados de esportes são facilmente interpretáveis e raramente sujeitos a mudanças, o PIB é uma estimativa estatística complexa (pior: complexa vestida da simplicidade com que o crescimento é usualmente reportado) e longe de ser definitiva. Não necessariamente a última informação disponível é a melhor, revisões são frequentes e o número final nem sempre se parece com a estimativa divulgada na data marcada (claro que as revisões merecem muito menos destaque entre os comentaristas habituais).

O resto do texto está no Estadão.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

As últimas leituras do ano..

... já que semana que vem começam minhas provas e não deve sobrar tempo pra diletantismo:

- McKinsey sobre os efeitos dos juros muitos baixos no mundo na distribuição.

- Stiglitz descendo a lenha na política de subsídio agrícolas dos EUA.

- O último Journal of Economic Perspectives sobre os 100 anos do Fed, com textos de Bernanke, Eichengreen, Feldstein, Sandel...

- Na visão (bem mercantilista) de Dani Rodrik, os verdadeiros heróis da economia global são: Áustria, Canadá, Filipinas, Lesoto e Uruguai.

- Robert Solow sobre crescimento igualitário.

- Teoria dos jogos aplicada a jantares.

- Coletânea de gráficos bacanas sobre as megacidades do mundo.

- Pankaj Mishra dá seus pitacos sobre o arranca-rabo entre Amartya Sen e Jagdish Bhagwati.

- Esporte e crescimento com redistribuição.

- A Irlanda está destruindo projetos residenciais abandonados.

- A América Latina enriqueceu e diminuiu desigualdade, mas o crime nunca foi tão alto.

- Tim Harford sobre renda mínima universal. A Suíça vai votar um pagamento mensal de 2.500 francos para cada adulto.

- O megatorneio de previsões de Philip Tetlock e Dan Gardner.

- Mangabeira Unger no BBC Hardtalk.

- Philip Roth x Bertrand Russell.

- John Gray esculachando Malcolm Gladwell.

- Os muros do mundo no Guardian.

- Já é aquela época do ano, de novo: as listas de melhores livros do ano do New York Times e do Financial Times.

- Os cinco melhores ensaios de George Orwell.

- A viagem de ônibus de 96 horas e 5.800 quilômetros (mesma distância de Nova York a Ocotal, Nicarágua) entre São Paulo e Lima.

- Se os times da NFL fossem para o futebol europeu...

- Forte candidata a foto do ano.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Fora FMI!

Do portfólio do grande Henfil que a piauí publicou no mês passado. Espero que alguma editora se meta logo a fazer uma compilação bacanona da obra dele.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Frases do Dia - vivendo em tempos de bolha imobiliária

I wonder if a house has ever represented as much as it does now, for people like Lisa and me. It has been the full measure and symbol of our wealth and security over the last few years; every cent we threw into it and every cent we took out, seemed so smart, like such a good bet. Every time we got ahead, we borrowed against the thing to remodel, and every time we remodeled the thing we congratulated ourselves of our wisdom, and every time we saw a house go up for sale on our block (They're asking three-eighty-five and it's half the size!) we became like derivative-crazed brokers; we stopped thinking of the value of our home as a place of shelter and occupancy and family-or even as the aesthetic triumph witnessed from our alley-but as a kind of faith equation, theoretical construct, mechanism of wealth-generation, salvation function on a calculator, its value no longer what it's worth but some compounded value that might exist given the continued upward tick of the market, because this was the only direction housing markets could ever go: up. All the geniuses said so. If housing had survived the dump of the technology bubble and the brief realization after 7/11 that we weren't alone in the scary, scary world, then what could possibly stop its march? In eighty years, the geniuses told us, actual housing values had only fallen once. One time in eighty years? I can still close my over-leveraged eyes and hear two decades of such party talk: real estate is the only safe bet; real estate can only go up; they aren't making any more real estate. 

Do ótimo The Financial Lives of Poets, de Jess Walter.